No campo de desenvolvimento de jogos no Brasil, a JoyMasher é conhecida por ser uma especialista em jogos retrô e uma das desenvolvedoras que resgata, com sucesso, o gameplay da era 8 e 16 Bits. Seja com Oniken, Odallus ou Blazing Chrome, é claramente perceptível o “DNA” de clássicos como Contra, Castlevania ou Ninja Gaiden nos jogos da empresa.
Fruto de uma campanha de arrecadação pela plataforma Indiegogo, Odallus: The Dark Call é mais um projeto que existe graças ao financiamento coletivo. A JoyMasher lançou o game em 2015 para PC e somente agora o port chega ao PlayStation 4. É uma versão praticamente impecável, com alguns pequenos bugs, contando com suporte para troféus (inclusive platina).
Odallus imita a estética de jogos antigos, com pixel art similar a de um jogo do NES, mas revigora uma fórmula já batida trazendo novos contornos ao gameplay. Trata-se de um jogo de ação e aventura 2D, com intensa exploração, puzzles e muitos confrontos. Vale ressaltar que, embora apresente uma estrutura de divisão por fases com início e fim bem delimitados, Odallus não é nem um pouco linear.
O game da JoyMasher possui um mapa central onde é feita a seleção das fases. Logo de cara é possível notar rotas secretas para cada estágio e dentro dos cenário existem rotas alternativas que guardam itens e upgrades muito úteis à jornada. Alguns power-ups são imprescindíveis ao progresso da campanha, como o bracelete ou pulo duplo, permitindo que o protagonista Haggis acesse novas áreas com o decorrer do tempo.
Outros itens são opcionais, como armaduras e espadas, no entanto, devem ser buscados por representarem uma grande ajuda nas batalhas contra os chefes mais complicados. Há também armas de suporte, similares às existentes em Castlevania, que possuem uso limitado. São encontradas de maneira abundante nas fases, mas também podem ser compradas nas tendas de um mercante – figura esta que também comercializa vidas e itens de cura.
Todo estágio possui pelo menos um chefe, além de frequentemente contarem com sub-chefes. O desafio é razoável na dificuldade normal e é a dificuldade recomendada para os iniciantes. Para os familiarizados com a dificuldade da era NES, há a opção de escolher um desafio maior.
Os combates são básicos mas funcionam bem, é uma pena que algumas habilidades mais avançadas são destravadas apenas nas etapas finais do jogo. Se Odallus algum dia receber uma sequência, seria interessante ter o dash e o poder das sub-weapons disponíveis logo no início e trazer um design de combate feito em torno desses artifícios.
Uma significativa parte do charme de Odallus vem de suas elegantes cutscenes em pixelart. A saga de Haggis é contada, embora com algumas lacunas, principalmente por meio deste recurso. Lembra bastante a apresentação vista em Ninja Gaiden do NES. Além de tal técnica visual, existem runas que complementam o lore do jogo por meio de textos, fazendo referência a história da humanidade e seu envolvimento com os novos e velhos Deuses.
Ainda que demonstre muita qualidade em diversos aspectos, Odallus peca por sua limitada longevidade. A campanha não é duradoura, contando com poucas fases e sem muitos motivos para dar um “replay”. Em pouco menos de 10 horas é possível completar a campanha com 100% dos itens.
Além da efêmera jornada, o posicionamento da HUD é outro aspecto que as vezes pode ser incômodo. É lamentável que não exista uma opção de limpar a tela, eliminando as interfaces que ficam nas laterais. O filtro de scanline também não é dos melhores, distorcendo a imagem de forma agressiva, felizmente é possível desligá-lo.
As músicas nem sempre agradam, especialmente pelo fato de algumas terem um ciclo curto e cansarem pela repetitividade. Também é estranha a omissão de legendas em português para essa versão, tendo em vista que se trata de um jogo brasileiro e com suporte ao idioma na versão para computador.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela produtora.
Veredito
Odallus: The Dark Call proporciona uma experiência retrô tão satisfatória quanto outros produtos nostálgicos disponíveis no mercado, como Shovel Knight ou The Messenger. Ainda que breve, é uma ótima fonte de entretenimento e outra demonstração do potencial brasileiro no ramo de desenvolvimento de jogos eletrônicos.
Veredict
Odallus: The Dark Call provides a satisfying retro experience comparable to other great nostalgic products, such as Shovel Knight or The Messenger. Although brief, it is very entertaining and another demonstration of Brazil’s potential in game development.