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Análise – The Bradwell Conspiracy

Com um histórico de jogos excêntricos, a Bossa Studios sempre procurou criar experiências com foco no humor proveniente do absurdo, como Surgeon Simulator e I Am Bread. Esses títulos, apesar de não agradarem a crítica especializada, conquistaram diversos fãs por conta de sua proposta diferente, simples e divertida. Devido a isso me surpreendi ao ver que o estúdio estaria publicando The Bradwell Conspiracy, um jogo com um tom completamente diferente do qual estavam acostumados, e idealizado pelo time de desenvolvedores do A Brave Plan, apostando em uma narrativa séria e linear mesclada a um gameplay focado na resolução de puzzles.

The Bradwell Conspiracy é um thriller investigativo 3D em primeira pessoa situado em 2026 e ambientado dentro das instalações de um museu, idealizado pela Bradwell Corporation, construído sobre o Stonehenge. Para quem não conhece, o Stonehenge é uma estrutura milenar formada por arcos de pedra arranjados de forma circular localizada no sul do Reino Unido que desperta até hoje a curiosidade de historiadores sobre o seu real propósito. Após um misterioso ataque terrorista, que põe em risco a integridade de todo o museu, você acaba ficando preso no local e, sem ter nenhuma alternativa, você deverá adentrar as instalações do edifício em busca de uma forma de escapar.

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Não demora muito para encontrarmos um óculos de realidade aumentada (semelhante ao Google Glass) e sermos contatados por Amber, uma pesquisadora do local que também ficou presa em outra seção do museu. Ela propõe uma aliança para sair do lugar, compartilhando qualquer informação encontrada que ajude a encontrar alguma saída, enquanto tentamos desvendar o que de fato desencadeou o ataque terrorista. Poderia a Bradwell Corporation estar envolvida com algo obscuro e comprometedor? Ou será que o ataque foi mero acaso?

A premissa de The Bradwell Conspiracy, por si só, é capaz de instigar a curiosidade de qualquer jogador que venha a tocar na obra, uma vez que sua narrativa inspira-se fortemente na fórmula e ritmo estabelecidos por Firewatch em que controlamos um personagem em constante interação com outro, enquanto vemos a situação inicial proposta pelo título se transformar em algo completamente diferente ao seu término. Infelizmente, a história acaba tomando certas decisões e caminhos que beiram o clichê, que podem desapontar aqueles que esperam grandes reviravoltas. Toda a aventura pode ser concluída em até 4 horas, com base na sua aptidão para realizar os puzzles que o jogo oferece, e todos os textos encontram-se traduzidos para português do Brasil.

É impossível não estabelecer comparações entre Delilah, de Firewatch, com Amber, uma vez que ambas possuem funções semelhantes em suas respectivas narrativas. Entretanto, há uma divergência na construção da dinâmica das personagens com o protagonista, o que compromete a experiência em The Bradwell Conspiracy. Diferente de Henry (protagonista de Firewatch) nosso personagem não é capaz de falar pois sofreu danos em suas cordas vocais durante o ataque terrorista. A única forma de nos comunicarmos com Amber é enviando fotos que podemos tirar de qualquer elemento do cenário ao pressionar o botão R1. Após tirar a foto, Amber fará um breve comentário sobre o seu conteúdo e informará se aquilo é útil ou não.

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Apesar de ser uma mecânica interessante, criativa e divertida, ela acaba reduzindo o nosso personagem a uma folha em branco, sem nenhuma história, ambição, trauma ou motivação real, o que torna a interação com Amber completamente unilateral. Dessa forma, o que poderia  ser um diálogo espontâneo, rico e interessante entre dois personagens acaba virando uma seção de longos e tediosos monólogos expositivos da moça. Sim, é interessante tirar fotos de múltiplas coisas e ouvir o que Amber tem a falar sobre aquilo, mas eventualmente essa atividade se tornará tediosa assim que o jogador perceber o quão vazios e sem importância são aqueles comentários.

Em termos de jogabilidade, The Bradwell Conspiracy pode ser classificado como um walking simulator, em que andar e interagir com certos objetos é o foco principal, apesar de possuir certas mecânicas de puzzle criativas que tentam aproximá-lo de jogos como Portal 2. Isso pode ser evidenciado através da IPS, uma ferramenta obtida pelo jogador nos primeiros minutos do título, que basicamente funciona como uma impressora 3D, sendo capaz de replicar perfeitamente qualquer objeto à partir de Bradwellium, uma substância misteriosa encontrada pelo museu. A mecânica é simples e funciona muito bem, bastando o simples toque do botão L1, para ativar o modo de impressão, seguido de X para imprimir o que você deseja em qualquer superfície. Vale lembra que, para imprimir um determinado tipo de objeto, é necessário que antes seja coletado o seu molde apertando o botão quadrado, que fará com que o IPS converta o item desejado em Bradwellium e adicione as suas características ao banco de dados.

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Praticamente todos os puzzles presentes no título exigem que o jogador utilize a IPS para resolvê-los, o que não seria um problema se o jogo fizesse um bom uso dessa criativa mecânica para engajar o jogador a avançar pela experiência, dosando sabiamente os momentos narrativos,  enquanto foca em desafiá-lo com puzzles bem arquitetados. Infelizmente o que temos aqui é uma tediosa, simples e nada inspiradora série de puzzles que repetem a mesma fórmula incessantemente até o final do título, e que em momento algum refletem o real potencial da mecânica inserida, servindo meramente como obstáculo para se avançar pela narrativa.

O que acaba limitando a mecânica de impressão 3D, e por consequência a experiência com os puzzles, é que apenas uma ínfima quantidade de objetos pré-determinados podem ser impressos ou copiados(além de serem destacados pela HUD do jogo). Dessa forma, o jogador sempre terá noção do que deverá usar em cada puzzle, podendo avançar apenas com base na experimentação, ao invés de observar os elementos que compõe o cenário e tentar deduzir quais objetos formarão uma solução válida para o quebra-cabeça. A dificuldade  de cada um dos desafios é ínfima e, caso você venha a ter qualquer dificuldade, pode recorrer à Amber a qualquer momento para obter dicas sobre o que deve ser feito em seguida e progredir.

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Os gráficos do jogo mantém uma estética e visual semelhantes aos vistos em The Witness e Firewatch  com uma paleta de cores vibrante, além de um excelente uso de iluminação e sombras para criar ambientes belos e intimidadores. A trilha sonora é limitada, porém cumpre bem o seu papel em estabelecer o clima de suspense e desconfiança que ronda os corredores do museu a todo instante. Infelizmente The Bradwell Conspiracy sofre com problemas de performance no PlayStation 4, e a quase todo momento o jogo apresenta quedas em seu framerate que raramente fica travado em 30 fps.

Veredito

The Bradwell Conspiracy tinha o potencial para se tornar um título memorável por conta de sua mecânica extremamente criativa associada ao seu enredo instigante. Infelizmente o resultado final é uma experiência mediana, que poderá render bons frutos se tais ideias forem bem aproveitadas em uma possível sequência.

Jogo analisado no PS4 padrão com cópia digital fornecida pela Bossa Studios.

Winz.io

Veredito

55

The Bradwell Conspiracy

Fabricante: A Brave Plan

Plataforma: ps4

Gênero: Aventura

Distribuidora: Bossa Studios

Lançamento: 08/10/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

The Bradwell Conspiracy had the potential to become a memorable title because of its extremely creative mechanics associated with its thought-provoking storyline. Unfortunately the end result is an average experience, which can pay off if such ideas are well tapped in a possible sequence.