Quando Stellar Blade foi lançado, muito se falou em como foi uma boa surpresa que a desenvolvedora sul-coreana Shift Up tenha conseguido fazer um jogo de grande perfil para consoles apesar de sua experiência pregressa abranger um gacha gratuito para mobile: Goddess of Victory: Nikke. Lançado em 2022, o jogo depois chegou ao PC. Agora, como esperado, veio a vez de uma colaboração da marca com a obra seguinte da empresa: Stellar Blade.
De certa forma, é fácil misturar as fontes quando isso acontece no campo do design: a protagonista EVE tem dezenas de trajes para brincar de vestir por motivos puramente cosméticos e pode sempre ter algum a mais a caminho. Já aconteceu com numerosas vestimentas gratuitas e, depois, em um crossover com NieR: Automata, uma das principais inspirações para que Stellar Blade tomasse a forma que tem.
Esse tipo de conteúdo, porém, costuma ficar no campo do fanservice, ou seja, voltado a quem já admita ou se devota à obra de origem. A questão é que eu não conheço Goddess of Victory: Nikke e não tenho qualquer mínimo interesse nesse tipo de jogo – meus pensamentos sobre gacha não são nada lisonjeiros.
Se é assim, talvez você se pergunte por quê estou analisando o conteúdo. A resposta é simples: eu gosto de Stellar Blade. Logo, considere que esta review foi feita pela perspectiva de alguém que, assim como muitos jogadores de EVE, não têm qualquer ligação prévia ou apego à franquia Nikke, suas personagens ou mesmo sua estética.
Só posso supor que, se um redator nessas circunstâncias gostou do que viu, quem está por dentro de Goddess of Victory terá grande tendência a sentir o mesmo. Portanto, a vantagem é justamente indicar que não é necessário apreciar ou sequer conhecer Nikke para poder embarcar no pacote de expansão.
A principal diferença do novo DLC em relação aos anteriores é que, desta vez, o conteúdo tem não apenas cosméticos, mas também gameplay. Trazendo cinco novas missões de desafio crescente, sendo as duas primeiras nas Terras Áridas e as três seguintes no Grande Deserto, esse material não está disponível logo de cara, mas fica razoavelmente acessível ao longo da campanha, assim que essas localidades forem visitadas pela primeira vez.
A novidade fica por conta do estilo de gameplay diferente dessas missões. São galerias de tiro, nas quais EVE fica atrás de barricadas e atira em inimigos que vêm em ondas. No comando dela, podemos alternar entre as três barricadas laterais para desviar de ataques. Segurando um botão, ela se expõe para mirar; segurando um outro, ela atira.
Os inimigos lançam projéteis, pequenos bots correm pelo cenário e, se destruídos, concedem itens de cura ou enchem a barra de especial, que, uma vez completa, dá três opções: munição poderosa, que dura alguns segundos; ataque de área em todos os inimigos e, por fim, cura. Ao final das ondas, surge um chefão para derrotar.
Essa gameplay vem de Nikke. Não é profunda nem muito variada (seria bom ter mais algumas opções de armas diferentes, por exemplo) e achei difícil acompanhar tudo o que aparece na tela em certos momentos, mas esse minigame apresenta dinamismo o bastante para ser divertido enquanto dura. Por sinal, o ângulo traseiro é até mais comportado em Stellar Blade do que em Nikke, que é mais extravagante.
Cada missão vencida provê dois itens para comprar os cinco trajes e cinco estilos de cabelo. Ao final de todas, a própria Scarlet, a personagem que nos introduz às missões, fica disponível para ser enfrentada e concede também sua roupa para a amiga usar. Sinceramente, os trajes de EVE são uma questão de gosto.
Mesmo tendo dezenas deles, imagino que a maioria faça como eu e alterne entre apenas alguns favoritos. Dos seis que podem ser obtidos no novo DLC, apenas um entrou para a minha lista: Traje Resfriador (o collant de vinil rosa que cobre tudo ao mesmo tempo que também revela cada curva). Achei que o estilo de Nikke, sendo mais próximo de animes extravagantes e com uma sensação de “cosplay militar de entretenimento para maiores”, em certos itens deixa de combinar com o que vemos em Stellar Blade. Pelo menos, não tão bem quanto NieR.
Stellar Blade tem sua própria extravagância voluptuosa, é claro, mas ela não era voltada à estilização de anime como temos agora no Rabo de Cavalo Duplo Arrasador e seu cabelo lilás com fones de ouvido decorados com orelhinhas. Novamente, ressalto que entendo que é questão de gosto e os 12 cosméticos devem ter algo para agradar a cada pessoa.
Em minhas análises não costumo mencionar preços, mas acredito ser relevante fazê-lo agora. Veja bem, com todo o conteúdo que descrevi acima, o DLC de Goddess of Victory: Nikke custa R$ 53,90, exatamente o mesmo valor do Pacote Deluxe, que contém meros seis cosméticos (apenas um deles é um traje de EVE) e de NieR: Automata, que também ficou apenas na questão visual, mas foi mais generoso nisso com quatro trajes e um total de 11 cosméticos (agora vejo que bem que poderia ter um chefe para incrementar a experiência).
Não me resta dúvida, então, que Nikke é o melhor pacote de conteúdo extra para Stellar Blade. Se você pretende comprar apenas um, recomendo que escolha esse.
Com mais cosméticos, cinco missões de gameplay diferentes do jogo base e uma nova luta contra chefe, o pacote de expansão Stellar Blade X Goddess of Victory: Nikke é sem dúvidas o melhor conteúdo pago já lançado para o jogo de EVE. Não é nem mesmo necessário apreciar ou sequer conhecer Nikke para aproveitar o que tem a oferecer — basta gostar de Stellar Blade.