Análises

The Deer God

The Deer God é um jogo de plataforma e aventura desenvolvido a partir de uma campanha de Kickstarter bem sucedida da Crescent Moon Games em parceria com o Cinopt Studios, que criaram um game que testa a moral, a habilidade e, infelizmente, a paciência do jogador.

A história se inicia com a morte de um caçador pouco antes de abater um grupo de cervos. Revivendo como um pequeno veado e perdido na floresta em sua nova forma, o objetivo se torna a redenção de seus atos na encarnação anterior e o prosseguimento de sua nova vida em um caminho onde cada ação cometida será fundamental para determinar o caráter.

Consistindo de um básico sistema de plataforma 2D, você prosseguirá nos cenários gerados de forma procedural sem nenhuma divisão entre uma fase e outra, apenas com o cenário gradualmente mudando de um para o outro. O seu objetivo é sobreviver o maior tempo possível para que o cervo cresça e vire uma rena adulta. O problema é que há diversas ameaças a espreita. Crocodilos, pássaros e tigres, são os inimigos básicos do jogo, mas o aspecto único de The Deer God é unir um sistema de moral com o dos inimigos que você vai enfrentando.

Há uma barrinha dividida entre lado bom e mau, que o jogador vai preenchendo à medida que enfrenta determinados tipos de inimigos. Os carnívoros derrotados preenchem o lado "Light", enquanto os pacíficos animais herbívoros preenchem a barra "Dark". A cada estátua desbloqueada, uma habilidade específica é dada para o jogador, dependendo de qual barra de karma estiver mais cheia. É um sistema interessante que é minado pelo péssimo design do jogo e a inconsistência de suas mecânicas.

Avançar nas fases é extremamente frustrante, tanto no momento do gameplay quanto na estrutura dos mapas. Apesar do jogador sempre prosseguir se movendo para a direita do mapa, as fases ficam em um certo looping até que o jogador consiga resolver um problema específico ou ative uma estátua. O problema é que há uma grande inconsistência a cada vez que o jogo gera aquele mapa, com alguns momentos criando um cenário sem o objeto necessário para prosseguir ou às vezes criando obstáculos mais difíceis. Não há um padrão, se torna repetitivo e isso acaba confundindo e cansando a experiência do jogador.

A progressão do jogo é sentida especialmente com o sistema de dias e o crescimento do cervo. Se o jogador sobreviver por um certo período, o cervo irá crescer. Morrendo, você volta à primeira fase. Um sistema bem similar a Tokyo Jungle, de PS3. A cada fase de crescimento do cervo, mais habilidades de karma e poder de ataque são recebidos. O problema é que a inconsistência de dificuldade nas fases e os bugs e glitches tornam isso muito mais difícil de manejar e acabam gerando uma dificuldade desnecessária para essa mecânica aparecer no gameplay.

E se o jogador aguentar todos esses problemas, os desafios das fases, como os puzzles e chefões, vão entregar um belo desafio. Adquirir relíquias e enfrentar os animais carnívoros que aparecem constantemente acabam sendo um dos únicos pontos em que o jogo genuinamente acerta. Existe também a necessidade de se preocupar constantemente com as suas 3 barras de energia: a vermelha de vida, que preenche automaticamente após um tempo sem receber dano; a verde de magia/saciedade, que é gasta ao longo do tempo e deve ser preenchida se alimentando de frutos no cenário ou outros meios menos convencionais; e a azul de energia, que funciona mais ou menos como em Dark Souls, que dita o quanto você pode atacar seu inimigo até que ela zere e o jogador tenha que esperar para atacar novamente.

Fora isso, o gameplay se torna mais um plataforma 2D com alguns conceitos interessantes, mas datados. Encontrando baús pelo mapa, o jogador adquire itens para ajudar a chegar em locais muito altos ou passar por fases cheias de obstáculos. Porém, isso é acessado por um menu pouco funcional e que parece ter sido mais planejado para o PC, onde os atalhos de itens no teclado funcionam mais ou menos como em Minecraft. Além disso, há algumas habilidades adquiridas ao longo da história que melhoram seu pulo e ataque, mas nada fora do comum para o gênero.

Ao longo da jornada de aproximadamente 3 a 4 horas, você irá encontrar alguns NPC's que precisarão da sua ajuda. Aqui vemos um pouco da filosofia do game, com temas religiosos sobre reencarnação, fé e moral que trazem à tona o que talvez seja o único ponto que ele traz de novo para seu gênero.

Visualmente belo, sua direção de arte mistura gráficos pixelizados com cenários em 3D, criando um cenário imersivo e dinâmico. O jogo cativa quando você percebe as nuances visuais do cenário à medida que o sol vai se pondo e a noite vai chegando. A animação dos personagens e animais não são nada surpreendentes, mas é por ter esse tom minimalista em sua arte que isso acaba se tornando pouco relevante. Se aliando à linda direção de arte, vem junto uma trilha sonora atmosférica de Evan Gibson (que parece ter sido tirada de uma trilha de Akira Yamaoka), compondo o cenário perfeito de uma história vaga, mas com profundidade.

Veredito

Apesar de belo e tematicamente interessante, The Deer God falha nas partes fundamentais de seu jogo, como o design de fases e jogabilidade. Frustrante, confuso e recheado de bugs em todos os seus sistemas e mecânicas, é um jogo com um potencial jogado fora devido a problemas em sua execução.

Jogo analisado com o código fornecido pela Crescent Moon Games.


 

Veredito

50
Botão Voltar ao topo