Diablo IV: Vessel of Hatred – Review

Lá se vão quase um ano e meio desde o lançamento original de Diablo IV, jogo que tive a oportunidade de experimentar e analisar em maio de 2023, e nesse período muita coisa se passou. Lilith parece algo que ficou momentaneamente em um passado não muito longínquo, mas o mal, canalha que é, jamais descansa. E onde há sacrifícios, ficam as sequelas. É do ponto onde deixamos nossa narrativa que a expansão Vessel of Hatred nos encontra, agora nos guiando para uma nova região na companhia de um herói que precisará enfrentar demônios primordiais para, uma vez mais, tentar trazer um pouco de paz a Santuário.

De posse da Pedra das Almas, Neyrelle chega à Nahantu cada vez mais comprometida em conter a corrupção que se espalha por onde quer que ela passe. Para uma simples mortal, controlar o poder de Mephisto parece uma tarefa ingrata, mesmo quando ele está aprisionado, e é provável que ela perca a sua própria essência ao longo desta jornada impossível. No papel de um Natispírito, nova classe adicionada ao jogo, será necessário se unir aos espíritos da floresta densa para tentar purificá-la, sem perder a vida pelo caminho. O tal Recipiente do Ódio, uma tradução livre do título desta DLC, trata basicamente deste receptáculo e dos esforços na contenção de um mal materializado.

Diablo IV: Vessel of Hatred

Diablo IV: Vessel of Hatred é uma continuação direta do jogo base em todos os sentidos. Quem já adentrou os meandros da aventura original se sentirá completamente confortável aqui, mesmo que encontre alguns ajustes bastante pontuais que adicionam uma melhor qualidade de vida ao projeto. Entretanto, a boa notícia é que esta nova campanha não é necessariamente dependente da conclusão da aventura original. Na verdade, mesmo que seja uma sequência direta, ela pede por um reinício, começando pela criação de um novo personagem obrigatoriamente da nova classe adiciona. A sugestão é, claro, experimentar o que veio antes até pelos spoilers de como tudo aquilo terminou, mas a escolha fica por conta do jogador em pular a campanha original ou não.

Começando novamente lá do nível 1, será importante passar por alguns processos novamente, como a liberação de alguns limites, por exemplo, de poder fazer melhorias em engastes, runas ou equipamentos raros e lendários. Certas habilidades tem seus próprios pré-requisitos de nível ou de dadas missões a serem cumpridas, mas nem tudo é zerado, já que a montaria está disponível desde o princípio, assim como pontos de viagem rápida liberados para que tarefas longínquas possam ser alcançadas mais rapidamente, o que é ótimo para quem tem pressa, mas um problema porque nas dificuldades mais elevadas, enfrentar alguns obstáculos sem a preparação adequada é um risco grande.

Diablo IV: Vessel of Hatred

Você até pode imaginar que ficar entre o Normal e o Difícil é o suficiente, porque há muito o que buscar aqui. Mas os mais afoitos verão que o jogo começa a ser recompensador de verdade a partir dos níveis Penitente, com mais premiações lendárias, e principalmente Suplicio, quando os itens ancestrais se tornam presentes e os afixos superiores são disponibilizados. Por outro lado, não há mais equipamentos sagrados, então guarde bem os que você tiver guardado porque eles serão classificados como legado e poderão ser mantidos, mas jamais reconquistados. Para quem gosta de mais detalhes sobre níveis, itens e glifos, recomendo consultar uma notícia completa sobre o tema aqui.

Independentemente da aquisição da DLC, porém, há uma série de melhorias e atualizações para o game base. Uma das diferenças sentidas é um modelo de organização de inventário simples, mas muito útil. Pedras de engaste e runas não ocupam mais lugar no repositório, e agora tem uma aba própria para elas. Isso significa que não será mais necessário deixar uma armadura para trás porque tem um diamante lascado ocupando o slot. Não que isso seja um grande problema quando se usa com responsabilidade a viagem rápida, mas esse tipo de bobeirinha demanda mais tempo do que deveria na organização em cada vilarejo e no planejamento do que levar consigo em cada incursão sem precisar ficar indo e voltando demais.

Diablo IV: Vessel of Hatred

O sistema de dificuldades também passou por uma grande reformulação, e agora começa do que o jogo chama de Normal, para depois partir para modos mais complexos e desafiadores. Também houve uma adição para os níveis de personagem, que agora chegam até o 60, o que significa que as capacidades de Excelência também demoram um tiquinho mais para serem acessados. Então todo mundo que estava em níveis mais elevados serão readequados para esse máximo, e o resto dos pontos redistribuído. Para quem já joga Diablo IV com mais frequência, levando vários personagens ao mesmo tempo, portanto, há muito mais espaço para ajustes e adequações, já que além desta adequação de nível máximo, há ainda mais dois espaços para personagens, bem como novas habilidades e novas passivas inclusive para classes tradicionais. Não falta coisa para fazer, portanto, inclusive revitalizando aquilo que já estava completo.

Voltando a falar especificamente sobre aquilo que é exclusivo da expansão, é importante apontar para o fato de que, por mais óbvio que isso possa soar, Vessel of Hatred é essencialmente mais Diablo IV. A nova região (considerando também a Cidade Subterrânea de Kurast) traz alguns inimigos renovados, e uma geografia ligeiramente diferente do que já vimos antes, mas ainda um pouco burocrática em seu design cheio de corredores e quarteirões, e funciona de forma muito parecida, com mais fortalezas, masmorras e locais secretos para se buscar uma penca de novos equipamentos. Certos puzzles em áreas fechadas, que vão para além do entrar e massacrar o que lá estiver, trazem um respiro mais cerebral, mesmo repetindo formuletas conhecidas, e acrescentam um charme maior ao conjunto, mas são temperos novos para uma refeição bem conhecida. Mas o grande embate está, mais uma vez, na dicotomia entre a luz sobre as trevas, a purificação sobre a putrificação.

Diablo IV: Vessel of Hatred

A mais significativa adição está mesmo na classe Natispírito. Confesso que durante a divulgação, essa nova categorização me parecia muito similar ao Druida, com toda a ligação com a natureza e os espíritos animais, ou, como o jogo chama aqui em Vessel of Hatred, com os Guardiões Espirituais. Felizmente, por mais que haja algumas similaridades conceituais, a forma de se jogar com ele é bastante distinta, utilizando-se de golpes corpo-a-corpo bastante ágeis e magias espirituais que equilibram bem o controle de grupo e o combate distante.

O modelo de batalha cresce exponencialmente de forma muito acelerada, e não demora muito para que estejamos atravessando hordas como se fosse uma faca quente na manteiga, algo que se aproxima da potência do Necromante, que claramente era a classe mais apelona até então. Depois do nível 15, aliás, quando se ganha acesso a um local chamado Covil dos Mercenários, é possível contratar alguns desses capangas para dar aquela força pontual na batalha, vinculando-o a um golpe em especial. É uma boa ajuda para quando a coisa aperta e funciona bem como uma mecânica de ajuda, mesmo que mais tímida do que parecia a princípio.

Diablo IV: Vessel of Hatred

A caracterização do personagem, que segue para um lado mais tribal, com fortes inspirações nas culturas centro-americanas pré-coloniais, é diametralmente consonante com a temática da corrupção de ambientes de natureza poderosa, e conta com alguns dos melhores sets disponíveis no game, dando margem para quem gosta de unir o poder à estética poder brincar bastante com as composições. Eu particularmente gostei bastante da complementariedade entre habilidades básicas e as mais avançadas, principalmente contra muitos dos inimigos insectóides que povoam a nova região.

Para quem torceu o nariz durante a primeira temporada do jogo, quando as microtransações pareciam uma parte agressiva da estratégia do jogo, todavia, o fato é que não há indícios de uma transformação significativa nesse aspecto, e enquanto a DLC promete alguns itens de bônus, há uma tonelada deles preparada no mercado para os entusiastas. É uma estratégia comercial que, ao que tudo indica, está dando certo e que, felizmente, não atrapalha ou enrosca a campanha em si, que corre em um ritmo bom mesmo para quem gosta de dar aquela pausa na linha central e fazer as novas dezenas de tarefas secundárias.

Diablo IV: Vessel of Hatred

Sobre o futuro, é difícil dizer o que vem pela frente, ainda que seja bastante seguro dizer que a expansão trará novos desdobramentos menores ao longo desta temporada, com algumas pontas soltas a serem retomadas. Diablo IV é, sem dúvida, um campo virtualmente infinito de possibilidades e mesmo que um mal ancestral esteja contido (ao menos até o próximo idiota o libertar inadvertidamente) outros tantos seguem à espreita. Não há paz duradoura nesta terra tão desgraçada, seja porque estar no meio da de uma guerra sagrada é péssimo, seja porque os próprios seres humanos não são lá os sujeitos mais pacíficos do universo. Sabendo de onde vieram, claro, não é de se estranhar.

DLC analisado no PS5 com código fornecido pela Blizzard Entertainment.

Veredito

Com uma narrativa potente e ajustes sutis na qualidade de vida do jogo base, Diablo IV: Vessel of Hatred é um belíssimo complemento ao jogo original, um bom mais-do-mesmo, trazendo uma outra região e principalmente uma nova classe bastante interessante para expandir ainda mais este universo fascinante.

90

Diablo IV

Fabricante: Blizzard Entertainment

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG / Ação

Distribuidora: Blizzard Entertainment

Lançamento: 06/06/2023

Dublado: Sim

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

With a powerful narrative and subtle adjustments to the base game’s quality of life, Diablo IV: Vessel of Hatred is a beautiful complement to the original game, a good “more-of-the-same”, bringing another region and especially a very interesting new class to further expand this fascinating universe.