The Witcher finalmente teve sua estreia na Netflix na última sexta, 20 de dezembro. Muitos fãs conheceram a franquia através de The Witcher 3: Wild Hunt, o que significa que a história contada na série é, de certa forma, completamente inédita para eles – a não ser que tenham lido os livros.
The Witcher é uma obra de Andrzej Sapkowski. São sete livros principais: O Último Desejo, A Espada do Destino, O Sangue dos Elfos, Tempo do Desprezo, Batismo de Fogo, A Torre da Andorinha e a A Senhora do Lago. Há ainda um último que saiu recentemente, Tempo de Tempestade, que conta uma história paralela e que acontece no mesmo período de O Último Desejo.
Desses sete livros, os dois primeiros – e que a primeira temporada da série da Netflix é baseada – são contos isolados. Ou seja, cada capítulo é quase que independente e conta uma história com começo, meio e fim. Alguns fatos, é claro, são considerados nos contos seguintes, como Geralt já ter encontrado Yennefer e Jaskier (Dandelion no jogo) anteriormente. Mas o que acontece na história em si é basicamente algo isolado.
Dito isso, a partir de O Sangue dos Elfos é que temos uma narrativa contínua e que segue até A Senhora do Lago. Mas esses contos iniciais não deixam de ser importantes, pois, como dito, mostram como os personagens principais se conheceram – entre outras coisas.
A série da Netflix utiliza os dois primeiros livros como base, mas muita coisa foi alterada, principalmente na questão temporal. Caso não tenha percebido, são três linhas do tempo (Geralt, Yennefer e Ciri) que no fim acabam se juntando em uma só – e pronto para dar o início da segunda temporada.
Abaixo você confere dez itens que mostram as diferenças entre a série da Netflix e os livros. Só há spoilers da primeira temporada. Não mencionaremos coisas que acontecem nos livros e ainda não ocorreram na série – pode ficar sossegado quanto a isso!
1. Passado de Yennefer
Por incrível que pareça, todo o passado de Yennefer com Tissaia e em Aretuza foi criado pela série. É isso mesmo: tudo o que ela viveu e aprendeu lá não existem nos livros (e isso inclui jogar amigas transformadas em enguias num lago). Até o lance do bebê morto e aquela batalha antes disso também são exclusivas da série.
No entanto, o livro deixa claro que Yennefer era uma corcunda e que sua tentativa de suicídio realmente aconteceu. Além disso, Yen tem um relacionamento com Istredd, mas não daquela forma. O restante da história, no entanto, é mais ou menos fiel ao livro, principalmente toda a parte com Geralt.
2. Yennefer e seu Útero
Na série, Yen decide trocar o seu útero por beleza. Isso não é dito especificamente nos livros. É claro: os bruxos, as feiticeiras e as dríades, por exemplo, possuem problemas de esterelidade. Porém, o motivo (exceto para os bruxos, que sabemos que são devido às mutações) nunca é explorado a fundo nos livros. Portanto, a troca de sua fertilidade por beleza foi algo inventado pela série.
Porém, de forma intrigante, tanto o livro quanto a série possuem esse foco na Yen querer ter filhos (ou pelo menos ter a escolha disso). Mas somente um deles nos deu clareza no assunto.
3. A Infância de Geralt
Em um dado momento da série, Geralt é mordido por um monstro e acaba ficando envenenado. Por conta disso, ele começa a ter alucinações com sua mãe, Visenna, e sua infância. No livro algo similar acontece, mas a série é mais profunda nesse aspecto.
A profundidade está no fato de que a mãe de Geralt sabia sobre o destino dele e há até indícios de que ela mesma escolheu que seu filho se tornasse um bruxo.
Aliás, os livros dão dicas de que o próprio Geralt seria uma recompensa da “Lei da Surpresa” (no caso, para Vesemir), da mesma forma que Ciri. Mas Geralt nega isso na história, então não sabemos se isso é real ou se é mais uma de suas tentativas de negar o destino.
4. A Queda de Cintra
Cintra é uma cidade importante na primeira temporada de The Witcher. Não só isso, mas o telespectador assiste à sua queda logo no início – e até Geralt está lá quando isso ocorre.
Nos livros, além disso demorar para acontecer (Nilfgaard invade somente no final do segundo livro), só ficamos sabendo do que aconteceu através de terceiros (no caso, Jaskier menciona o que aconteceu para Geralt).
Mas Geralt estar no local durante a queda é algo bem diferente dos livros. Neles, Geralt fica sabendo da queda da cidade, corre até lá e descobre que não há sobreviventes – nem mesmo Ciri sobreviveu. Na série, como vimos, antes mesmo de Nilfgaard invadir, o bruxo está lá e é até tenta ser enganado pela rainha Calanthe.
5. Jornada de Ciri
Depois que foge de Cintra, os livros não contam toda essa jornada de Ciri fez. Basicamente, nos livros, ficamos sabendo que Ciri é levada por Cahir (um soldado de Nilfgaard) depois da queda de Cintra. Depois de tirá-la da cidade, Ciri consegue fugir de Cahir e, mais tarde, encontra Geralt. É algo simples assim.
Ou seja, o amigo elfo de Ciri na série, Dara, foi inventado e não está nos livros. Toda a parte que envolve o metamorfo que matou Myszowor também não existe. Aliás! Isso tudo não existe nos livros a ponto de afetar os jogos! Myszowor é um personagem que existe e está vivo em The Witcher 3: Wild Hunt. Você se lembra de Arminho quando está em Skellige? Myszowor é ele, apenas com outro nome (da mesma forma que temos Jaskier e Dandelion)!
Nos livros, porém, Ciri vai para a floresta de Brokilon, mas em outras circunstâncias. Em um dado momento do enredo, Ciri – querendo fugir de um casamento proposto – acaba entrando na floresta e Geralt, por coincidência, está na região e fica com o objetivo de tirá-la de lá. É aqui que os dois se encontram, pela primeira vez, nos livros. As dríades queriam que Ciri se tornasse uma delas, mas a garota era imune às águas mágicas que deixam o destino tomar conta e, por isso, Geralt pode levá-la. E é aí que Geralt também nega o destino e insiste em retornar Ciri a Cintra.
6. Triss Merigold
Triss é uma personagem importante em toda a saga dos livros e até mesmo nos jogos. Porém, sua introdução acontece bem mais tarde nos livros e no máximo há uma menção a ela antes disso.
A história em que Triss aparece na série é, literalmente, o primeiro conto do livro “O Último Desejo”. Nele, a pessoa que quer que Geralt cure a Striga é alguém sem importância. Mas a história do rei Foltest é a mesma nos dois casos e Triss realmente foi a sua feiticeira. Então colocá-la nesse momento na série para ajudar Geralt além de fazer sentido, foi uma forma muito boa de introduzir a personagem que será muito importante no futuro.
Triss aparece novamente na Batalha de Sodden, o que faz total sentido também.
7. A Batalha de Sodden
Acredite se quiser: essa batalha não é contada nos livros. O seu resultado é mencionado diversas vezes, porém, mas a batalha em si fica apenas em nossa imaginação.
Nos livros, Geralt visita Sodden para ver se o nome de Yennefer está entre os mortos. Não vamos dizer o que acontece depois da batalha, mas saiba que, ao menos nos livros, o nome de Triss está entre os mortos e isso será uma confusão no futuro.
8. O Último Desejo
Durante a história com o djinn, Geralt precisa fazer seu último desejo para que o ser seja libertado. Nos livros, não é explicado o que Geralt desejou. Na série também não. Porém, nos livros, Yennefer escutou o que Geralt pediu e sua reação a isso nos dá um gostinho do que foi esse pedido:
Viu a reação de Yennefer no livro? Na série, ela reage de forma negativa quando descobre o que Geralt desejou, se indagando se os seus sentimentos por ele são reais ou consequência do desejo.
De qualquer forma, fãs não acreditam que o desejo de Geralt seja apenas para que Yennefer se apaixone por ele (algo simples assim). Existem teorias de que Geralt pediu para ter uma criança com Yennefer ou ainda, que morresse com ela. Em ambos os casos dessas teorias, o djinn não poderia matar Yennefer.
No fim, o último desejo de Geralt será um mistério e a única coisa que saberemos dele é que mantém Yennefer na vida dele.
9. Os Poderes de Ciri
Se você jogou The Witcher 3: Wild Hunt, sabe que Ciri possui poderes extraordinários. Nos livros, há algumas dicas de que ela é poderosa, mas são muito sutis, como dizer a Geralt que estão indo pelo caminho errado ou ser imune às águas de Brokilon. Apenas no quarto livro é que começamos a ter uma noção maior do que a garota é capaz de fazer.
Na série, porém, é evidente que Ciri é poderosa, principalmente quando se sente ameaçada. Lembra da cena em que ela fica em transe e começa a dizer uma profecia do fim do mundo? Pois bem, essas transes que Ciri sofre só ficam em evidência a partir do terceiro livro.
10. Dragão Dourado
No fim, essa história é bastante parecida com a que podemos ler nos livros. Esse item encontra-se na lista apenas porque a série terminou o episódio de forma diferente.
Na série, Geralt briga com Yennefer e Jaskier. Nos livros, é algo bem mais pacífico, sem essa briga, e com um diálogo que senti bastante falta.
Tanto no livro quanto na série, Téa e Véa dizem em um dado momento que Borch é formoso ou o mais lindo de todos. À primeira vista, isso soa como piada – afinal, é um senhor de idade e nada mais que isso. No fim do conto no livro, Geralt conversa mais uma vez com Téa e Véa após toda a história que se desenrolou e comenta que Borch é, realmente, um ser formoso (por ser um raríssimo dragão dourado). Esse diálogo que conclui a história no livro não existe na série.