[PSN] Eiyuu Senki: The World Conquest

Eiyuu Senki: The World Conquest é um ponto fora da curva. É uma mistura de visual novel com RPG de estratégia (ou jogo de simulação – SLG, para aqueles mais experientes), sendo lançado exclusivamente no Ocidente para o PlayStation 3 em 2015, apenas como download digital, sem nenhuma mídia física. Para quem acompanha o mercado, pode parecer uma receita para o fracasso, mas para quem der uma chance ao jogo, é uma das maiores surpresas do ano.

O jogo foi lançado para o PlayStation 3 em 2013 no Japão, sendo uma versão do lançamento de PC, sem conteúdo erótico e com conteúdo adicional. Desenvolvido pela Tenco em parceria com a 5pb, empresa japonesa especializada em visual novels, foi então localizado e publicado no Ocidente pela Fruitbat Factory, novata no mercado de consoles, com uma história de lançamentos indie japoneses para o PC. Eiyuu Senki: The World Conquest é a aposta da empresa para adentrar no mercado de jogos para consoles.

Eiyuu Senki: The World Conquest tem uma premissa um tanto característica do Japão: um mundo em guerra, em que vários heróis lendários de várias épocas lutam para conquistar novos territórios – e neste jogo, todos os heróis conhecidos e altamente renomados são garotas na trama. O Rei Arthur, os Cavaleiros da Távola Redonda, Aristóteles, Sun Tzu, Tutancâmon, Rasputin, Fernão de Magalhães, entre vários outros, todos do sexo feminino. São mais de 70 heroínas diferentes no jogo, muitas sendo figuras conhecidas da história mundial.

A trama começa na pequena região de Yamatai, onde Himiko, a primeira heroína apresentada no jogo, sofre uma derrota humilhante pelas mãos de Oda Nobunaga, na luta pela região de Zipang. Ao retornar à sua região, com seu exército destruído, é atacada por um grupo de ladrões em busca de se aproveitar da situação e tomar a região para si. Então é introduzido o protagonista, personagem controlado pelo jogador, que inexplicavelmente cai do céu e salva Himiko e seu exército. Por conta da sua aparição repentina, ele também fica conhecido como “Servant of Heaven” (Servo do Céu).

Sofrendo de amnésia, sem saber como foi parar nesse mundo, o protagonista é recrutado por Himiko para o seu exército. Com essa nova poderosa adição à sua tropa, Himiko e o protagonista decidem unificar a região de Zipang, e de lá continuar em busca do domínio mundial, para evitar que a visão do apocalipse que Himiko teve se concretize. Nesta luta, eles se deparam com vários reinados ancestrais, nações militarizadas e uma organização que busca o caos completo.

Nesse contexto, a trama do jogo é desenvolvida, pondo nas mãos do jogador a decisão de qual caminho seguir na sua jornada de conquista mundial. O jogo é parte visual novel, parte RPG de estratégia. Na parte da visual novel, a história é contada através de diálogos entre os personagens, seja durante missões de conquista, ou durante missões opcionais para o protagonista se aproximar dos heróis recrutados para seu exército. Desta forma, os relacionamentos vão se aprofundando e o jogador conhece melhor os anseios e desejos de cada personagem.

Durante a parte de estratégia, o jogador escolhe até seis personagens para cada batalha, na qual eles ficam em duas grades de 3×3 cada, uma para o jogador escolher a posição dos heróis e outra na qual os inimigos estão expostos. Cada personagem utiliza uma arma diferente, em um sistema no qual cada arma é forte contra alguns tipos e fraco contra outros. Além disso, cada arma tem um alcance diferente, o que deverá ser levado em conta antes da batalha. Ao invés de pontos de vida (HP), o jogo utiliza tropas, como cada herói tendo seus soldados, e perdendo eles a cada golpe recebido. É possível aumentar o número de soldados, ou recuperar os soldados perdidos, utilizando a moeda do jogo.

Existe um sistema de turnos, nos quais cada turno possibilita um número específico de ações, em que o jogador pode atacar uma nova cidade ou realizar uma missão opcional; esgotadas estas ações, começa o turno do inimigo que estiver batalhando. No turno do inimigo, ele poderá revidar o ataque, mandando seu exército para contra-atacar. A estratégia não está somente na batalha, mas na disposição de personagens que o jogador manda para cada missão, e até os heróis que deixa na reserva, para eventuais retaliações de nações rivais.

A arte do jogo é bela, tanto que é usado como um dos diferenciais do jogo pela publisher. O design fica por conta de Oyari Ashito (Littlewitch Romanesque), um artista japonês com um traço bastante característico em suas obras. Seus personagens são facilmente reconhecidos para aqueles que acompanham artistas japoneses, que quase sempre desenha mulheres. Com mais de 70 heroínas, além do protagonista, a arte é muito bem detalhada, os personagens tem traços e características únicas entre si, e personalidades que variam demais. Nações diferentes, heróis conhecidos, ambições excepcionais.

A trilha sonora é característica de jogos japoneses, apesar de não haver uma variedade grande das faixas e pode ficar repetitivo depois de algum tempo, levando em conta que o jogo tem uma duração considerável. O jogo é inteiramente dublado em japonês, exceto nas missões opcionais de cada cidade. O jogo é legendado em inglês e não existem outras opções de idioma.

Como dito, o jogo tem uma duração considerável. Para quem estiver disposto a obter os dois finais diferentes, conquistar todas as nações, recrutar todos os personagens, completar os eventos de cada um deles, além de visitar todas as cidades e acessar todo o conteúdo disponibilizado depois do final do jogo, que são missões desafiadoras que vão colocar em teste toda a sua estratégia, você pode chegar a mais de cem horas. Se for apenas completar o cenário principal e chegar a um dos finais, o jogo pode ser finalizado de quarenta a cinquenta horas. O que não falta é conteúdo para o jogador explorar, tudo a seu próprio tempo.

Eiyuu Senki: The World Conquest vem para o Ocidente agradar jogadores com um gosto bem específico, de um nicho particular. Se a estreia da publisher Fruitbat Factory no mercado de consoles vai ser bem sucedida ou não, apenas o tempo irá dizer, mas escolheram um dos melhores títulos da plataforma que, se não fosse por eles, ficaria preso no Japão e nunca atravessaria o oceano.


 

Veredito

Talvez o timing não seja um dos melhores, mas Eiyuu Senki: The World Conquest é a maior surpresa deste final de ano e um dos últimos exclusivos de PS3. Se você é fã de visual novel, de RPG de estratégia, ou mesmo de jogos japoneses, esta é a melhor pedida deste final de ano, se ainda estiver com seu PS3 conectado.

Jogo analisado com código fornecido pela Fruitbat Factory.

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