Análises

Stellar Blade (PC) – Review

Toda vez que preciso escrever uma análise para um jogo que já saiu para console (o que é 90% dos casos), me bate uma dúvida genuína: eu apenas foco na parte técnica de como o jogo está rodando nos PCs e comentando as novidades ou trago minha visão e opiniões pessoais que tive ao jogar? Meu receio é soar redundante ao comentar sobre o jogo e minha experiência, já que as análises em primeira mão aqui da PSX Brasil são sempre super completas. Com Stellar Blade, essa dúvida ainda ecoa nos momentos que escrevo a review, mas sinto que preciso colocar um pouquinho além dos papos técnicos nerdíssimos de PCs aqui.

O hype pré-lançamento de Stellar Blade no PS5 passou bem longe de mim, nada mostrado no jogo havia me despertado interesse no que diz respeito ao que eu procuro em um soulslike ou num jogo focado em ação. Só depois de uma promoção na Amazon no começo desse ano é que dei uma chance – apenas para confirmar os motivos da minha falta de interesse inicial. A Eve é uma protagonista sem um pingo de carisma, aparentemente desenhada, modelada e desenvolvida com o único intuito de ter um rostinho bonito e um corpo de proporções perfeitas e realisticamente impossíveis. Os personagens secundários são esquecíveis e a história tem dificuldade de manter um ritmo interesse. Me parece que a Shift Up só prestou atenção na estética de Nier Automata e não na substância. A 2B pode se encaixar nos mesmos padrões estéticos que a Eve, mas definitivamente não é a primeira coisa que eu lembro quando falo de Nier.

Com o lançamento para PC, me vejo dando mais uma chance para Stellar Blade. Mesmo com a opinião enviesada por ter jogado anteriormente,  jogar no PC me ajudou a prestar atenção um pouco mais nos pontos positivos do jogo, como seu combate. Mesmo não trazendo nada de novo ou espetacular para o gênero ação-em-terceira-pessoa-com-elementos-soulslike, é o bastante para sustentar as horas de jogatina sem dormir com o controle na mão. O sistema de mapas semi-abertos também ajuda a exploração do jogo, com vários pontos de interesse, puzzles para desbloquear upgrades para Eve e recursos de melhoria para sua arma.

As seções de plataforma e aquela em que o jogo se transforma mais num shooter do que hack n slash são de longe os piores segmentos e me deixou bem confuso o motivo dessas partes existirem. Entendo que é para dar uma remexida no pacing e não deixar o gameplay no mesmo ritmo o tempo inteiro, mas sinto que essas partes se sobressaem mais por serem desconjuntadas do todo do que por complementarem a experiência. E isso meio que pode ser dito para o jogo inteiro: um punhado de boas ideias e execuções, mas coladas com chiclete e um sonho.

A parte técnica do lançamento para PC, entretanto, é muito competente. O tempo que o jogo demorou para chegar valeu a pena, trouxe várias tecnologias bacanas e com bem menos problemas do que eu antecipava. Ainda mais se tratando de um título que usa Unreal Engine 4 como motor gráfico. Todas as tecnologias relevantes que se espera de um port atual de PC estão presentes: DLSS 4 da Nvidia e FSR 3 da AMD, incluindo gerador de quadros por inteligência artificial para ambas as tecnologias. Infelizmente, a versão 4 do FSR ficou de fora. O jogo rodou com tranquilidade por aqui, atingindo altas taxas de quadro com certa consistência.

Contudo, um dos problemas recorrentes que encontrei foi o de micro stutters (pequenas travadinhas) ao entrar em novas áreas ou no início de cutscenes. Essas travadas não são insuportáveis, mas são notáveis. Outro problema chatinho que encheu minha paciência foi precisar configurar as opções gráficas toda vez que entrava. O jogo sempre abria em resolução 4K, com o gerador de quadros da Nvidia ativado e texturas no talo. Ou seja: tudo errado. Não sei o que fiz pra corrigir, mas eventualmente o problema parou. Felizmente, não tive muitas recorrências com crashes – só aconteceu uma vez e durante um minigame da DLC de um dos jogos colaborativos.

Por fim, entra aqui mais uma vez a questão que trouxe no começo da análise: julgo minha experiência geral com o jogo ou apenas levo em consideração a parte técnica dos PCs, que de fato é a novidade que motivou a realização dessa review em primeiro lugar? Uma questão ovo ou galinha, mas acho que é possível encontrar um meio termo. Stellar Blade é um jogo que não me agradou em vários aspectos: a história e os personagens são, no máximo, medíocres, o estilo visual do jogo é inconsistente e algumas das seções de gameplay são sofríveis. Porém, o gameplay consegue manter um bom ritmo e é divertido, sendo desafiador na medida certa sem pesar a mão demais – salvo por alguns inimigos que são bem chatinhos de lidar.

O port de PC é decente, com boa escalabilidade e com várias tecnologias específicas que garantem qualidade de imagem com altas taxas de quadros – mesmo que não ganhe o prêmio de melhores gráficos do ano do Digital Foundry.

Stellar Blade é o tipo de jogo que vai se beneficiar muito de uma sequência. Existe algo bom aqui, enterrado no meio de fanservice desnecessário, uma narrativa xoxa e personagens sem sal. Em um futuro segundo jogo, vai ser interessante ver como o estúdio refina os pontos fortes e passa a régua nos problemas.

PC utilizado na análise:

  • Processador: AMD Ryzen 7 5700X
  • Placa de vídeo: RTX 4070 GALAX 1-Click OC 2X
  • Placa-mãe: ASUS TUF B450M-Plus Gaming
  • Memória RAM: 32GB (16×2) Kingston Fury Renegade 3600MHz
  • SSD: NVME Crucial P1 1TB

Stellar Blade está disponível para PS5 e PC com dublagens e legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PC e foi realizada com um código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.

Veredito

Stellar Blade no PC não vai ganhar prêmios de melhor gráfico do ano, mas é um port decente e uma boa oportunidade de experimentar um jogo com um bom combate e gameplay – mesmo que todo o resto seja questionável.

80

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