Refazer um clássico é sempre um desafio imenso. Jogos que se tornam reconhecidos como tal o fazem por acertarem em inúmeros critérios, muitas vezes difíceis de se recriar anos depois. Mas existem diversos remakes de sucesso já há bastante tempo e é uma lista que segue aumentando ano após ano. Refazer um remake de um clássico que é ainda mais celebrado do que original é um desafio que poucos topariam.
Naturalmente, como confesso fã de carteirinha de RPGs de Estratégia, a ideia de um relançamento ou remake de Tactics Ogre: Let Us Cling Together sempre foi algo na minha lista de desejos. Afinal, um título não passa a ser reconhecido como o melhor de todos os tempos de um gênero por nada. Então, quando eu fui convidado pela Square Enix para testar o jogo com antecedência para experimentar um pouco do que Tactics Ogre: Reborn irá oferecer, meu hype foi às alturas.
E mesmo tendo tido contato só com o primeiro capítulo desse icônico clássico atemporal que já não havia envelhecido nada desde o seu remake para o PSP, é inegável que Tactics Ogre: Reborn executa com maestria a sua missão de atualizar para uma nova geração aquilo que JRPGs de Estratégia podem oferecer de melhor.
Como é de se esperar, o início do jogo funciona,inicialmente, como um grande tutorial das mecânicas principais do jogo, além de apresentar o mundo e os principais personagens que ali habitam. O protagonista central da trama é Denam Pavel, um jovem de Walister, no sul das Valerians Isles, e membro da resistência do seu povo, o qual está sendo vítima de um programa de extermínio pelos Galgastani em meio à Guerra Civil que afeta a região.
Denam, juntamente com sua irmã, Catiua, e seu amigo de infância Vyce, envolvidos em um plano para resgatar o líder da Resistência, o Duque Ronwey, juntamente com um pequeno bando de mercenários que os três conhecem após um pequeno mal entendido. Após o sucesso da sua missão, Denam recebe o comando da sua própria Ordem, passando a executar uma série de missões como um dos heróis de confiança do Duque e é, a partir daí, que todo o plot do jogo começa a se desenrolar.
Em se tratando de um preview e não podendo entrar em muitos detalhes, basta dizer que já aqui é possível perceber porque a história desse jogo é tão aclamada. Toda a trama política, motivação de cada uma das diferentes facções e personagens e a complexidade deles é muito bem apresentada e de forma bem didática, com o jogador logo tendo domínio sobre quem é quem naquele mundo sem que exista a necessidade de longos períodos expositivos explicando cada pormenor. Isso tudo sem falar sobre a narrativa que começa a se dividir em suas rotas ao final do capítulo e a riqueza de detalhes do mundo.
Em relação ao combate, Tactics Ogre: Reborn segue bem de perto aquilo que se tornou o padrão para jogos do gênero, com o jogador posicionando seus personagens ao longo de um tabuleiro e movendo cada um deles em seu respectivo turno, te incentivando bastante a planejar cada movimento, pois qualquer pequeno erro pode ser fatal. E, bem, existe uma razão pela qual ele segue esse “clichê” dos RPGs Táticos/Estratégicos, afinal, é um remake de um dos jogos que ajudou a estabelecer esse sistema como o padrão seguido pelo gênero até hoje, afinal, foi dirigido por Yasumi Matsuno, que viria a dirigir Final Fantasy Tactics.
É notório também que o primeiro capítulo do jogo segue um ritmo bem aconchegante na forma como as missões e o combate são apresentados, com o jogador aos poucos tendo cada vez mais domínio sobre seu grupo de heróis, além da gradativa introdução de elementos como habilidades, Battle Cards, o sistema de lealdade dos membros da sua equipe e todo o funcionamento do sistema de progressão de personagens e a forma como a exploração do mundo funciona a partir do menu.
Cabe dizer, por fim, que algumas das melhorias prometidas para esse remake já podem ser vistas neste começo de jogo. A possibilidade de acelerar o combate, a introdução de auto-save, a UI reformulada, as mudanças feitas no sistema de níveis dos personagens e os novos controles vão se mostrando muito bem-vindos. Isso sem falar no belíssimo visual refeito do jogo e a nova trilha sonora regravada que dão todo um charme mais que especial a esse belíssimo jogo.
Todos esses elementos só demonstram que Tactics Ogre: Reborn é muito mais do que uma simples remasterização ou relançamento de um jogo que merece estar disponível para todos os jogadores e precisa ser cada vez mais reconhecido pela sua importância histórica e sua excepcional qualidade. Se o primeiro capítulo do jogo já vem se mostrando tão bom, mal posso esperar para poder reviver por inteiro essa experiência que promete ser ainda mais fantástica agora que está renascendo nos consoles atuais. E, naturalmente, trazer a melhor cobertura possível do gênero aqui no PSX Brasil.