Análise – F1 2018

Em F1 2018, a Codemasters segue a filosofia de que em time que está ganhando não se mexe, ainda mais quando a versão anterior, F1 2017, já trouxe uma boa evolução em relação ao 2016 e foi um grande sucesso.

Ainda assim, como em outros títulos anuais, a Codemasters tem o desafio de melhorar e justificar o novo investimento. As promessas foram feitas e geraram uma boa expectativa, mas será que conseguiram? Vamos conferir isso agora.

Não há novidades em relação a modos de jogo, mas a Codemasters trabalhou, e trabalhou bem, para melhorar os dois principais: o Multiplayer e o Modo Carreira. Dois modos que realmente podem nos fazer ficar boas e longas horas dedicados ao game.

Apesar de ser possível disputar um campeonato completo no modo Campeonatos, é no modo Carreira que podemos sentir (ou pelo menos fingir) que somos verdadeiros pilotos ou até mesmo astros do mundo da Fórmula 1. Principalmente se o seu nome está disponível na lista de áudio. Isso não significa muita coisa, mas é muito bom ouvir na narração, “na Pole Position, Fulano” (por sorte, meu nome – Siqueira – é um dos disponíveis).

E para ampliar ainda mais a sensação de imersão, uma das novidades deste ano foi a adição de diversos diálogos que rolam nos bastidores. Agora, os pilotos respondem a entrevistas nos finais de semana de prova e as respostas dadas podem influenciar no relacionamento com a equipe e também no desenrolar da carreira.

O piloto pode construir para si uma imagem de mais competitivo ou até mesmo polêmico com as respostas e com isso atrair propostas de equipes específicas. Aliás, propostas e negociações ocorrem quatro vezes por temporada, mas cuidado com as respostas: se cobrar demais ou culpar a equipe, não espere deles um bom resultado na evolução do carro.

A evolução do carro é um dos pontos interessantes do modo Carreira. As opções são várias e é possível seguir por diversas linhas de evolução, potência, estabilidade, durabilidade ou todas ao mesmo tempo. Não existe estratégia ideal, podendo variar muito de equipe para equipe e também pelo estilo de pilotagem de cada um.

Mas os diálogos, as entrevistas ou até mesmo os vídeos no paddock ainda são relativamente superficiais e estão longe do potencial que podem alcançar. A Codemasters, no entanto, está no caminho certo. E para aqueles jogadores que só se importam com estar na pista e acelerar, podem ficar tranquilos: esse envolvimento extra é rápido e não chega a incomodar.

Outro modo de jogo importante e que sempre foi um ponto de questionamento da Codemasters é o Multiplayer. Desde a versão passada, e acredito que motivado muito pelo fato da F1 ter entrado de vez no mundo do eSports, a qualidade das partidas online melhorou muito.

Os testes realizados para esta análise não apresentaram problemas de lag. No entanto, vale ressaltar que jogamos antes do lançamento oficial do jogo e com poucos competidores online, o que significa que não foi possível disputar muitas corridas.

No modo online é possível escolher entre três opções de jogo: Campeonato Online, Sem Classificação e Classificada. O destaque fica para as corridas classificadas, no qual o piloto soma pontos para classificação de habilidade e de segurança, aumentando as chances de disputar corridas com jogadores de nível semelhante e que joguem limpo.

No fim do dia, o que realmente importa é a diversão e essa está garantida para todos os níveis de jogadores, seja para os iniciantes ou até para aqueles que procuram algo mais próximo à simulação.

Quase todos os aspectos do jogo são possíveis personalizar de acordo com o nível do jogador. Por exemplo, ajudas de frenagem, tração, câmbio, assistência nos boxes, rigor nas punições, quebras, estratégias e o nível dos pilotos da I.A. (provavelmente estou esquecendo de algumas personalizações de nível).

Antes que os mais entusiastas de simulação fiquem ouriçados, F1 2018, de fato, não é um simulador. No entanto, está cada vez mais próximo de ser. Aspectos como a física em colisões e quebras ainda precisam melhorar bastante, mas as reações do carro em relação às condições de pista e pneus sentidas (sobretudo para quem joga com volante) são fantásticas e passam uma sensação de realismo muito grande.

A jogabilidade é excelente. Os carros, assim como na vida real, estão mais estáveis e permitem fazer voltas mais rápidas. Em contrapartida, também exigem mais precisão para quem quer alcançar o alto nível.

Para quem gosta de mexer no carro, não há muitas novidades, mas as opções são diversas e é possível perder algumas horas tentando achar o melhor acerto para cada pista.

Outro ponto importante que influencia na diversão e visivelmente evoluiu nessa edição é a inteligência artificial. As reações dos adversários, principalmente nos níveis de dificuldade mais altos, estão mais imprevisíveis e as disputas mais acirradas. De modo geral, a sensação de realismo dos pilotos da CPU melhorou consideravelmente.

E por falar em diversão, temos os carros clássicos, que já foram um sucesso na versão 2017 e agora temos outros 8, totalizando 20. Cada carro tem sua personalidade e sons característicos. A diversão em aprender a guiar cada um deles, seja para uma volta rápida, uma corrida, ou um evento especial entre corridas no modo carreira, é marcante.

Confira as imagens de todos os carros clássicos.

Na parte gráfica não houve muitas mudanças. O que era ótimo está um pouquinho melhor. A maior evolução sentida é em relação ao ambiente, com maior sensação de partículas no ar (água quando chove ou poeira), aumentando a percepção de profundidade.

Mas visualmente falando, a maior alteração não é “culpa” da Codemasters e sim algo implantado na Formula 1 esse ano: o Halo, que é bem feio e atrapalha a visão. Mas como a Codemasters se propõe a representar fielmente a Formula 1 real, lá está o Halo.

Em relação aos efeitos sonoros, principalmente do ronco dos motores, não há muito o que falar: eles beiram a perfeição.

Outras novidades da versão 2018 são a inclusão dos circuitos Circuit Paul Ricard, na França, e Hockenheimring, na Alemanha. O circuito francês estava fora da Formula 1 desde 1990 e seu retorno é muito bem-vindo. Além de ser novidade para todos os jogadores, possui um traçado de pista bem interessante.

Como nem tudo são flores, pequenos problemas ocorreram em nossos testes. Porém, eles foram corrigidos pela Codemasters antes mesmo do lançamento devido aos patches que foram disponibilizados. Apenas uma vez, no momento de procurar por seções online, o jogo travou impossibilitando qualquer ação e obrigando a reiniciá-lo.

Ainda assim, apesar de tudo de bom que foi dito, F1 2018 é muito parecido com a versão 2017. Para os que querem jogar F1 e não tem a versão anterior, F1 2018 se torna uma obrigatoriedade, e mesmo para quem tem a versão anterior e quer se manter atualizado, não se arrependerá na aquisição. Já para os jogadores mais casuais que têm a versão 2017, talvez valha a pena esperar um pouco para migrar para o atual. Por fim, para os fãs, nem é preciso dizer nada: esses comprarão o jogo de qualquer maneira.

Jogo analisado com código fornecido pela Codemasters.