Hype é um elemento perigoso na indústria dos videogames. Certamente você poderá pensar em diversos jogos que te deixaram hypado e as contrastantes sensações que se sente quando finalmente o título está em suas mãos. Seja a ótima sensação de alegria e satisfação quando um jogo corresponde às nossas expectativas, seja a tristeza e desapontamento de quando ele falha em alcançar o que esperamos.
Então, quando o convite da Square Enix para termos acesso antecipado à demo de The DioField Chronicle veio, este que vos fala se viu diante da perigosa situação de ter que descobrir antes do esperado se o hype seria alimentado ou se as minhas preocupações e receios com o jogo é que encontrariam mais suporte.
E, apesar de ainda existirem alguns poucos elementos que me preocupam, a sensação com essa demo, que ficará disponível para PS4 e PS5 amanhã, 10 de agosto, é de muito mais interesse no produto final do que receio. Afinal, após tantos anos evitando batalhas táticas, a nova empreitada da Square Enix no gênero deve satisfazer bastante os fãs de RPGs de Estratégia.
É bom apontar que essa demonstração trata-se literalmente do primeiro capítulo do jogo, o que nos permitiu jogar os cinco primeiros atos deste capítulo, algo em torno de 3 a 4 horas de conteúdo, incluindo algumas missões secundárias. Isso inclui todos os tutoriais das mecânicas principais do jogo, dando uma bela visão geral sobre como o combate funciona e a ambientação que será vista aqui.
O jogador assume o comando de um trio de mercenários chamados de Blue Fox, liderados Andrias e que, após um ousado resgate de uma das principais oficiais sob o comando do Duque Hende, passam a trabalhar para ele, que é o chefe de uma das principais famílias de nobres da ilha de DioField. Hende é integrante de um Conselho de Lordes que auxilia o Reino de Alletain a cuidar da região e que fez sua fortuna graças ao comércio de um precioso material chamado Jade.
Com a benção do Reino, Hende passa então a controlar os passos do seu grupo de mercenários, inicialmente composto por Andrias, Fredret e Izelair, mas que logo conta com o reforço de Iscarion e Waltanquin, realizando pequenas missões importantes para Hende. Até que, naturalmente, as coisas começam a sair muito fora do controle.
Pode parecer muita informação logo de cara, mas ao longo das 3 horas da demo, o jogo faz um bom trabalho em ir, aos poucos, estabelecendo as relações entre os personagens e as figuras poderosas puxando as cordas dos acontecimentos. Essas primeiras horas da demo trazem uma boa sensação de se estabelecer o mundo e a função dos personagens nele.
É bem interessante também a ambientação escolhida pelo estúdio. Fica bem claro que o jogo se passa em um mundo bastante inspirado na Europa, vide o fato dos nativos de Alletain terem um sotaque britânico bem carregado, mas a arquitetura e visual do jogo é mais próximo de uma Inglaterra Vitoriana do que daquilo que se espera de RPGs de Estratégia que costumam se inspirar mais em uma Europa Medieval.
Isso faz com que os personagens tenham um visual mais interessante, além de dar um ar mais científico à magia do jogo e justificar a existências de armas de fogo. Meu único problema é que, apesar dos personagens principais apresentados ao longo da demo, no caso, os membros da Blue Fox, demonstrarem bastante potencial, o desenvolvimento deles é bem parco, principalmente em comparação ao trabalho que a demo faz para estabelecer as regras do mundo e as dinâmicas que circundam eles.
Óbvio, como se trata de, provavelmente, menos de 10% do jogo final, é possível que capítulos subsequentes se dediquem mais a isso, mas é sempre importante apontar. Afinal, apesar de grandes tramas políticas, com traições, jogos de poder e reinos sendo invadidos, são ainda melhores quando o jogador se importa com as peças que estão sendo movidas naquele tabuleiro.
E falando em mover as peças pelo tabuleiro, vamos ao combate. Esse foi o aspecto que mais me surpreendeu, visto que o prometido sistema de “Real Time Tactics Battle” tinha tudo para acabar como tantos outros jogos que buscam misturar elementos de RTS com SRPG e acabar sendo uma tragédia que não agrada a nenhum dos dois públicos.
A forma como isso foi resolvido é algo muito agradável, ainda que seja mais voltado para os fãs de RPGs de Estratégia (como eu). O que temos aqui é um jogo que mantém as quantidades mais restritas de unidades e combates mais diretos vistos em SRPGs, misturando-os com a necessidade de tomada de decisão rápida e o uso bem planejado de recursos mais atrelado a um RTS.
Ao entrar em batalha, você escolhe até 04 personagens líderes, que serão as suas unidades ativas em combate, com cada um deles podendo ter um “adjutant”, que adicionam habilidades extras às suas unidades (mas que ganhará menos EXP ao final da batalha). Em combate, você pode mover unidade por unidade, escolher grupos para movimentar ou mover todas de uma vez ao longo dos mapas, como se esperaria de um RTS.
Assim, ao longo de cada batalha, você precisará escolher como abordar diferentes situações, com inimigos te atacando de diferentes flancos, por exemplo, te forçando assim a posicionar suas unidades de uma forma em que você possa sobreviver. Para lhe auxiliar nisso, cada personagem possui uma série de habilidades que podem ser acessadas rapidamente apertando triângulo e gastam EP.
Existem uma série de outros elementos apresentados no combate já nessa demo, incluindo o uso de Magilumic Orbs (itens mágicos enriquecidos com Jade que podem ser usados para invocar criaturas, como um certo Rei Dragão de outra franquia), a interação entre diferentes classes de personagens, objetos e muito mais. Mas não vamos entrar em detalhes, já que isso aqui é só um preview.
As missões também são bastante rápidas (quase todas possuem objetivos secundários de terminar em menos 4 ou 6 minutos), então há uma constante sensação de progresso e avanço nos campos de batalha. Meu problema com o combate fica por conta só de, tendo jogado a demo no Normal, a sensação que eu tive foi de que tudo foi bem fácil. Portanto, se você tem alguma experiência com jogos do gênero, recomendo bastante que vá direto para o Hard.
Como disse, visto que é um preview, outros elementos do jogo, como o rico sistema de progressão de personagens e de melhorias da sua base (que é totalmente explorável a pé e lembra bastante Fire Emblem: Three Houses) que só são apresentados levemente não tem como ser explorados de verdade até termos o jogo completo em mãos.
Dito tudo isso, minha recomendação é fortemente para que vocês joguem a demo. Eu ainda tenho meu pé atrás com a Lancarse, desenvolvedora do título, visto que seu último lançamento também tinha demonstrado potencial e acabou deixando um gosto tenebroso na minha boca (o péssimo Monark). Mas, dessa vez, o direcionamento da Square Enix parece estar sendo suficiente para que, ainda que não alcance os mesmos altos que outros RPGs de Estratégia da publisher alcançaram no passado, ainda seja um ótimo título para fãs do gênero.
Preview elaborado com um código da demo de PS5 fornecido pela Square Enix. A demo será lançada publicamente em 10 de agosto. The DioField Chronicle chega em 22 de setembro para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch e PC via Steam.