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NEO: The World Ends With You – Review

The World Ends With You foi um excelente RPG originalmente lançado para Nintendo DS e que se destacou não só por sua qualidade, mas também pelos seus conceitos e idéias bastante únicas para a época e até mesmo para o mercado atual. O título se passava em uma Shibuya moderna com uma história que trazia mistérios e respostas na dose certa para prender a atenção do jogador. Artigos de moda influenciavam não só os personagens, mas como também seus status e, mais impressionantemente, o sistema de batalha utilizava perfeitamente as duas telas do Nintendo DS para trazer uma experiência não vista anteriormente. Não bastasse isso, o jogo também mudava muitas pré-concepções que temos sobre o gênero RPG como o uso de níveis, recompensas e muito mais.

O título foi posteriormente portado para demais plataformas, com algumas adaptações inevitáveis, e ali se iniciaram os primeiros indícios de um novo jogo que só viriam a se concretizar agora com Neo: The World Ends With You. Neo claramente se baseia em muitos dos conceitos do original, mas também procura surpreender novos e antigos jogadores de maneira igual. É o tipo de sequência que não só respeita o espírito do original, mas também faz do seu melhor para não viver em sua sombra, trazendo uma mistura de melhorias e novas idéias para a fórmula já estabelecida. Não é necessário ter jogado o TWEWY original para se aproveitar Neo, no entanto, algumas partes serão mais excitantes para aqueles que jogaram ou assistiram a adaptação em anime que foi recém-lançada do original. O resultado final é um dos melhores RPGs da geração e uma experiência que também se destacou assim como seu predecessor e, de certa forma, o ultrapassou.

A história se inicia com Rindo e Fret, dois amigos simplesmente passando seu dia-a-dia normal em Shibuya quando, repentinamente, são obrigados a jogar o Reaper’s Game. O jogo consiste de diferentes times realizando tarefas para obter pontos e, ao final de uma semana, o time vencedor ganha um desejo para ser realizado e o time na última colocação sofre uma penalidade. É quase uma gincana pela descrição acima, mas todos os participantes do Reaper’s Game ganham poderes especiais como ler a mente das pessoas, invadir a consciência alheia, lembrar as pessoas sobre assuntos específicos e muito mais. Por meio do uso desses poderes e de outros atrelados ao combate, Rindo, Fret e demais integrantes de seu time tentam conquistar as diferentes tarefas antes dos demais times e, assim, obter mais pontos que os demais para vencer o Reaper’s Game. As tarefas usualmente envolvem quebra-cabeças ou derrotar algum inimigo em específico e, felizmente, os desenvolvedores foram bastante inteligentes na forma de variar as diferentes tarefas e também em não estendê-las além do necessário.

A trama, no entanto, evolui muito além do contexto acima e de várias maneiras inesperadas com o jogo fornecendo novos mistérios para Rindo e sua equipe à medida que outros são resolvidos. Neo acaba por fornecer excelentes motivações para o jogador não só se investir em sua história, mas também nos personagens que a protagonizam. Shibuya é um bairro com uma grande influência de múltiplas culturas e formas de pensamento, sendo que isso é constantemente demonstrado seja por meio de pensamentos aleatórios de pessoas passando na rua, objetivos obrigatórios dados por NPCs, quests opcionais, comida, roupa, etc. Todos os aspectos do título estão focados em demonstrar esses aspectos multiculturais do bairro e como cada personagem se encaixa nisso e como crescem e mudam dentro desse contexto. Neo pode não ter os personagens mais complexos dentro de um RPG, mas são personagens bastante relacionáveis com pessoas que talvez conhecemos na vida real, trazendo uma motivação ainda maior para ver como a história desses personagens irá concluir.

Ao contrário de seu predecessor, Neo traz uma Shibuya tridimensional e que traz um prazer ainda maior de explorar e conhecer suas diferentes áreas. Cada área tem uma identidade própria, por assim dizer, com lojas, restaurantes e marcos únicos à ela. 104 é um excelente centro comercial para se comprar novas roupas e Dogenzaka, logo ao lado, uma excelente região para se experimentar a culinária de diferentes países. As diferentes regiões são abertas e fechadas conforme necessidade de cada capítulo da história e, gradativamente, o próprio mapa de Shibuya torna-se familiar para o jogador. Também é bastante útil que o jogo coloca a disposição, em todos os momentos, um mapa do bairro e dicas/lembretes sobre como proceder na história, fazendo desta uma maneira não intrusiva e inteligente de evitar que jogadores fiquem presos em algum momento e tenham que recorrer a guias e outros recursos fora do jogo.

Outro destaque está nos sistemas de combate, algo bastante prevalente na experiência de Neo como um todo e cujos sistemas também são bastantes únicos no gênero. Primeiramente, as batalhas ocorrem em tempo real e em pequenas arenas com os inimigos que podem ser monstros, chamados de Noise pelo jogo, outros jogadores do Reaper’s Game e/ou chefes variados. Cada personagem pode equipar um único broche que tem já pré-definido seu poder especial e qual botão do controle é utilizado para sua ativação. Por exemplo, um broche que atira bolas de fogo é ativado pelo botão quadrado e, de forma semelhante, existe um outro broche com ataques de curta distância que é ativado pelo botão triângulo.

Existe uma boa variedade de poderes com características únicas de ativação como, por exemplo, alguns que podem ser ativados imediatamente, outros que precisam ou podem ser carregados segurando seu botão de ativação e outros que serão ativados um tempo após seu comando ser executado, efetivamente funcionando como bombas. Uma vez que o poder é utilizado uma ou algumas vezes, o broche entra num período de cooldown antes que possa ser utilizado novamente. Os botões de ativação de um broche não podem ser alterados, no entanto, seus poderes podem evoluir e sofrerem mutações após ganharem alguns níveis.

O combate introduz broches e integrantes gradativamente, pois o uso de múltiplos broches com ativações e poderes variados pode virar uma bagunça rapidamente. É bastante comum e também uma tarefa complexa, controlar broches que possuem botões, ativações e cooldowns extremamente diferentes entre si. Alguns conjuntos que utilizei, por exemplo, precisavam de um nível de execução onde foi necessário segurar múltiplos botões para preparar alguns poderes enquanto plantava bombas com outro botão e também mantinha inimigos sobre controle apertando rapidamente outro botão. É complexo, é caótico, é algumas vezes difícil de executar, mas também é bastante divertido ver o resultado e estrago desses conjuntos. No momento que o jogador começa a se adaptar com um set de broches, esses acabam por se masterizar e o jogador é incentivado a trocar de broches por algum com efeito diferente ou por outro simplesmente mais poderoso. Isso faz com que a experiência de combate em Neo seja uma de constante experimentação dos diferentes poderes e de adaptação aos diferentes conjuntos de comandos, colocando o jogador em uma posição de constante aprendizado e que evita que o combate se torne tedioso.

É possível resolver a maior parte das batalhas simplesmente soltando todos os poderes de maneira aleatória e sem precisar de muita estratégia, no entanto, essa não é uma forma eficiente de lutar. Ao utilizar um poder, é possível colocar um inimigo em um estado vulnerável, onde um pequeno contador de tempo aparece e pede para continuar a sequência de ataques com o poder de outro integrante da equipe. Caso o jogador seja bem sucedido, isso aumenta a porcentagem de Groove demonstrada no canto superior da tela e, uma vez passado certo valor, dá acesso a golpes extremamente poderosos capazes de derrotar inimigos rapidamente. A forma ideal de batalha, portanto, é controlar quando e qual a ordem de utilizar os poderes para aumentar seu Groove e, assim, tem acesso a ataques especiais que causam ainda mais dano aos inimigos. É fácil descrever assim, mas o jogador estará constantemente lutando com a execução dos botões e das diferentes ativações dos broches, trazendo, de certa forma, um desafio de execução e estratégia muito bem vindo ao título.

Vale ressaltar que a dificuldade de Neo é facilmente alterada em quase qualquer momento, portanto, mesmo jogadores com menos aptidão para o combate podem concluir o título sem problemas. Existem 4 níveis de dificuldade e o jogador também pode optar em diminuir o nível de sua equipe em troca de chances maiores de se obter mais recompensas no final de uma batalha. De maneira simples, quanto maior a dificuldade e menor o nível de sua equipe, maior e mais rara será a recompensa ganha. A mudança de nível também só altera a vida máxima do time, sendo que demais status (ataque, defesa e estilo) são obtidos por meio de saciar sua fome em restaurantes de tempos em tempos. A variedade de inimigos não é das maiores, mas existem alguns cenários e, especialmente chefes, interessantes que trazem padrões de ataque que requerem a atenção do jogador. Não há perdas caso o jogador perca algum combate e a alteração livre de dificuldade faz com que o jogador possa customizar o desafio conforme sua vontade e necessidade livremente. Existem muitos outros sistemas como roupas, habilidades passivas e muito mais atrelados ao combate, mas a experiência geral do mesmo é de uma luta que requer estratégia e execução por parte do jogador para despachar seus inimigos rapidamente.

Um dos grandes destaques do TWEWY original foi sua trilha sonora que contava com músicas de gêneros variados como hip-hop, pop, rock, etc. A variedade dos gêneros foi muito bem vinda no título, mas houveram poucas músicas que se destacaram como um todo para mim. Neo traz um conjunto de músicas novas e remixes de algumas do original mantendo também uma boa variedade de gêneros musicais e, felizmente, o resultado final é ainda melhor que seu predecessor. O original ficou conhecido também pela sua trilha sonora e não vejo razões para o mesmo não acontecer com Neo.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Square-Enix.

Veredito

NEO: The World Ends With You pode ser descrito como uma sequência que respeita e supera o original em muitos pontos. O novo título simplifica e melhora alguns aspectos vindos de seu predecessor, mas também traz novos sistemas e os expande de maneira incrível para criar sua própria identidade. Esse não é um título que recomendo apenas para aqueles que adoraram o original, mas também para qualquer fã de RPGs devido à qualidade presente em cada um de seus aspectos. Considero Neo como um dos RPGs essenciais na biblioteca do PS4 e só posso ter esperanças que vejamos mais títulos dessa excelente série em breve.

95

NEO: The World Ends With You

Fabricante: h.a.n.d

Plataforma: PS4

Gênero: RPG

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 27/07/2021

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

NEO: The World Ends With You can be described as a sequel that respects and surpasses the original in many ways. The new title simplifies and improves some aspects coming from its predecessor, but it also brings new systems and expands them incredibly to create its own identity. This is not a title I recommend only for those who loved the original, but also for any RPG fan due to the quality present in each of its aspects. I consider NEO to be one of the essential RPGs in the PS4 library and I can only hope that we’ll see more titles from this excellent series soon.