Escreveu Anne Frank outrora em seu diário, que “os mortos recebem mais flores do que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão”. E de fato costumamos valorizar mais o que perdemos do que o que temos e ganhamos. Logo, o exercício de festejar a vida, o presente e aqueles que ainda estão conosco é uma prática que vale a pena nos lembrarmos e propormos a realizar.
E foi isso que pude compartilhar na noite desta quinta feira, 5, ao lado de diversos outros membros da imprensa, indústria e fãs que compõem a história e a família que faz do PlayStation o que ele é, e que se tornou desde seu nascimento há 25 anos atrás.
Forjado num tenso mercado de jogos no final da década de 90, com não só dois grandes concorrentes no mercado de consoles – como é hoje em dia – mas quatro. Cada um tentando descobrir como entrar na era dos 32 bits e do 3D. Após um duro golpe da Nintendo, que seria sua parceira originalmente, foi através do famoso deboche (e de muito trabalho duro por trás das cenas) que nasceu o PlayStation, ao ter seu preço de 299 dólares anunciado pela Sony na primeira E3 da história, em 1995.
E foi também com esse mesmo senso de humor, carisma e agressividade que a marca, no lançamento do PS4, se recuperou de uma geração conturbada, manchada principalmente por uma grande crise financeira global, preços altos, dificuldade no desenvolvimento de jogos e problemas com seu serviço online – que incluiu até um massivo ataque de hackers que tornou vulneráveis inúmeras contas e cartões de crédito. Demonstrando com muita sagacidade – dessa vez na E3 de 2013 – como o jogador iria poder compartilhar seus jogos com amigos no PlayStation 4 e passando todas as mensagens certas, a Sony poderia então recuperar o fôlego – e não só isso, mas conseguir chegar ao topo, subindo até o segundo lugar na lista de consoles de mesa mais vendidos de todos os tempos.
Creio que “compartilhar” – como empreguei deliberadamente no início – é a palavra chave dessa geração. Poder compartilhar seu gameplay ao vivo, sua sessão de jogo e seus momentos favoritos com amigos e o mundo se tornou essencial na internet, e o botão Share abriu essa porta para os consoles de uma forma que definiu essa era – por sua vez preenchida com inúmeros jogos que permitiram momentos únicos e pessoais para cada um, com grande liberdade de expressão, dando aos jogadores ainda mais motivos para compartilhar.
Nesse aniversário de 25 anos, compartilhamos num momento de festa as nossas lembranças mais nostálgicas, e brindamos a um futuro brilhante – que, coincidentemente, começa ano que vem.
Ao adentrar no Branco – espaço de eventos corporativos na rua da Consolação, próximo à Avenida Paulista – os visitantes se deparavam com algumas estações de PSVR, e um PS4 Pro para cada grande game lançado pela Sony desde a chegada de seu último console – de Knack (sim) a Death Stranding. Mas após sua abertura oficial, fomos convidados a conhecer quatro cenários recheados de nostalgia: três quartos ambientados na época de lançamento de cada console – estes jogáveis durante a festa.
Primeiro, um quarto com um PS1 conectado a uma TV de tubo rodando Driver, pôsteres que iam de Kurt Cobain ao Tetra mundial do Brasil, e discos de vinil do Negritude. Em seguida, um PS2 rodando Black, Need for Speed Underground 2 e GTA San Andreas, num quarto ambientado nos anos 2000. Por último, um quarto com um PS3 rodando Guitar Hero 3, onde os visitantes podiam tomar uma surra tentando jogar com a guitarra. Ao lado havia também um display com versões diferentes do PSP e PS Vita. Pura nostalgia.
Para que você possa compreender melhor minha experiência nesse evento, visualize-se sentado à mesa com Crash Bandicoot e Aloy – as ruivas que se tornaram ícones do PlayStation em sua primeira e atual geração, respectivamente, e que também nos recepcionaram no evento. Imagine compartilhar uma bebida com eles enquanto tenta processar o sufoco de estar dentro da pele de Crash, e a força necessária para suportar o fardo de Aloy.
Pense na dificuldade de respirar e enxergar dentro daquela fantasia, e em como a Sony estava nesse mesmo lugar nos anos 90 – sem poder ver claramente como seria o futuro dos videogames, e o sufoco em tentar encontrar um mascote para rivalizar os gigantes Mario e Sonic. Ou então, no quanto as pessoas esperam de você, como novata, depois dos já velhos Kratos e Nathan Drake, ou no jogo de cintura necessário quando todos querem tirar uma foto com o fofo do Crash e você precisa manter sua pose com força inabalável.
Coincidência ou não, não poderiam haver ícones melhores para simbolizar esse ciclo de 25 anos que se encerra. O mascote que deu vida à Sony no mercado de games – que continua muito vivo, obrigado, e que também foi criado pela Naughty Dog, sem dúvidas o estúdio mais importante para a marca até hoje – e a personagem nova que se tornou referência no PlayStation 4 em Horizon Zero Dawn, vinda surpreendentemente da Guerrilla Games – responsável pela série de tiro Killzone – cujo diretor e co-fundador, Hermen Hulst, se tornará o próximo presidente da PlayStation Worldwide Studios e deverá guiar o barco nessa geração que está para se iniciar. Um brinde ao Crash e a Aloy! Sem vocês não teria sido a mesma coisa.
E que continuemos a celebrar e a compartilhar em vida os consoles, os jogos, os personagens e as histórias que vivemos e que fazemos, graças àquele rebelde e debochado que gosta de chegar na treta com os dois pés no peito do adversário. Vida longa ao PlayStation!
Agradecemos à Sony pelo convite para participarmos desse Happy Hour.