Hazel Sky – Review

Escolhas e decisões importantes são passos que sempre vão acontecer na vida de qualquer. Em alguns jogos, principalmente RPGs, já vimos algumas tentativas de repetição desse processo e o impacto das mesmas. Não é algo tão comum vermos fora disso, mas há títulos que se arriscam nisso muito mais como escolhas de design e não apenas como uma questão moral em que o jogador possa raciocinar. Hazel Sky pode não demonstrar isso de cara, mas o título dos brasileiros na Coffee Addict Studio apresenta essa questão de forma sutil em sua aventura com plataforma e puzzles.

Hazel Sky é um título indie com foco nas descobertas de seu personagem, soluções de desafios simples e jogabilidade básico em alguns pontos. Não se deixe enganar com a proposta do jogo e da aparência que pode não indicar muito mais, mas já adianto que o projeto é sincero e honesto mesmo com suas limitações.

Hazel Sky (2)

O título apresenta Shane, um jovem aspirante a engenheiro que precisa passar pela última provação antes de voltar para a cidade de Gideon, que fica flutuando no ar, e seguir essa profissão. Com isso, o jovem é largado em uma ilha para solucionar a construção de máquinas que o levarão de volta ao seu lar e assim adentrar na sociedade de forma efetiva. Entretanto, avançar por esses desafios vai mostrar mais do que apenas as soluções para elas, mas também o levantamento de questões morais que acontecem há tempos por outros jovens no mesmo processo.

Na pele do jovem engenheiro que é quase forçado a manter a tradição de sua família, o jogador participa de uma jornada de uma descoberta particular sobre o que deve ser feito na vida contra o que cada um quer que aconteça em sua vida. A nuance da questão é sempre mais obscura e fica evidente apenas quando o jogador vai atrás de cada documento, áudios ou letras de canções no caminho, mostrando bem mais do que o jogo aparenta ser.

Hazel Sky (3)

Entender essa premissa é o que deixa o jogo mais interessante do que apenas andar e pular por aí solucionando problemas. Infelizmente isso precisa de mais dedicação do jogador e nem tudo é tão direcionado assim, sendo necessário realmente pegar cada informação disponível para uma compreensão melhor, com a narrativa tendo um direcionamento mais único pelos personagens diretamente. Isso é facilitado por 2 fatores, sendo que o primeiro é a localização total para nosso idioma e o outro a duração do título.

Dividido em praticamente 3 partes e com uma duração de 3 a 4 horas, Hazel Sky entremeia seus objetos de jogabilidade com a história que já comentamos. Quanto ao que o jogador realmente joga, o título é uma mistura de plataforma simplificada, mais ênfase em escaladas, e procura de itens para montar as 3 máquinas necessárias para avançar até o final. Cada máquina vai precisar de peças e processos semelhantes, mas como conseguir o necessário para cada uma é o que muda nesse processo.

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Controles podem parecer meio grosseiros aqui e talvez não funcionar muito bem. Para mim, o ato de precisar ficar segurando o botão R2 para qualquer ação, plataforma ou coletar itens, acabou sendo mais frustrante do que esperava. Isso aconteceu principalmente nas partes de pulo e escalada, quase sempre acontecendo falha no processo de se agarrar em alguma beirada. Seria mais fácil uma implementação de toque único que funcionaria de forma simplificada. De resto é extremamente simples e não causa dificuldades para nenhum jogador.

Simplicidade talvez seja a palavra certa aqui para o jogo todo, mas não tome isso como algo ruim. As funcionalidades existem e acontecem como deveriam, agindo para cada ação do jogador sem querer reinventar a roda. Com exceção da questão do R2 já mencionada e talvez a função de correr que parece ativar quando deseja, jogar é prazeroso. As soluções dos puzzles não são complicadas, mas há um bom sentimento ao completar cada um. As partes de plataforma jamais vão exigir muito e ainda são poucas, mas conciliadas com cada mapa apresentado. Não há excessos aqui e nada é esticado para o jogo ser apenas maior.

Hazel Sky (4)

Apesar de tudo, como diversos indies que vemos, falta refinamento em mecânicas e até mesmo nítida falta de orçamento. Dublagens em inglês e português não são da melhor qualidade, ainda mais junto com a mixagem que deixa tudo estranho. A Unreal Engine é utilizada e o resultado visual é satisfatório, mas ainda há problemas como loadings mais longos e melhores aspectos visuais. Nada disso realmente é um problema a fundo, mas é nítido que poderia haver mais ali.

Hazel Sky é honesto com sua proposta e entrega o que promete, ainda que possa parecer curto demais e carente de conteúdo o suficiente. A mistura de uma história que mostra os pontos das decisões da vida com jogabilidade simples e funcional é uma boa pedida aqui. O título é melhor compreendido numa segunda jogada, quando pontos que não faziam sentido antes começam a juntar com a percepção total do jogador. Ainda é necessário que se entre de cabeça procurando cada pista para um entendimento completo, coisa que muitos podem não fazer e o jogo passa uma mensagem direta sem tantos detalhes, mas com certeza o título é uma opção diferente entre várias propostas.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Neon Doctrine.

Veredito

Ainda que careça de mais refinamento em sua execução e maior polimento, Hazel Sky é uma boa proposta para uma jornada simples, tocante e honesta, sendo uma boa opção para algumas horas de uma aventura com puzzles.

70

Hazel Sky

Fabricante: NEON DOCTRINE / CoffeeAddict Studio

Plataforma: PS4

Gênero: Aventura / Puzzle

Distribuidora: Another Indie

Lançamento: 20/07/2022

Dublado: Sim

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Although it needs more refinement in its execution and more polish, Hazel Sky is a good proposal for a simple, touching and honest journey, being a good option for a few hours of a puzzle adventure.