Dentre todos os gêneros de games, um dos meus favoritos é, com certeza, o de plataforma. Há algo de relaxante, mas ao mesmo tempo desafiador em pular obstáculos, derrotar inimigos, explorar fases e tentar encontrar todos os coletáveis. Justamente por isso, estou sempre em busca de novos títulos para me aventurar, algo que tem sido um pouco escasso na atual geração da PlayStation. Muito por acaso fiquei sabendo de Ruffy and the Riverside e imediatamente fui cativada pelo trailer que prometia entregar um jogo vibrante, criativo e acima de tudo divertido.
Logo de início, Ruffy and the Riverside conquista pela sua direção de arte fortemente inspirada em Paper Mario. Tudo é muito colorido com personagens 2D que parecem desenhados à mão em um mundo 3D charmoso e extremamente vivo. Ainda que os gráficos tridimensionais sejam simples, o nível de detalhe dos desenhos é impressionante e fazem toda a diferença, criando um mundo que nos convida à exploração.
Nossa aventura começa no meio do caos e de imediato somos introduzido à principal mecânica do jogo: o poder da Troca. Com essa habilidade Ruffy, nosso pequeno herói urso, é capaz de copiar diferentes texturas e colar em outros objetos. Por exemplo: transformar uma cachoeira em uma trepadeira, uma coluna de metal em madeira para fazê-la flutuar na água criando novos caminhos, ligar e desligar uma TV ou, até mesmo, copiar o estado sonolento de um inimigo para um que deseja te atacar. O mundo é seu playground e estimula o jogador a usar sua criatividade e testar diversas possibilidades para resolver desafios.
A história em si é um tanto simples e fica claro que está ali como pano de fundo para nossas ações. Espere pela clássica trama de ações mundanas que acidentalmente libertaram um grande mal banido há muito tempo e agora ele quer destruir Riverside. Cabe a Ruffy e seus amigos impedirem essa catástrofe indo em busca das letras sagradas que formavam o emblema de Riverside, uma divertida referência ao letreiro de Hollywood. Para isso teremos sete áreas a explorar, além do mundo aberto central.
A estrutura do game pode ser divida em duas partes bem definidas. Primeiro temos o mundo aberto onde encontraremos todos os coletáveis que, por sinal, são vários. Como uma pessoa que ama revirar todos os cantos dos cenários, achei extremamente divertido sair em busca de borboletas, pedras dos sonhos, criaturas Etois e gemas. Alguns destes coletáveis estão atrelados a pequenos enigmas ou puzzles que consistem em decifrar um padrão. Como já dito, o mundo de Riverside é extremamente vivo e cheio de NPCs. Conversar com eles pode acabar revelando dicas úteis para serem usadas na solução desses puzzles.
Já a segunda parte dessa estrutura são fases centradas na história. Nesses momentos o jogo irá nos guiar para áreas mais lineares onde não há coletáveis, apenas situações em que teremos que ser criativos e utilizar a Troca para prosseguir. Encontraremos personagens que precisam de ajuda e quebra cabeças de fácil solução. Claramente o objetivo de Ruffy and the Riverside não é ser um jogo difícil ou punitivo, mas sim proporcionar uma experiência relaxante e divertida.
Não me canso de rasgar elogios para sua direção artística, principalmente sendo uma grande fã do estilo de Paper Mario. É notável o cuidado e carinho dos desenvolvedores nos detalhes dos personagens, fator chave para tornar o mundo de Riverside tão vivo. A trilha sonora também cumpre bem seu papel, com destaque para a música tema que gruda na memória facilmente. A Zock Labs acertou em cheio ao trazer o título totalmente localizado para nosso idioma o que aumenta ainda mais seu alcance, principalmente para a nova geração de gamers que vem por aí.
Por ser um mundo 3D com personagens 2D, em alguns momentos senti problemas com a precisão dos pulos, mas nada que estragasse minha experiência. A câmera um tanto sensível também pode ser um incômodo, no entanto uma rápida mexida nas configurações foi o suficiente para ajustá-la.
Apesar do poder da Troca ser a mecânica principal do game, Ruffy também conta com um conjunto básicos de habilidades: pular, atacar com socos giratórios, golpes aéreos e usar sua amiga Pip para voar mais longe com o voo da abelha. A quantidade de inimigos é bem baixa e nada desafiadora, sendo a exploração e o uso da Troca o verdadeiro brilho do jogo. Um detalhe interessante é a presença do pequeno Pix e sua prancheta, um personagem que permite ao jogador criar seus próprios padrões de textura em pixel art e utilizá-la nos itens através da Troca deixando Riverside com sua identidade. Você pode, por exemplo, pintar um novo estilo para as cachoeiras e passar a utilizá-la no lugar da padrão. Fazer uso desse recurso não afeta em nada a experiência, mas é algo diferente que permite termos mundos distintos e cheios de personalidade.
Mesmo se inspirando em jogos como Paper Mario, Banjo-Kazooie, Super Mario Odyssey, entre outros, Ruffy and the Riverside tem seu próprio brilho. É um game com alma que busca resgatar a simplicidade do bom e velho estilo plataforma e acerta em cheio. Uma experiência divertida, relaxante e, acima de tudo, muito criativa.
Ruffy and the Riverside está disponível para PS5, Xbox Series, Xbox One, Switch e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Phiphen Games.