Hunt: Showdown 1896 – Review

Um dos meus desejos mais peculiares para jogos ainda no PS4 era o título online da Crytek, Hunt: Showdown. Aliando a ambientação do fim do século 19 com o estilo de um jogo de tiro em primeira pessoa que coloca jogadores na caçada de monstros, meu interesse na época explodiu já nos primeiros trailers e anúncios. Mesmo assim, principalmente por uma questão que abordaremos depois, só consegui agora, na versão do título para PS5, pude aproveitar o que foi entregue pela desenvolvedora do famoso Crysis.

Hunt: Showdown 1896 é a versão aprimorada do jogo para os consoles de nova geração e uma remodelagem no PC. O jogo funciona no sistema de jogador contra ambiente contra jogador (PvPvE), entregando mapas que colocam equipes (solo, duplas ou trios) que disputam entre si o prêmio pela cabeça de algum monstro ou monstros pela região. Abata seu alvo e extraia para poder receber sua recompensa e, assim, melhorar seu caçador e arsenal para novas caçadas.

Hunt: Showdown

Usando uma temática bastante sombria, com grande foco em bruxarias, aberrações, maldições e mais, Hunt coloca os jogadores como sobreviventes em busca de sucesso, caçando as bestas em lugares inóspitos e destruídos por forças sombrias que precisam ser erradicadas. A ambientação reforça isso entregando sempre uma atmosfera soturna e pesada, dando um clima carregado para qualquer partida e reforçando um dos pilares da experiência de jogabilidade aqui, a tensão.

De forma geral, a estrutura de jogo é algo bastante simples e funcional. Já apontamos o básico, sobre equipes e buscar um algo para depois extrair, mas há um pouco a mais além disso. Antes de encontrar um alvo é preciso buscar as pistas espalhadas pelo mapa que irão direcionar jogadores para o local da besta. Com 3 pistas e a redução de possíveis locais por todo o mapa, os jogadores vão se direcionando ao covil de sua presa. Aquele que conseguir as pistas mais rápido, ou mesmo der sorte de encontrar o alvo sem elas, terão vantagem no processo final. Ao abater o chefe e iniciar o banimento do mesmo, é preciso esperar para coletar a recompensa, o que pode deixar sua equipe vulnerável enquanto arma posição de defesa e aguarda até o fim. Após isso,  jogadores poderão correr para um dos locais de extração que são definidos no início de cada partida. Chegue ao local e sobreviva a possíveis investidas inimigas para vencer e coletar os melhores prêmios.

Dois dos pontos mais importantes nessa dinâmica são o sistema de som do jogo e a visão de caçador, mostrando como a Crytek conseguiu balancear elementos que poderiam ser quebrados ou dar vantagens absurdas para apenas alguns jogadores. Diretamente sobre a visão, permite ao caçador encontrar direções na visão para as pistas e alvo, mas é preciso abdicar de qualquer outra coisa durante o tempo que se usa. Além disso, abater o alvo e bani-lo garante alguns segundos preciosos para perceber seus inimigos nessa visão, mas é exatamente esse limite que faz o recurso ser tão importante e jamais uma ferramenta que quebra a experiência para todos.

Já o sistema de som, e aqui fica a ressalva da obrigatoriedade de um bom fone de ouvido para aproveitar melhor a experiência, é um espetáculo praticamente impecável por parte do estúdio. Algo que me impressionou tanto assim em questão de qualidade havia sido apenas em Battlefield 1 e antes em Battlefield: Bad Company 2, se destacando da mesma forma. A Crytek aprimorou o que já era bastante elogiado no jogo e isso é notável, talvez até como a grande conquista técnica do jogo.

Todo e qualquer ruído no jogo importa de alguma forma aqui. Seja algo que denuncie a sua presença, como animais ou artefatos espalhados pelo mapa, como gravetos e correntes, ou mesmo a indicação de combate à distância. Sons dos tiros e monstros variam através da distância e direção, mesmo se for em local aberto ou mais fechado. A percepção total de qualquer som do jogo é algo que muda a jogabilidade como um todo para qualquer jogador e, até por isso, reforça o uso de um bom headset.

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Sendo um jogo que tira proveito do conhecimento adquirido do estúdio com o estilo, a entrega de um FPS com o selo de qualidade da Crytek é algo presente. Entretanto, a forma como é exposta aqui é diferente do tradicional tiroteio explosivo de antes. Hunt é muito mais tático e feito para ter um combate pensado, não apenas por reflexo. As armas tendem a ser o mais realista possível em questão de recarga, velocidade de disparo, puxada de mira e mais. Isso ainda é compensado pelos equipamentos da época, como carabinas de repetição, rifles de ferrolho, revólveres de puxada simples ou dupla, além de outros, com todos impactando a jogabilidade com um arsenal de opções únicas. Por exemplo, você pode decidir por usar uma empunhadura dupla de revólveres de ação simples para uma quantidade de dano absurda no primeiro impacto, mas uma consequência nisso, já que a própria armação para o próximo tiro e principalmente a recarga de tambor terão um longo tempo de uso.

Todos esses fatores culminam para criar uma ambientação que, durante toda a partida, é voltada para criar tensão em todos os aspectos. Enquanto o início é trivial ao procurar pistas tendo que lidar, na maioria das vezes, apenas contra inimigos mundanos, como uma espécie de zumbis ou cachorros demoníacos, ao se aproximar do ninho do alvo principal e da iminência de outros caçadores, tendo que tentar abordagens silenciosas para não atrair atenção indesejada e ponderar abordagens contra outros inimigos no processo, a experiência se torna quase sempre aquela representada por momentos de sempre ficar com o dedo no gatilho olhando para todos os lados sem saber o que pode acontecer.

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Completando isso há ainda a qualidade visual do título que não carece de muita explicação ao apenas mencionar sua desenvolvedora. A reformulação visual do jogo, principalmente em iluminação, para a versão 1896 é demonstrada em diversos momentos, mas em especial no novo mapa das montanhas do estado do Colorado, no Vale de Mamon. Uma grande quantidade de complexos e locais exploráveis, com áreas abertas e fechadas em grande quantidade e vegetação que explora um visual perfeito para entregar ao jogador uma ambientação fantástica.

Ainda sobre a remodelagem para os consoles de nova geração, outras mudanças foram na interface visual. Entretanto, ainda que tenha facilitado um aprendizado mais prático para novos jogadores, há elementos em exagero no princípio do jogo e que seriam melhores apresentados caso fossem entregues de forma cadenciada. Mesmo o segundo modo de jogo, similar ao que seria um mata-mata cada um por si, quase não tem explicação e fica apenas jogado no meu principal sem muita introdução, assim como os diversos itens e equipamentos que não podem ser acessíveis ou são apenas vendidos na loja e não tão detalhados.

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Por fim, podemos detalhar o maior percalço para aproveitar o jogo aqui, ao menos para a América do Sul. Hunt: Showdown 1896, assim como a versão anterior, simplesmente não é comercializado. A única opção é a versão de PC na STEAM e, ainda que possua legendas em português brasileiro e mesmo servidores na sul-americanos, é impossível aproveitar o jogo. A nossa chave de review é da versão americana e, com isso, conseguimos realizar essa análise, ainda que jogar em servidores norte americanos entreguem uma experiência com certo atraso e lag. Mesmo assim, localizado aqui e tendo servidores próximos, dificilmente achamos partidas locais pois a regionalidade não pode ser usada pela maioria dos interessados já que não existe a possibilidade de comprar diretamente no nosso país. Questionamos sobre isso junto a Crytek e a resposta foi de que “a empresa ainda não tem nenhuma novidade sobre disponibilizar o jogo à venda aqui para consoles, mas que informará caso isso mude”.

De toda forma, Hunt: Showdown 1896 é uma experiência online de qualidade e melhor ainda quando com seus amigos. As qualidades técnicas, de design e construção de mundo são os maiores atrativos para um título que deve continuar recebendo suporte e novidades por muito tempo ainda. Apenas podemos esperar que seja lançado eventualmente aqui de forma oficial e amplificar o alcance a mais jogadores.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Crytek.

Veredito

Um espetáculo em termos técnicos e com ambientação soberba, Hunt: Showdown 1896 é a versão perfeita para um jogo que já possuía grande destaque. Partidas recheadas de tensão entregam uma experiência fascinante para jogadores que se interessam pelo universo único da Crytek.

85

Hunt: Showdown 1896

Fabricante: Crytek

Plataforma: PS5

Gênero: Tiro em Primeira Pessoa

Distribuidora: Crytek

Lançamento: 15/08/2024

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

A technical spectacle with a superb setting, Hunt: Showdown 1896 is the perfect version of a game that already had great success. Tension-filled matches deliver a fascinating experience for players interested in Crytek’s unique universe.