Análises

Windswept – Review

Donkey Kong Country 2 ainda é um dos melhores platformers de todos os tempos. Com esse pensamento, tenho bastante apreço por jogos que se inspiram naquela série do SNES, como o brasileiro Kaze and the Wild Masks e o maltês Nikoderiko and the Magical World. Ambos são ótimos jogos, com muito sucesso em referenciar a gameplay e o espírito de suas fontes. Agora, chegou mais um para a lista de afilhados dos macacos: Windswept.

Desde a primeira vez que vi Windswept, o chamo de “o DKC do pato”. E é isso mesmo que o jogo pretende ser, com a ressalva de que a ave divide o protagonismo com uma tartaruga, uma dupla animal no bom e velho estilo de plataforma de mascote da virada do milênio.

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Está tudo ali: a seleção de fases via mapa do mundo, as fases lineares com ênfase em plataforma, os estágios bônus escondidos, os “barris” de lançamento, as letras e itens secretos para coletar, os animais de montaria, a sequência de rolagem e pulo para alcançar mais longe, a capacidade de planar, e por aí vai.

De certa forma, Windswept cumpre bem seu propósito, com controles precisos e design de níveis variados e bem planejados. A questão é que ele não vai muito além de executar bem sua essência de homenagem.

Os visuais são bonitinhos, mas pouco expressivos. A ambientação é genérica e, mesmo que um platformer de mascote não precise de uma narrativa elaborada, é essencial que a apresentação transmita personalidade e, idealmente, carisma — no entanto, não temos muito disso no “DKC do pato”.

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O principal aditivo é o modo cooperativo para duas pessoas. Além da diversão em equipe, há o fato de que o pato e a tartaruga têm movimentos distintos um do outro e têm contribuições diferentes para a gameplay.

A dificuldade elevada não ajuda a valorizar o charme da aventura. O desafio está mais no posicionamento de inimigos do que nos pulos de plataforma e me vi repetindo certos trechos muito mais vezes do que eu gostaria. É uma gameplay que requer bastante precisão, o que significa acertar o topo da cabeça dos bichos para derrotá-los. Se seu pulo acertar um pouquinho na lateral deles, já era, uma vez que o pato e a tartaruga só têm um mísero ponto de vida.

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Para compensar, os modificadores opcionais são vários, influenciando na dificuldade para mais ou para menos. Por exemplo, é possível aumentar a quantidade de checkpoints ou ir logo ao extremo de ter pulos infinitos e invencibilidade, enquanto, por outro lado, também dá para retirar todos os checkpoints ou se submeter ao desafio de ter que evitar pegar qualquer moeda ou matar inimigos, sob pena de morte súbita.

Sempre sou favorável a esse tipo de ajustes, mas também tenho críticas ao modelo que confunde flexibilidade por um “tudo ou nada”, sem meios-termos. Por exemplo: seria bom que, além da invencibilidade, houvesse opções de ter dois ou três pontos de vida. O pulo duplo também seria muito útil para muitos que não querem ter que recorrer aos pulos infinitos.

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Também há relógios para marcar o tempo, o que indica que os speedrunners foram levados em consideração quando Windswept foi feito.

Encontrei alguns bugs chatos, especialmente um que aconteceu várias vezes ao jogar em dupla: após sair de um estágio bônus, os personagens ficaram presos dentro do cenário. Na maioria das vezes, bastou tentar mover loucamente até conseguir sair de lá, mas, em um caso, foi necessário reiniciar a fase pelo menu. Não tive esse problema ao jogar sozinho.

No fim das contas, Windswept não vai muito além da superfície, sem pretensões de ser mais do que um platformer de mascote inspirado em uma das melhores séries do gênero. É bonitinho, controla bem, tem montes de colecionáveis para buscar e co-op para duas pessoas. Enquanto acerta na homenagem, porém, deixa de reforçar sua própria identidade e perde a chance de ter atrativos próprios.

Windswept está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Top Hat Studios.

Veredito

Windswept leva sua inspiração em Donkey Kong Country ao pé da letra, criando uma aventura de plataforma muito parecida com as da trilogia clássica. A dificuldade é elevada e é frustrante repetir certos trechos vez após vez, mas as opções de acessibilidade garantem que ninguém fique impedido de progredir no jogo. Mesmo que não faça nada para se destacar, é uma boa diversão para quem gosta de games de plataformas de mascote retrô.

70

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