Análises

WWE 2K25 – Review

Dizer que a franquia WWE 2K vem em uma sequência de bons resultados é dizer o mínimo. Após alcançar o mais profundo dos poços, a série tem seguido numa constante de acertos, incluindo mais e mais elementos nos últimos anos que tem mantido os fãs presos ao título durante todo o seu ciclo de lançamento, mesmo que com alguns pequenos tropeços, à exemplo dos DLCs do Season Pass do ano passado.

De certa forma, é um reflexo da sequência absurda de sucessos que a própria WWE vem tendo nos últimos anos, especialmente desde que Paul “Triple H” Levesque assumiu o controle do booking da mais icônica companhia de luta livre do mundo. Em um momento em que qualquer pequeno erro soa apenas como um percalço e não um anúncio do apocalipse, como as coisas costumavam ser no passado, essa mesma filosofia parece se espelhar na versão digital das ações dentro do ringue.

Era natural então que WWE 2K25 tenha decidido por colocar no centro de toda a ação um dos nomes mais associados com esse que é o maior período de crescimento do esporte nos últimos 30 anos: Roman Reigns. Em uma versão bem diferente do “Big Dog” que foi estrela de capa do amaldiçoado WWE 2K20, agora temos o “OTC”, talvez a maior estrela da WWE hoje, sendo não só a figura central de duas edições (Standard e Bloodline Edition), mas também parte fundamental do Showcase deste ano e do novo modo de jogo que o título traz.

WWE 2K25

Tal qual em anos passados, o Showcase é um dos grandes destaques do título. Dessa vez chamado de Bloodline Dynasty, ele se foca não só em lutas icônicas de Reigns e seu lendário grupo, o Bloodline, mas toda a linhagem das famílias Anoa’i, Fatu e Maivia. Isso significa que atletas como Reigns, Jey e Jimmy Uso, Nia Jax, Jacob Fatu, Solo Sikoa, The Rock, Rikishi e Yokozuna estão representados aqui, com lutas que representam importantes momentos daquela que é, sem sombra de dúvidas, a mais importante e impactante família da Luta Livre.

O Showcase começa com o evento principal do WrestleMania XL, no qual Cody Rhodes derrotou Roman Reigns pelo título. A partir daí, o jogador tem acesso ao já conhecido formato do modo, alternando entre entrevistas recontando momentos icônicos envolvendo essas lutas, aqui narrado pelo lendário Paul Heyman, e lutas na qual precisará recriar momentos icônicos do esporte seguindo objetivos in-game. É uma forma muito legal de relembrar esses eventos e apresentá-los para jogadores que ainda não os conhecem ou revivê-los para os mais velhos.

Um dos pontos mais interessantes, no entanto, é que este ano o modo traz uma variação bem legal à fórmula já conhecida: você não só reviverá momentos icônicos, mas tem a oportunidade de “corrigir” momentos em que as coisas deram errado para a Bloodline ou até mesmo criar novas lutas dos sonhos que não puderam acontecer. Com isso, o modo agora é dividido entre Relive History, Change History ou Create History. É uma abordagem muito bem-vinda e traz um frescor importante ao modo que vai além apenas da obrigação de jogá-lo para desbloquear novos lutadores (e há mais de 70 recompensas para conquistar aqui).

WWE 2K25

A outra grande adição fica por conta do “The Island” e aqui talvez tenhamos o primeiro grande erro dessa nova fase da franquia. Não há outra forma de descrever o que o modo é se não uma clara tentativa da Visual Concepts de transportar o seu (consideravelmente bem-sucedido) sistema de monetização do NBA 2K para cá só que, ao invés de habitar uma cidade como no The City, o jogador tem à sua disposição uma ilha (naturalmente, inspirado nas diversas vezes em que Roman disse que estar envolvido com ele era “habitar a ilha da relevância”).

Essa ilha é exatamente o que o jogador já familiarizado com a sua versão para o jogo de basquete esperaria. Ela é dividida em diferentes distritos, cada qual com seu grande foco, que podem ser visitados e explorados por lutadores criados pelos jogadores, além de completar missões, explorar diferentes narrativas, eventos ao vivo e desafios, tudo com o objetivo final de se juntar à mesa do Reigns. Segundo a 2K, o modo deve comportar até 50 jogadores online ao mesmo tempo em cada ilha, algo que, naturalmente, não conseguimos testar, mas foi possível ver o local sendo “explorado” por NPCs e alguns outros jogadores.

O modo, que está disponível apenas para o PS5 e Xbox Series, promete uma experiência de última geração mas é, sinceramente, um gigantesco passo para trás em diversos aspectos. Visualmente, o jogo sofre um considerável downgrade, incluindo nas supostas “cutscenes”, que retornam ao antigo sistema de meras linhas, não-dubladas, em uma imagem estática. Os distritos são legais e inspirados por lutadores icônicos (com o Arcade of Tomorrow um destaque especial), mas deixam a desejar com as opções disponíveis para o jogador neles.

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E, principalmente, o modo adota o sistema predatório de monetização em que há um foco imenso para que os jogadores estejam no mais alto nível para conseguir lutar de igual para igual nos modos ranqueados, que é onde você de fato irá ganhar XP e VC, mas para isso, você precisará de um investimento considerável para tirar seu personagem do nível mais baixo. O modo em si também tem recompensas com seu próprio “passe de temporada”, mas comprar itens de customização mais interessantes e upgrades para o seu personagem exigem VC e o ganho é tão baixo a cada luta que é uma sensação constante de estar sendo forçado a realizar microtransações.

Felizmente, os outros modos de jogo receberam upgrades e entregam tanto conteúdo que é possível fingir que o The Island não existe. O Universe Mode finalmente tem o retorno de Promos e a possibilidade de realizar tanto PLEs em vários dias quanto vários PLEs num dia só. MyGM recebeu, finalmente, um modo Online no qual até quatro jogadores poderão competir para que o seu show seja o melhor de todos, além da possibilidade de realizar Premium Live Events com mais de uma marca e mais lutadores, mais General Managers e mais opções de customização.

O MyFaction trouxe uma série de pequenas melhorias de qualidade de vida, incluindo a troca do Proving Grounds pelo World Tour, dando agora uma não-linearidade para o modo, com suporte a mais tipos de luta para os Live Events, mais pacotes temáticos, 50 novos estágios e melhorias também para o Faction Wars. E, principalmente, o MyRISE também foi reformulado, contando com uma única história para ambos os gêneros, chamada Mutiny, também com vários finais baseados nas escolhas de diálogo do jogador, além de mais personagens, arenas, lugares para lutas no backstage, Ally Storylines, missões secundárias na qual você controla seus aliados e, principalmente, suporte à uma das grandes novidades de gameplay desse ano: lutas entre gêneros.

WWE 2K25

Embora isso siga sendo um tema um pouco polêmico na vida real, os chamados Intergender Matches se tornaram um desejo dos jogadores graças ao crescimento em popularidade de estrelas como Rhea Ripley e suas interações (e vingança contra) Dominik Mysterio. Em razão disso, ele retorna aos jogos da WWE pela primeira vez em 16 anos, na qual os jogadores poderão colocar estrelas masculinas e femininas para interagirem no ringue, incluindo lutas específicas para isso no MyRISE e a possibilidade até de criar uma divisão dedicada para tal no Universe Mode (embora não exista suporte para isso no MyGM ou MyFaction). Além disso, Bloodline Rules (sem desqualificações com até 06 interferências) e Underground Matches (ringue sem cordas em que só é possível vencer por submissão ou nocaute) fazem suas estréias no jogo deste ano.

Por último, em relação ao gameplay, várias pequenas melhorias foram feitas. A principal delas é o retorno do Chain Wrestling, ausente desde o WWE 2K20, que permite aos lutadores encaixarem vários golpes em sequência, algo que os fãs vinham pedindo há muito tempo. Agora também é possível subir nas barricadas para realizar ataques aéreos, uma nova classe de personagens, chamada de Giant (pense no Omos ou Andre the Giant), está disponível, suporte à câmera em 3ª pessoa, o retorno do sistema de submissão em círculo e um novo minigame nas Ladder Matches também foi adicionado. Todas importantes e bem-vindas adições ao gameplay que tornam o combate o melhor da série até aqui.

No geral, WWE 2K25 é mais um importante e muito bem-vindo acerto da 2K em sua série de Luta Livre, mas uma que não consegue evitar um gosto amargo oriundo de um modo específico e a abordagem de monetização adotada nele, mesmo em meio à vários problemas técnicos que o tornam vastamente inferior ao restante do título. É quase impossível imaginar ele sendo abandonado, mas, se o ignorarmos, o que temos aqui é mais um ótimo título de wrestling que irá agradar tanto aos fãs de longa data quanto aqueles cativados pelo enorme sucesso da WWE nos últimos anos e que buscam recriar momentos icônicos do ringue em um cenário virtual.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela 2K Games.

Veredito

WWE 2K25 mantém a curva ascendente da série, com importantes melhorias de gameplay e bem-vindos ajustes aos modos já existentes, incluindo um excelente Showcase que, de alguma forma, supera o do ano passado. O problema é que o seu único tropeço é bem grande: o altamente dispensável The Island.

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