Shantae sempre foi uma franquia que me despertou interesse. Infelizmente, por diversos motivos ainda não tinha tido a oportunidade de desbravar uma das aventuras da metade-gênia, mas foi com Risky Revolution que isso mudou. A história por trás desse lançamento por si só já é um tanto interessante. Shantae Advance: Risky Revolution foi originalmente desenvolvido para o Game Boy Advance, mas devido a falta de uma publisher acabou sendo cancelado. Mais de 20 depois a WayForward junto da Limited Run resgataram o título, finalizaram o game e não apenas lançaram para os consoles modernos como também para o próprio Game Boy Advance.
Risky Revolution é conhecido como o capítulo perdido da franquia, passando-se entre o primeiro e terceiro game. A pirata Risky Boots ataca novamente e dessa vez irá utilizar o King’s Pillar, uma espécie de pilar central do continente, que fica na região subterrânea de Sequin Land para mudar a posição das cidades trazendo-as para a costa e, assim, facilitando seus saques. Cabe a Shantae e seus amigos impedir os planos da pirata e para isso teremos que visitar várias cidades e explorar diversas áreas.
Shantae é, em sua essência, uma mistura de metroidvania com plataforma. Cada uma das cidades e regiões que visitamos possuem um mapa que precisa ser encontrado. Para isso teremos que conversar com os mais variados personagens que muitas vezes dão dicas valiosas. Essas interações contam com um texto divertido, cheio de referências e bom humor. Confesso que foi um ponto que me chamou muito a atenção até porque sua história é um tanto simples e encontrar diálogos tão bem trabalhados me manteve entretida a todo instante.
Após adquirir o mapa, utilizamos os serviços de transporte de Sky para escolher qual local gostaríamos de ir. As opções são bem diversas com áreas vulcânicas, desertos, lugares assombrados e afins. Nas regiões estão o grande foco da exploração e elas contam com um primeiro e segundo plano que procuram simular a profundidade dos cenários, sendo necessário explorar ambos planos para encontrar cavernas com segredos – os Squid – e melhorias que abordaremos mais à frente.
Durante a exploração também será possível utilizar as máquinas de Risky para alterar a disposição do terreno, permitindo acessar locais que antes eram inacessíveis. A ideia é interessante, porém aqui temos um dos problemas do game: a falta de um mapa por muitas vezes deixará o jogador perdido. Na segunda região passei um bom tempo andando em círculos, pois não estava conseguindo distinguir qual dos percursos eu já havia feito, o que me tomou bastante tempo. Esse tipo de problema pode desestimular o jogador e, como mencionado, seria facilmente resolvido com a adição de um mapa. É compreensível que devido a sua estrutura e plataforma para a qual foi desenvolvido, esse recurso talvez não se mostrasse tão relevante, mas na prática a experiência é outra.
Ainda nessas regiões encontraremos as verdadeiras dungeons do jogo que consistem em diversas salas bem similares. Teremos que explorar todos os cantos em busca de chaves e enfrentar chefes secundários até chegarmos no verdadeiro boss. Para isso ,Shantae conta com com algumas habilidades. A começar pelo ataque físico utilizando seu rabo de cavalo para bater nos inimigos e também a dança do ventre que permite que a metade-gênia se transforme em diversas criaturas, cada uma delas com suas peculiaridades. O caranguejo e a sereia podem andar debaixo d’água, o elefante tem um dash capaz de quebrar blocos de pedra, a aranha pode subir em teias, o macaco consegue escalar paredes e a harpia voar longas distâncias. Conforme mencionado mais acima, essas transformações possuem melhorias que podem ser encontradas nas cavernas e adicionam novas habilidades como ataque de veneno para a forma de aranha, golpe de stomp para o elefante, ataques aquáticos para a sereia e outros mais. Saber fazer uso correto das transformações será a grande chave para progredir pelo game.
Nas cidades e em algumas salas especiais será possível encontrar uma das amigas de Shantae, a zumbi Rootytop, que administra uma pequena loja onde é possível comprar diversas bugigangas: shampoos que aumentam o dano e velocidade dos golpes físicos, itens de recuperação, além de magias e itens que facilitam o progresso pelas áreas e a busca por coletáveis.
Todos esses elementos funcionam muito bem, porém, conforme já mencionado é muito fácil acabar se perdendo e ficar sem saber o que fazer, mesmo contando com ótimos diálogos que dão um norte para o próximo objetivo. Durante minha gameplay houveram dois momentos em que me senti desorientada e apenas em um deles desejei pela presença de um mapa. Outro ponto negativo são os chefes secundários que em todas as dungeons são os mesmos e poderiam ter recebido um tratamento melhor adicionando uma certa variedade, algo que já é visto nos chefões principais.
Shantae Advance: Risky Revolution conta com uma direção de arte belíssima em ambas as versões. Sim, será possível escolher entre a versão dos consoles que conta com uma mistura de pixel art junto de desenhos digitais numa pegada mais próxima de Half-Genie e Seven Sirens; ou a versão de Game Boy Advance, essa completamente em pixel art. Independente de qual você escolha, ambas são lindas e com uma trilha sonora que consegue evocar a temática a la mil e uma noites com o icônico tema de Shantae e algumas outras músicas que grudam na mente. Por último, o game também possui um modo batalha para até quatro jogadores localmente em que o objetivo é ser o último a permanecer vivo.
Ter minha primeira experiência com Shantae através de Risky Revolution foi um tanto satisfatório e posso dizer que será uma das franquias que pretendo conhecer mais a fundo futuramente. A sensação em jogá-lo é um tanto nostálgica, mas ao mesmo tempo traz um sentimento de novidade. Com toda certeza, para os fãs de longa data esse capítulo perdido é mais do que recomendado e para aqueles que, assim como eu, desejam conhecer, Shantae Advance: Risky Revolution funciona como uma boa porta de entrada.
Shantae Advance: Risky Revolution está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch e PC e não possui legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela WayForward.