Crysis 2

Quando foi lançado em 2007, Crysis foi ovacionado PC – em especial pelos gráficos, que até hoje são ponto de comparação para vários jogos. 4 anos depois, a Crytek nos traz a sequência, Crysis 2, agora para PC, X360 e PS3. Esta disponibilidade para consoles certamente fez muitos torcerem o nariz: jogadores de PC temiam que o jogo ficasse mais "simples", e os gráficos, menos espetaculares. Já da parte dos consoles, é difícil um jogo ser visualmente impressionante quando já se tem pesos-pesados como Killzone 3 e Battlefield: Bad Company 2 disponíveis. Tranquilizem-se: Crysis 2 é um jogo belíssimo e é ótimo. Não é original, mas é um FPS mais que competente – e que em alguns aspectos, é superior a outros do gênero.

 

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Crysis 2 é uma sequência direta do primeiro jogo, mas seu personagem principal é novo. Ao invés de Nomad, você agora encarna Alcatraz, um – surpresa – fuzileiro naval que, junto com seu time, deve se infiltrar em um submarino para resgatar Nathan Gould, um funcionário da CryNet que parece ter informações sobre como deter os Ceph, os aliens invasores do primeiro jogo. A inserção acaba dando terrivelmente errado, e praticamente todos os membros do time morrem quando os Ceph destroem o submarino. Alcatraz parece ser o único sobrevivente, mas está entre a vida e a morte. É neste momento que aparece Prophet, um aliado de Nomad no primeiro Crysis. Prophet salva Alcatraz, mas diz que está infectado com uma doença mortal e não possui muito tempo. Como Alcatraz é o único ser humano vivo por perto, Prophet deixa uma gravação para ele explicando (muito pouco) a situação e dizendo que Alcatraz deve terminar o que ele (Prophet) iniciou. Prophet então suicida-se, para que a Nanosuit que ele veste possa se integrar a Alcatraz. O processo é bem sucedido e Alcatraz vive novamente, agora ligado à Nanosuit de Prophet. Seguindo suas instruções, Alcatraz parte em busca de Gould, mas existem dois problemas: além dos Ceph que atacam tudo e todos, Alcatraz é caçado por agentes da CELL, que acreditando o homem na Nanosuit ser Prophet, buscam extrair informações dele.

 

O enredo de Crysis 2 parte de uma premissa interessante, mas a exemplo do primeiro jogo, ela é muito mal-contada e acaba sendo por vezes confusa. Os personagens são pouco interessantes, e à exceção de Prophet e Hargreave, nenhum é muito memorável ou sequer apresenta motivos para justificar suas ações (como é o caso de Lockhart, por exemplo). De certa forma, é uma oportunidade perdida pela Crytek, que poderia ter se aproveitado do enredo para fazer um conto de ficção científica bacana, mas acabou sendo apenas passável. Para quem jogou Half-Life 2, algumas características do enredo e até mesmo da progressão do jogo podem soar muito familiares, mas o jogo da Valve é até hoje padrão de comparação para narrativas de qualquer gênero, enquanto o da Crytek é, no máximo, medíocre.

 

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Felizmente, mediocridade não é o que se pode dizer do gameplay. Crysis 2 é um ótimo FPS, com bons controles e um leve toque de individualidade. Não vou me delongar muito nos controles – se você já jogou qualquer FPS, o esquema é familiar e fácil de se acomodar. As únicas diferenças marcantes são o fato de que as granadas em Crysis 2 são ativadas com dois cliques rápidos no botão Triângulo, enquanto os dois gatilhos do controle servem para ativar os diferentes modos da Nanosuit. A Nanosuit, por sinal, é justamente o toque de individualidade de Crysis 2. Ela é uma espécie de armadura futurista (inspirada pelo conceito real de Future Warriors) que opera em 3 modos distintos: o "comum", em que ela não apresenta nenhuma característica especial; Armor Mode, em que ela reveste Alcatraz com uma camada extra de proteção; e Cloak Mode, em que ela torna Alcatraz e qualquer objeto que ele esteja segurando quase invisíveis. Além disso, a Nanosuit conta ainda com 3 visores: o de combate ("normal", por assim dizer), o de Nanovision (digamos que seja uma espécie de visão térmica associada a visão noturna) e o visor tático, que mostra pontos de interesse no mapa.

 

A Crytek faz muito alarde de como a Nanosuit modifica o gameplay, e de certa forma, ela está correta. Ao meu ver, porém, o que separa Crysis 2 dos outros FPSs, e que na verdade é o seu grande trunfo, são os mapas. Crysis 2 não funciona no esquema de "corredores" popularizado por Call of Duty, e embora seu caminho a seguir seja linear, os mapas são amplos horizontal e verticalmente. De fato, a amplitude dos mapas em determinados momentos chega a lembrar os mapas de Multiplayer de Battlefield: Bad Company 2. O simples fato dos mapas serem mais abertos já garante que você possa elaborar mais estratégias para lidar com os inimigos, e aí sim, é onde entra a Nanosuit. Quando você se aproxima de um grupo de inimigos, a Nanosuit lhe avisa que existem opções táticas disponíveis. Acionando o visor tático, você poderá checar seus arredores, descobrindo pontos de interesse marcados em amarelos (um turret, caixas de munição, objetos a destruir, pontos de sniper e outros) e marcar a posição de seus inimigos. Se você decidir ativar o Armor Mode e fuzilar todos os inimigos com um turret, no melhor estilo Rambo, você pode. Se quiser ativar o cloak e se esgueirar pelas linhas inimigas, você também pode. Se quiser ficar num ponto de vantagem e usar sua DSG-1 para fazer headshots em todos enquanto se camufla com o Cloak, você pdoe também. São várias possibilidades, e mesmo quando você é obrigado a matar todos os inimigos para prosseguir, Crysis 2 nunca deixa d eoferecer mais de uma opção para lidar com o evento. Mais ainda, com o passar do jogo você adquire novas habilidades para a Nanosuit, como passos silenciosos ou a capacidade de ver a trajetória das balas inimigas, aumentando ainda mais suas estratégias.

 

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Com tudo que foi dito, você deve pensar que Alcatraz é uma espécie de Super-Homem: oras, se você pode colocar uma armadura, ficar invisível e planejar tudo com antecedência, então seu fuzileiro naval deve ser invencível e o jogo se torna sem-graça. Não é bem assim. Por tudo que a Nanosuit faz de bom, ela tem um calcanhar de Aquiles: o consumo de energia (não confundir com sua "vida"). No canto inferior direito da tela, você pode visualizar os níveis de energia da Nanosuit. Essa energia é consumida com quase tudo que você faz: correr, pular, usar a Nanovision, ficar em Armor ou Cloak Mode. Algumas ações consomem mais energia que outras (o Cloak Mode em especial devora a energia rapidamente), o que adiciona a camada final da estratégia do jogo: monitorar a energia de sua Nanosuit. Alcatraz é surpreendente frágil quando não está em Armor Mode, então você certamente não gostaria de estar no meio do fogo inimigo quando sua energia acabar e desativar automaticamente sua armadura. De forma semelhante, você não quer que a energia acabe e desative seu Cloak Mode enquanto você passa sorrateiramente pelos seus inimigos. Mesmo com alguns upgrades que diminuem o consumo de energia para algumas ações ou melhoram o tempo de recarga, a energia da Nanosuit nunca é algo que você pode (ou deve) ignorar.

 

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O Multiplayer de Crysis 2 é sólido – não há nada surpreendente ou verdadeiramente novo, mas ele é completo e divertido. Nos modos de jogo, temos (Team) Instant Action (os sempre presentes Deathmatch e Team Deathmatch), Capture the Relay (Capture the Flag), Crash Site (Headquartes), Assault (Search and Destroy) e Extraction. Não há nenhuma novidade gritante, mas é um pacote completo. A progressão do jogo é semelhante à de Black Ops: a cada Level, você recebe pontos para gastar na compra de Armas ou upgrades da Nanosuit (pensem nos Perks de Call of Duty), podendo destravar como bem entender. Tudo que se espera de Multiplayer competente está lá, mas o divertido deste modo é que todos têm acesso à Nanosuit desde o início, então as funções de Armor e Cloak fazem com que os encontros se tornem imprevisíveis.

 

Dito isto, nem tudo são flores. Por mais sólido que o Multiplayer seja, ele é terrivelmente desbalanceado, em especial pelos poderosos Sniper Rifles associados ao modo Cloak – imaginem um Sniper capaz de fazer One-Hit Kills e ser praticamente invisível a olho nu. Quando usam os upgrades corretos (como diminuir consumo de energia no modo Cloak e similares), eliminar Snipers se torna mais questão de sorte que de habilidade. Por outro lado, as outras armas, embora poucas em comparação com o festival de artilharia que é CoD, são balanceadas e não existe uma vantagem clara para uma ou outra. Outro ponto negativo do Multiplayer é o número de jogadores, suportando apenas 12 pessoas em uma mesma sala. Em compensação, o jogo é isento do Online Pass que pragueja os recentes jogos lançados pela EA.

 

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Os gráficos de Crysis 2 são belíssimos – não que isso seja novidade, dado o histórico da Crytek e, principalmente, do primeiro Crysis. Este é, sem exageros, um dos jogos mais bonitos da geração, sendo tão (às vezes, até mais) impressionante quanto títulos como Killzone 3 e Uncharted 2: Among Thieves. As texturas são ótimas, os modelos são bem-feitos e os ambientes são de cair o queixo. Mais ainda, como Crysis 2 não é frenético do início ao fim, cenas como a destruição de pontes, prédios e os "Spears" dos Ceph saindo pelo chão são surpreendentes e marcantes. Efeitos de luz e partículas, aliados às sombras dinâmica e praticamente ausência de clipping e slowdowns completam o pacote, garantindo um visual igualado por poucos. A Nanosuit é um colírio para os olhos, e possui até mesmo uma "showroom" dedicada a ela. A física do jogo é ótima (embora não seja ainda do mesmo nível que Bad Company 2), e existe um toque interessante na movimentação de Alcatraz: no geral, ele se move rapidamente, como se esperaria que um ser humano usando uma super-armadura o faria. Ao ativar o Armor Mode, porém, Alcatraz se torna muito mais "pesado", e ações como pular e correr se tornam mais lentas ou prejudicadas. Tecnicamente falando, Crysis 2 é um espetáculo visual excelente.

 

Excelente também é a trilha sonora, embora não o pareça de início. A música tema é cansativa e enjoa rapidamente, mas as demais composições, assinadas por Borislav Slavov, Tilman Sillescu, Hans Zimmer e Lorne Balfe são variadas e possuem um trabalho de orquestra fantástico. As vozes, infelizmente, não acompanham o mesmo padrão. Embora sejam boas no geral, elas por vezes soam forçadas demais, em especial Gould. O destaque positivo vai para a voz "cool" da Nanosuit, sempre avisando se você ativa o modo Cloak ou Armor, se há opções táticas disponíveis, qunal o objetivo atual… Tudo em uma voz caracteristicamente metálica e marcante, que em certos momentos lembra a voz que anunciava a entrada em Zero-G no Dead Space original.

 

 

Crysis 2 é surpreendentemente longo, mais ainda para uma geração em que FPSs não costumam durar mais que 8 horas. O jogo da Crytek gira em torno das 15 horas e possui vários colecionáveis. Os sempre presentes troféus garantem mais vida útil ao Single Player, enquanto o Multiplayer por si só já é bacana e pode garantir muitas horas de diversão. Crysis 2 não é nenhuma revolução no gênero – e francamente, isso não é necessário para que o jogo seja bom. A Nanosuit abre mais possibilidades estratégicas, os gráficos são espetaculares e o Multiplayer é divertido, mas o que solidifica Crysis 2 são a Campanha abundante e os mapas consideravelmente mais abertos. Crysis 2 não é perfeito, mas se você gosta do gênero, é impossível errar com o jogo da Crytek.

— Resumo —

+ Gráficos lindíssimos
+ Trilha sonora invejável
+ Campanha longa (cerca de 15 horas) com ótimo ritmo
+ Mapas abertos, aliados à Nanosuit garantem várias possibilidades de abordar os combates
+ Multiplayer sólido

Poucas armas
Vozes por vezes forçadas
Personagens pouco interessantes
Multiplayer desbalanceado
História boa prejudicada por uma exposição inconsistente

988

Veredito

91

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Troféus:

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