Our World is Ended é uma visual novel desenvolvida pela RED Entertainment (Record of Agarest War, Sakura Wars: So Long, My Love) e publicada no Ocidente pela PQube (Steins;Gate, Root Letter). O que era para ser uma combinação perfeita para fãs do gênero acabou resultando numa decepção, então continue lendo esta análise para entender todos os problemas por trás desse jogo.
De início, o maior ponto para saber antes de comprar o jogo é que esta versão sendo publicada no Ocidente é a versão base originalmente lançada para o PlayStation Vita no Japão. O lançamento ocidental não contém nada do conteúdo adicional (30% a mais de história) incluído na nova versão do jogo publicada pela 5pb no Japão há dois meses. Ou seja, antes mesmo do lançamento ocidental, temos uma versão “ultrapassada” do jogo em mãos.
Quanto ao jogo em si, ele segue a história de Reiji, um jovem estudante que começa a trabalhar numa desenvolvedora de jogos durante o verão chamada Judgement7 e se junta à essa equipe cheia de grandes e excêntricas personalidades. Testando uma nova tecnologia de realidade artificial depois de terminar o desenvolvimento de um jogo com a equipe, Reiji e sua equipe descobrem um novo mundo virtual que abriga vários mistérios que podem ameaçar até o mundo real.
A premissa do jogo é bastante interessante analisada num vácuo, mas a sua execução na prática deixa muito a desejar. O jogo coloca os personagens em situação de vida ou morte várias vezes, porém ninguém leva a sério e a história acaba protegendo todos sem que nada de ruim aconteça de fato. O final do jogo, além de extremamente previsível desde o começo, não tem peso de tão inconsequente é para os capítulos que antecedem.
Os personagens da Judgement7 são todos estereótipos de “párias” da sociedade. Temos um líder extremamente pervertido, uma lolita gótica, um cara que vive no seu mundo das fantasias, uma colegial com grandes peitos e poucos neurônios, sua irmã que além de gostar de menininhos, também é frustrada com o tamanho dos seus peitos, uma garotinha russa com o intelecto avançadíssimo porém mais infantil que a sua idade, e por fim, o protagonista sem qualquer traço de personalidade.
Talvez se os desenvolvedores pegassem esses estereótipos e o subvertessem, mostrando que o líder é pervertido por causa de alguma experiência que passou, o cara do mundo das fantasias vive dessa maneira por conta de algum trauma ou a colegial agisse como cabeça oca para enganar as pessoas ao seu redor, o jogo fosse mais interessante. Mas não. Os personagens agem unicamente dentro desse único atributo que o jogo os confere, ligados no 220.
Inclusive, fruto do meio em que foi produzido e sem um cuidado da publisher ao trazer o jogo ao Ocidente, é possível encontrar várias cenas ofensivas no jogo, principalmente homofóbicas e sexistas. Após enviar algumas dessas cenas para a PQube, particularmente as cenas de cunho homofóbico, a empresa se comprometeu a tomar uma atitude o mais rápido possível, mas isso mostra que houve falta de cuidado com o jogo. Aliás, falta de cuidado também marca um dos grandes defeitos desse lançamento.
O jogo contém muitos, mas muitos erros de digitação. Tendo jogado várias visual novels na vida, gênero que contém muito texto e costuma ter alguns erros no meio do caminho por conta do tamanho, principalmente de empresas pequenas que decidem traduzir esses jogos para o Ocidente, Our World is Ended bate todos os recordes que já encontrei. A quantidade é tão absurda, tanto de erros de digitação como de conjugação e gramática, que existem linhas de diálogo com dois, três erros na mesma frase.
A arte do jogo talvez seja o único ponto positivo de todo o conjunto. Ela é bem distinta e com traços que você não encontra em outros jogos facilmente. A trilha sonora, apesar de genérica, faz o seu trabalho quando precisa e não deixa a desejar nas cenas mais “impactantes” por assim dizer. O jogo possui suporte para idiomas inglês e japonês, com a dublagem disponível apenas em japonês.
O saldo do jogo, após levar em conta todos os aspectos envolvidos, acaba sendo negativo. Depois da primeira playthrough durar cerca de 30 horas e possuir vários outros finais, é possível dizer que, por sorte, vivemos numa era em que temos tantas, mas tantas opções de jogos nesse gênero, que Our World is Ended não deve ser cogitado, ainda mais pelo valor cheio que a empresa está cobrando.
Jogo analisado com código fornecido pela PQube.
Veredito
Vazio, genérico e até mesmo ofensivo, Our World is Ended erra, peca e insulta o seu tempo e dinheiro como jogador. Bom, pelo menos ele é bonito.
Veredict
Empty, generic and even offensive, Our World is Ended misses the mark and wastes your time and money as a gamer. Well, at least it’s pretty.