Mortal Kombat

Mortal Kombat é uma série amada por muitos jogadores. Extremamente popular no Ocidente na década de 90, a franquia possuía jogos em diversas plataformas e, durante o lançamento de Mortal Kombat 3, o primeiro filme foi produzido – até hoje ainda considerado como uma das melhores adaptações de games para o cinema.

O principal fator que fez a série ter sucesso foi a violência. Pode não ter sido o primeiro, mas Mortal Kombat foi, sem dúvida, um dos jogos a mais causar polêmica no tópico discutido (e bastante saturado) sobre violência nos games.

Mortal Kombat utilizava atores reais para a captura de movimentos de seus personagens e, a partir disso, eram feitos os sprites de animação. Essa técnica (em relação aos sprites serem os mesmos dos atores) foi abandonada no lançamento de Mortal Kombat 4, favorecendo modelos tridimensionais. Como a franquia ainda era forte, MK4 fez sucesso, mas era nítido que a série estava seguindo um caminho perigoso.

Na década dos anos 2000, surgiu Deadly Alliance para o PlayStation 2 (e outros consoles). Era a primeira vez que um título de Mortal Kombat (considerando apenas o ramo principal, e não seus spin-offs) não era lançado nos Arcades. Como o mercado de Arcades nos EUA (e também no Brasil) havia perdido sua força, a série Mortal Kombat também foi afetada por isso (e praticamente todos os outros jogos de luta da Capcom e SNK). O grande problema é que Deadly Alliance seguiu um caminho arriscado: incorporou vários elementos de outros jogos de luta (3D, diga-se de passagem) na franquia Mortal Kombat. Alguns fãs aprovaram, outros detestaram. Aqui iniciou-se uma divisão imensa de opiniões que só ficou cada vez mais fortes com os lançamentos de Deception e Armageddon. Este último, por exemplo, apesar de juntar praticamente todos os personagens da franquia em um só game, aboliu os Fatalities únicos de cada personagem – algo que chamava a atenção dos jogadores para a série.

Com a geração atual de consoles, os jogadores ficaram no aguardo de um novo Mortal Kombat. E, em 2008, eles receberam Mortal Kombat vs DC Universe: o primeiro da série a ser classificado para adolescentes e com Fatalities sem violência (leia mais em nossa análise clicando aqui).

Apesar de ser um título interessante, MK vs DC não era exatamente o que os fãs queriam. Depois do seu lançamento, a Midway, publisher dos jogos da série, fechou suas portas. Um novo MK era praticamente impossível naquelas situações. Por sorte, a equipe manteu-se unida, fundaram um estúdio chamado NetherRealm e foram incorporados à Warner Bros., com os quais já haviam feito contato na época da produção de MK vs DC. E, obviamente, um novo Mortal Kombat estava sendo feito (apelidado de “MK9”).

Após anos de produção e promessas, Mortal Kombat chegou. A NetherRealm jogou pela janela o que havia sido feito após Mortal Kombat 4 e trouxe a série de volta para o 2D em grande estilo. Para agradar a todos os fãs – e possivelmente novos – apenas os personagens clássicos da trilogia original foram mantidos (com exceção de Rain, Motaro, Chameleon e Khameleon, mas, exceto Motaro que apenas faz uma ponta na história, os outros podem acabar virando DLC no futuro). Numa onda retrô e reinícios que toma conta da indústria de games atualmente, Mortal Kombat abraçou completamente isso e foi o melhor que poderia ter sido feito pela série na situação que se encontrava.

Mortal Kombat é um jogo de luta completo. Tanto para os fãs hardcores que buscam algo competitivo quanto para aqueles que apenas querem se divertir com um bom game. Há um modo “Arcade” (apelidado de “Ladder”) que pode ser jogado sozinho ou até mesmo em duplas (o modo “Tag”, que será detalhado mais adiante), um modo “Versus” para 1 a 4 jogadores, o modo “Online” (que é preciso de um Online Pass – o código que vem junto com seu game novo e que deve ser inserido na PlayStation Store – para aproveitá-lo), a Challenge Tower, o modo história e diversos extras para destravar.

Algo ausente e que vem sendo bastante usual nos jogos de luta são os “Trials”, ou seja, combos que devem ser executados pelos jogadores como é determinado. Isso foi até usado em MK vs DC, mas em Mortal Kombat foi abolido. Em compensação, os produtores inseriram a “Nekropolis”. Essa seção mostra detalhes de todos os personagens – não só um modelo tridimensional que pode ser visto em detalhes tanto com ou sem dano que ele recebe nas lutas quanto com suas roupas alternativas, mas também o final dele da “Ladder” se você já habilitou e diversas estatísticas, as quais devem alcançar números mínimos para quem deseja platinar o título (cada personagem precisa ter executado 100 Fatalities, por exemplo, e isso é apenas uma estatística).

Mortal Kombat é um jogo de luta que sempre teve como ponto forte sua história. Nesse novo game, isso é evidenciado como nunca. Para alegrar a todos, o “reboot” foi explicado. Após a morte (literalmente) de todos por causa do “Armageddon”, Raiden está lutando e perdendo para Shao Kahn que finalmente conseguirá tomar conta da Terra (Earthrealm). Como única opção, Raiden manda uma mensagem para ele mesmo no passado: “ele precisa ganhar”. O que isso significa? Nem mesmo Raiden no passado sabe, mas os eventos que aconteceram nos três Mortal Kombat originais serão alterados com Raiden tentando mudar o futuro. O mais interessante de tudo, sem dúvida, é ver a história da trilogia sendo reproduzida com cutscenes muito interessantes e o gameplay ser, basicamente, o jogo que conhecemos dividido em capítulo, sendo que cada capítulo é você controlando um personagem diferente. Apesar de Raiden estar tentando mudar as coisas, boa parte continua parecido com os originais e é aí que os fãs ficarão felizes. O maior problema desse modo é que a história pode ser vista por qualquer pessoa por ela começar do “zero”, mas é notável que ela é direcionada aos fãs e não será qualquer um que gostará dela. Outro problema é quando ela termina. Quem chegar lá, verá que os produtores terão uma longa jornada explicando para nós como farão o próximo jogo.

Quando terminado o modo história e já ter entendido tudo o que aconteceu com os personagens, o jogador pode explorar a Challenge Tower. Essa torre possui 300 desafios diferentes que poderiam ser classificados como minigames, pois começam com pré-requisitos como “derrotar uma quantidade de inimigos com apenas uma barra” ou “derrotar todos enquanto você perde vida” e assim por diante. Há casos especiais também, como um que faz você atirar em zumbis com projéteis de personagens. Mas acima de tudo, temos o retorno do “Test Your Might” do primeiro Mortal Kombat (aperte vários botões para encher sua barra e quebre a barra), assim como “Test Your Sight” (veja algo ser escondido e misturado, e aponte onde ele está após parar de misturar), “Test Your Luck” (uma roleta determina ocasiões especiais que podem ser boas ou ruins para você, indo ao extremo de não ter braços ou barra de especial infinita) e “Test Your Strike” (semelhante ao “Might”, mas com mais precisão). Todos esses minigames, após serem feitos na torre, podem ser jogados separadamente quando quiser.

Como pode ser notado, Mortal Kombat possui conteúdo adoiado. Fora isso tudo que foi mencionado, há também a “Krypt”, onde se pode comprar diversas artworks, roupas alternativas, Kombat Kodes (códigos que podem ser usados na tela de versus) e Fatalities (esses dois últimos são apenas “revelações”, pois podem ser feitos a qualquer momento). Mas sem um gameplay consistente, nada disso é válido. E o game possui, sim, esse ponto.

A série Mortal Kombat, querendo ou não, surgiu graças ao sucesso de Street Fighter II. A parte irônica é que o novo Mortal Kombat se inspira em Street Fighter IV. Não, não temos Focus Cancels da vida ou Ultra Combos, mas temos uma barra de “Super”, movimentos “EX” e os chamados X-Ray.

Essa barra é preenchida quando o jogador recebe dano ou desfere movimentos especiais. Golpes defendidos pelo adversário também enchem a barra. Há três níveis. O primeiro nível, assim como os outros dois próximos, podem ser usados para usar um golpe melhorado do personagem. Por exemplo, se pegarmos o personagem Smoke, seu golpe “Teleport” possui dois movimentos quando usado normalmente. Com a barra, três animações acontecem e podem enganar os mais desaviados. Mas há casos que não vale a pena usar, como o seu outro teleporte – o movimento melhorado apenas viaja um pouco mais longe e aumenta um pouco o tempo de invulnerabilidade.

O segundo nível da barra permite o uso de “Breaker”. Ou seja, se você está lutando com alguém que sabe desferir combos imensos, é possível pará-lo com isso. Basta segurar defesa e apertar para frente. Por fim, a barra cheia no terceiro nível permite o uso dos movimentos X-Ray. Cada personagem possui o seu e são animações que mostram os personagens levando danos internos e “absurdos” como o pescoço quebrando. O “X-Ray” seria o equivalente ao “Super Combo” da série Street Fighter, inclusive em seu dano: um X-Ray causa entre 30 e 40% de dano, dependendo do personagem.

Outro elemento de gameplay que chama a atenção é o “Tag Mode”. Esse modo permite lutas de dois personagens contra outros dois. E mais: não é simplesmente a mesma coisa que usar dois personagens seguidos. Você pode trocar de lutador a qualquer instante da luta (seja simplesmente trocar ou pedir que ele entre já dando algum golpe), chamar seu parceiro apenas para dar um especial e também fazer combos chamado “Tag Combos”, onde no meio do combo acontece a troca.

Mortal Kombat volta ao esquema de 4 botões para ataques e que lembram os antigos, mas não utiliza o movimento “Run” (corrida) de MK3 ou de MK vs DC. Há “dashes” que podem ser realizados com dois movimentos para frente. Outros dois botões são o Tag (explicado acima) e a defesa. X-Ray é realizado com defesa e o botão de side step (algo que possui pouca utilidade no momento até as pessoas descobrirem mais, mas até o momento, foi descoberto que a posição disso em relação ao adversário pode afetar alguns combos) eagarrões são feitos com dois botões, o que pode ser simplificado com atalho.

Em relação a combos, o jogo lembra a mecânica de Mortal Kombat 3, com comandos pré-programados, mas permitindo que os jogadores tenham liberdade em criar os seus de várias maneiras possíveis. Quanto ao balanceamento, é notável que alguns personagens se destacam para quem é do mundo competitivo dos jogos de luta. Kung Lao, Ermac, Smoke são alguns dos personagens que se destacam devido ao dano que causam com combos simples e/ou prioridades e variedades de golpes. Dado esse fato, os jogadores devem receber patches de correção a cada instante. É algo positivo pois saberemos que isso será consertado, mas negativo pois a cada instante as coisas mudarão. E mais: mudarão sem sabermos. Mortal Kombat não depende de patches para essas correções.

Por mencionar em patches, o modo Online do game possui somente o básico, sem ir muito além. Basicamente, além das divisões de partidas para o Ranked ou apenas por diversão tanto em lutas 1×1 quanto em 2×2 (inclusive com a possibilidade de dois jogadores no mesmo console), temos o King of the Hill, que é basicamente uma sala onde “quem ganha fica”.

Quem é competitivo e se interessa por rankings, o site oficial de Mortal Kombat possibilita visualizar todos eles e inclusive suas estatísticas detalhadas. Mas para isso, você precisa pegar o “Web Kode” no “Options” do jogo.

Por fim, Mortal Kombat possui a presença de Kratos, personagem da franquia God of War. Seus golpes são bastante fiéis aos que ele executa em sua série, principalmente em GoW III. Outra característica que vale ser destacada é a legenda em português do Brasil. Apesar de ter erros gramaticais e de sintaxe, é algo que permite os que não sabem inglês se divertirem também.

Mortal Kombat é um jogo excelente. Bastante conteúdo com gameplay que agradará a todos. A série voltou com tudo e esse seu destaque, toda essa discussão sobre esse novo game é merecida. Apesar de ter ocorrido alguns travamentos durante o jogo, principalmente no modo online, no geral nada foi comprometido. Agora, resta aguardarmos um Mortal Kombat “10” e ver o que será feito com a história que teve um fim bastante incomum.

Observação: Mortal Kombat possui a possibilidade de ser jogado em 3D, porém isso é algo que não conseguimos testar.

— Resumo —

+ Conteúdo imenso, com diversos destraváveis;
+ Single-player imenso, quando comparado a outros jogos de luta;
+ Modo história;
+ Gameplay consistente;

+ Modo online interessante;
+ Kratos para os fãs de God of War;
+ Legendas em português do Brasil;
+ Fãs não tem do que reclamar.

Travamentos (principalmente no Online);
Balanceamento dos personagens dependerá de patches de correção;
Fatalities semelhantes em alguns casos.

Veredito

97

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