Desde o lançamento do PlayStation VR, dezenas de desenvolvedores independentes têm surpreendido com projetos audaciosos, criativos e inovadores. Estes, por sua vez, não só destacam as múltiplas aplicações da realidade virtual, como criam tendências interessantes a serem seguidas por aqueles que desejam investir nesse tipo de tecnologia. A partir disso, tivemos uma leva de títulos nos últimos anos focados em trabalhar o lado criativo do jogador e funcionando mais como ferramentas, do que como jogos propriamente ditos. ArtPulse é um deles.
Desenvolvido e publicado pela MeKiWi, ArtPulse tem como principal objetivo combinar duas vertentes artísticas distintas, as artes plásticas com a música, para entregar um produto voltado a modelagem 3D e mixagem de som para o PlayStation VR. A premissa é simples: dentro de um gigantesco espaço vazio na realidade virtual, somos capazes de combinar diferentes tipos de formas tridimensionais, além de um pincel capaz de criar imagens em 3D para criar o que estiver ao alcance de nossa imaginação. Cada forma utilizada pelo jogador emite um som ou acorde próprio, que quando combinados, podem ser usados para compor melodias diferentes. Dessa forma, somos capazes de fazer música enquanto criamos nossas obras de arte e vice-versa.
O título é bem divertido, e certamente agradará qualquer um que já tenha passado alguns minutos tentando construir algo em jogos como Minecraft ou LittleBigPlanet. Os minutos passam incrivelmente rápido enquanto você está concentrado em suas criações, e todo o tempo investido com o headset VR resulta em uma experiência incrivelmente relaxante e agradável. Entretanto, apesar de ser uma ferramenta interessante, e que mistura alguns conceitos de CoolPaintrVR com Electronauts, a experiência acaba pecando gravemente pela falta de profundidade e complexidade nos dois campos artísticos que busca atingir. Primeiramente falemos de forma isolada sobre o seu modo de desenho e modelagem 3D.
A quantidade de objetos disponíveis para se usar é extremamente pequena, sendo composta por apenas 5 formas tridimensionais com uma customização que raramente vai além de cor e tamanho. Para piorar, há um limite de objetos simultâneos que podem ser criados dentro do espaço do game que, uma vez atingido, faz com que os objetos mais antigos criados sumam da tela para dar lugar aos novos. Juntos, os problemas citados se tornam verdadeiros obstáculos perante a criatividade do jogador, que ficará incapaz de criar obras mais complexas e detalhadas.
A função de edição de som por sua vez, é ainda mais precária que o modo de modelagem, servindo mais como um acessório a esta última, do que como um recurso real oferecido pelo título. Não é nada prático mixar batidas, uma vez que o ritmo, timbre e tom de um determinado efeito sonoro, estão associados ao tamanho, cor e distância do objeto em relação ao jogador respectivamente. Dessa forma é impossível criar uma faixa de música complexa sem o auxílio de algum outro software terceiro fora do seu PlayStation 4. Além disso, aqueles que buscam apenas os recursos de modelagem do título podem se sentir incomodados com as faixas de som emitidas pelos objetos enquanto criam suas obras. Felizmente é possível desabilitar esta funcionalidade por meio dos menus.
Com relação aos comandos, os desenvolvedores do título fizeram um bom trabalho em torná-los extremamente simples, práticos e funcionais. Artpulse requer o uso obrigatório de um par de PlayStation Moves, que funcionam como pincéis 3D flutuantes em cada uma das mãos do jogador. Com o move esquerdo, podemos nos locomover para frente ao segurar o botão X, enquanto que com o move direito podemos ajustar a nossa rotação através do espaço ao segurar o botão O. Para selecionar alguma figura tridimensional, bastar apertar o botão central do move esquerdo e um pequeno menu aparecerá para selecionarmos algum objeto. O mesmo botão na mão oposta permite definir qual cor desejamos utilizar em nossas criações. Por fim, basta apertar os gatilhos traseiros nos moves para construir os objetos pelo cenário. O título oferece a possibilidade de atribuir alguns objetos e cores específicos ao botões restantes do ps move para criar atalhos, diminuindo a incidência com que tenhamos que abrir os menus para alterá-los. Caso haja quaisquer problemas com os controles, é possível ativar uma opção no menu principal para torná-los mais simples ainda.
O título possui gráficos relativamente simples, optando por uma direção de arte mais limpa, moldada nas cores sólidas que os objetos podem assumir. Por conta disso quase não é feito o uso de textura alguma no jogo. A trilha sonora é interessante, apesar de suas limitações, e a desenvolvedora optou por oferecer sons capazes de criar músicas pertencentes ao gênero synthwave, onde o foco são as graves batidas acompanhadas de efeitos de sintetizador.
Veredito
ArtPulse possui uma premissa verdadeiramente interessante e divertida. Porém, devido a diversas limitações e problemas, não alcança o seu verdadeiro potencial.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Mekiwi.
Veredito
Veredict
Artpulse has a really interesting and fun premise, but due to several limitations and problems it does not reach its true potential.