Wizard With A Gun é um roguelike envolto em mundo consumido por uma força que está prestes a destruir tudo em cinco minutos. Nosso papel como magos, é manipular o tempo, retornando várias vezes até encontrar uma solução e evitar que o mundo seja destruído. Toda vez que retornamos e manipulamos o tempo, nada será como antes, com ambientes, inimigos e desafios surgindo aleatoriamente.
O jogo apresenta diversos itens para personalizar seu mago, imprimindo sua personalidade no personagem. São opções de chapéus, amuletos, túnicas, Luvas, botas, mochilas , máscaras , formato dos olhos e cor dos olhos. Após a explosão, nosso mago acorda literalmente sem arma. Como tutor, surge o “Criptomante”, uma criatura roxa que explica, com toques de humor, a situação atual. O objetivo do Mago será entrar na “Torre” para rebobinar o tempo para antes do momento em que o “Caos” iniciou a destruição de tudo que é conhecido.
O uso de portais torna-se necessário porém, todos estão fechados na Torre. A antiga detentora do posto de mago está morta e ela havia conseguido a liberação dos mesmos com o uso de “arcana” . Com o “Caos” sendo apenas energia mágica, ao enfrentá-lo, ganhamos um pouco de arcana. A famosa arma, que dá o título do jogo, ajuda na eliminação dos “monstros do caos” que soltam arcana quando eliminados.
A movimentação do mago inicialmente soa estranha, com a adaptação sendo uma questão de tempo. Suas ações englobam soco, esquiva, atirar, recarregar, consumir item e escanear objetos. O soco é utilizado para a destruição objetos no cenário, o que resulta em um drop de itens para o inventário do mago. Nota-se que ao mesclar a forma como destruir itens no cenários, os drops surgem com variações diferentes.
São muitos os itens disponíveis, como a “Galha”, consumível que aumenta a vida do mago. Outros exemplos de itens são: madeira, folha azedinha , pedra, restos de metal, bloco de vídeo, tomo arcano, óleo de Mecana , nano gigante, chapéu-de-cobra perfumado, olho de miaugouro, cérebro pequeno, entre outros. Tais itens são gerenciados em um menu composto por sua bolsa, apresentando itens coletados, o menu de personalização, de criação e dados. Wizard with a Gun preza pela coleta e criação de itens, forçando jogadores para o gerenciamento de recursos. Uma arma, por exemplo, requer 5 madeiras para sua criação. Já o “chá azedinho”, utiliza 4 folhas azedinhas.
Na “Bancada de Carga” , construímos feitiços ligados a arma, balas e pólvoras, utilizando recursos encontrados pelo mundo. Esse sistema de criação de Wizard with a Gun é amplo e excelente, demonstrando todo o potencial de abordagem e estratégias dentro das missões, já que diversos recursos estão ali para a criação e cabe ao jogador, optar pela melhor abordagem. Ao criar uma bala especial chamada “Bala da destruição “ , que utiliza madeira como recurso, garantimos ganho de recarga e 30 de dano, entre outros diversos exemplos de criação.
Outro recurso interessante é o “Criamundos”, utilizado para construir e destruir mobília. De início não entendi muito o processo e sua utilização, com tantas informações no jogo, o fator “estou perdido” pode surgir com frequência, então , procure ler as instruções em tela. Nesse quesito, Wizard With a Gun não economiza com detalhes e informações através de diálogos e também pelo próprio livro ao escanear os objetos.
O livro chamado “A Primeira Edição” é utilizado para escanear objetos que são indicados no cenário, sendo uma mecânica antiga capaz de aprender sobre o mundo ao redor. Ao escanear objetos, descobrimos mais sobre eles, além de fornecer receitas para criação. A torre, uma espécie de QG do mago, contém a “ A Roda da Cronomancia” , a “ Mecana de Pesquisa” , “Aniquilador de Arcana” , o “livro do alquimista” e o “Banco de Arcana”. A Roda da Cronomancia é uma teomaquina que rebobina o tempo, cujo funcionamento necessita de “ Engrenagens Anciãs”, espalhadas pelo mundo sandbox de Wizard with a Gun. Ao rebobinar o tempo, descobrimos mais sobre a ruptura.
Ao atravessar o portal liberado, começamos uma nova expedição com duração limitada e objetivos específicos, ao morrer, nossos itens saem da mochila e retornamos ao “Amarralmas”, mantendo o padrão punitivo já conhecido entre os jogadores. O sistema de combate constantemente é frenético, exigindo o domínio da mira da arma do mago, algo que nem sempre funciona como gostaríamos. Os inimigos atuam com abordagens diferentes, alguns agressivos. Durante o combate, alternamos entre as armas criadas e munições existentes, além do uso de uma espécie de roda de inventários para acessar os itens disponíveis.
Este é um jogo que requer paciência e dedicação do jogador, algo que pode afastar jogadores ocasionais que não dispõe de muito tempo em um jogo. Literalmente você enfrenta um ciclo constante: sair, coletar recursos, fabricar equipamentos, obter mais equipamentos, usar os mesmos equipamentos para desbloquear novos locais. Apesar do ciclo, existe progressão. As armas surgem conforme o tempo, com modelos que incluem SMG, espingarda e morteiro, cada uma utilizando dois conjuntos de balas e as balas são o grande destaque.
A variedade é enorme, cada uma modificada pelo nível da bala, pela arma que será utilizada e pela pólvora. Com o progresso, obtemos mais efeitos. O tipo de bala utilizada para acertar objetos também é inteligente e uma mecânica muito bem elaborada. Atirando em uma árvore com munição de fogo, fornece carvão, com munição de veneno, madeira envenenada.
Quanto a jogabilidade, a diversão estará garantida, pois, em minha opinião, o design de nível realmente brilha. Adorei o visual combinado de fantasia e oeste selvagem, com animações igualmente elaboradas com a estética de mundo. Os NPCs, apesar de simples, são divertidos e coloridos. Associado ao visual, os elementos sonoros e a música completam o clima charmoso e estiloso de Wizard With a Gun, principalmente pelos acordes de guitarra.
Não notei problemas de performance no jogo, porém, achei bem estranho que elementos do cenário como paredes e outros itens literalmente somem durante nossa movimentação no cenário. Algo bem estranho, sendo proposital, diria que a abordagem poderia ser diferente, pois soam como “falhas” e não achei que combinam com os cenários bem elaborados.
Com todos os elementos descritos acima, Wizard With a Gun é um indie bem concebido, combinando sistema de exploração e construção desenvolvidos de forma que jogadores possam usufruir de ambos elementos sem a sensação de repetição ou sobrecarga de funções. A sensação de fluidez existe, uma grande variedade de inimigos te mantém entretido, no entanto, não possui profundidade em sua narrativa.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Devolver Digital.