Análise – Jagged Alliance: Rage!

Um dos pontos que mais tem chamado a atenção desde o início da expansão da Nordic Games em 2013 com a aquisição do que restava da THQ e posterior transformação na atual THQ Nordic é a quantidade de propriedades intelectuais que a publisher vem adquirindo nesses últimos 06 anos. Uma dessas aquisições foi a série Jagged Alliance, franquia historicamente associada com PC e uma das mais longevas séries de estratégia por turnos de que se tem notícia. Jagged Alliance: Rage! é o primeiro lançamento original da série (excluindo-se remakes e ports) em mais de uma década e há vários motivos para questionar se a série não deveria ter ficado no passado.

Algo que chama a atenção logo de cara em JA:R é a enorme quantidade de problemas técnicos que o jogo possui. Desde a primeira tela, ele deixa bem claro que jogar será uma tarefa árdua, com longos momentos com o jogo carregando. Isso não seria um problema se ele não passasse tanto tempo carregando logo no começo e fizesse isso novamente a cada nova tela, mesmo que você passe poucos momentos nela (com a bela adição de ser necessário confirmar antes de passar para a próxima tela após o loading). Isso lembra um pouco a estrutura de um jogo feito para plataformas mobile, mas, mesmo que fosse, seria ruim ainda assim.

Isso seria “perdoável” se a performance do jogo não fosse sofrível, com framerate tão ruim que se torna um problema em um jogo de estratégia por turnos, controles pouco responsivos e que tornam atos simples como escolher o quadrante para o qual você irá se mover, escolher uma ação ou acessar o menu e usar um item mais difíceis do que deveriam. Além disso, o jogo possui gráficos sofríveis e um visual que parece mais saído de um jogo de PlayStation 2 remasterizado do que um jogo feito direto para o PlayStation 4, mesmo que exista uma considerável variação nos mapas e a ambientação em uma ilha tropical pudesse ter rendido belos cenários.

Jagged Alliance: Rage!

Pode ser estranho falar logo de cara sobre a parte técnica do jogo, mas isso se dá por ela não só atrapalhar os (pouquíssimos) pontos positivos do jogo, como acaba desviando a atenção dos negativos. Como mencionado, Jagged Alliance: Rage! é um jogo de estratégia por turnos que segue uma estrutura geral que é familiar para qualquer um que já tenha tido contato com o gênero. Você escolhe dois mercenários logo no começo do jogo e os controla por uma série de mapas com objetivos variados, movimentando-os em áreas divididas em quadrantes e escolhendo suas ações de um menu.

As diferenças que Jagged Alliance possui, entretanto, são as suas principais qualidades. A história é sobre dois mercenários contratados derrubar o tirano que controla uma ilha, mas que acabam sendo capturados, conseguem fugir e precisam trabalhar em conjunto para sobreviver, enquanto ajuda a população local e cumprir o contrato. Por causa dessa captura e subsequente fuga, você quase sempre estará lutando como a parte mais vulnerável em toda situação, precisando sempre vasculhar prédios e os corpos de inimigos abatidos para coletar recursos e abusar do stealth para limpar os mapas da forma mais discreta possível.

Coletar recursos não se limita a armas e granadas, já que existem diversos sistemas de sobrevivência no jogo e administrá-los é um dos seus pontos mais divertidos. Você precisa estar sempre de olho em mantimentos e itens de primeiros socorros, já que o jogo te força a monitorar status como a sede do personagem, eventuais sangramentos precisam ser estancados e balas alojadas precisam ser retiradas (e uma outra série de pequenas situações), sempre verificando se o item que se utilizará para tratar daquela situação está apta ao uso ou se possui alguma contaminação que pode lhe envenenar.

Jagged Alliance: Rage!

Adicione a isso que entre os mapas os personagens não recuperam energia, sendo necessário decidir entre se recuperar e tratar ferimentos ou seguir em frente e evitar que os inimigos se preparem para você, se tornando essa administração um dos maiores desafios do jogo. Não prestar atenção a estes aspectos podem lhe fazer ter sua energia ou movimentação reduzidos ou causar um dano contínuo, algo que transforma sua situação em algo ainda mais precária e aumenta o desafio do jogo (que já é alto) em algo maior ainda.

Essas situações influenciam não só nos seus pontos de vida, mas na efetividade das suas ações. Cada personagem possui uma quantidade determinada de pontos de ação que são gastos para se movimentar e realizar diferentes ações. Você pode gastar todos eles se movimentando e atacar apenas uma vez, se movimentar menos e atacar várias vezes ou, ainda, concentrar e gastar mais pontos de ação para ter maior precisão nos tiros. Isso se torna mais importante porque é necessário escolher em que parte do corpo você vai atirar (pernas, tórax ou cabeça), com variação no dano e efeito que cada tiro tem (um tiro na cabeça causa mais dano, mas atirar na perna causa mais sangramento e pode reduzir o movimento).

Em combate, a grande novidade de Jagged Alliance: Rage! é justamente o sistema que lhe dá nome. O sistema de Rage se refere a um medidor de vários que vai sendo preenchido à medida que o personagem causa ou sofre dano. Cada um dos personagens possui um Rage distinto que pode ser utilizado para realizar determinadas ações especiais (como um ataque com 100% de chance de acerto) ou agir como um boost que lhe permite alcançar distâncias maiores gastando menos AP e lhe torna mais resistente ao dano, sendo mais um sistema necessário monitorar.

Jagged Alliance: Rage!

Tudo isso é o que o jogo tem de melhor a oferecer e de mais “profundo” (já que por mais sistemas que o jogo possua, ainda é tudo bem superficial). O roteiro do jogo em si é bastante fraco, com personagens genéricos e bobos, uma narrativa entediante e que, em momento algum, lhe dá algum motivo para querer ver o seu desenvolvimento até o final e falha em quase todas as vezes em que tenta aumentar a importância dos momentos ou incluir momentos de humor na história.

Tudo parece saído de um filme de ação ruim, mas não ruim o suficiente para se tornar algo divertido pela sua galhofa e mesmo a fraquíssima dublagem é apenas isso… Fraca. Mesmo as tentativas de incluir uma narrativa variada com diferentes opções falham e são meras tentativas vazias de acrescentar um fator replay ao jogo (que só existe se você quiser experimentar o jogo com mercenários diferentes, os quais realmente proporcionam experiências variadas).

Jagged Alliance: Rage é um jogo difícil de se recomendar. Por mais que seja possível ter alguma diversão com ele, conseguir isso precisa de muita disposição e será para poucos, já que além de ser necessário ter paciência com a performance ruim, gráficos fracos e dublagem sofrível, o que o jogo possui de bom, além de ser superficial, não chega nem perto de ser suficiente para suprir tudo o que não é.

Jagged Alliance: Rage!

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela THQ Nordic.

Veredito

Existem poucos pontos positivos para se tirar de Jagged Alliance: Rage e o pouco que o jogo oferece é prejudicado pelos sérios problemas de performance que o jogo possui, tornando-o um jogo que a maioria deve evitar.

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Jagged Alliance: Rage!

Fabricante: HandyGames

Plataforma: ps4

Gênero: Estratégia

Distribuidora: THQ Nordic

Lançamento: 06/12/2018

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

There are few positive aspects one can take from Jagged Alliance: Rage and the few that the game offers are obliterated by its critical performance issues, making it a game most players should avoid.