Ao começar a jogar Riders Republic, novo jogo de esportes radicais da Ubisoft, eu não sabia o que esperar. O anúncio do jogo feito durante a Ubisoft Forward de setembro de 2020 foi relativamente confuso, apresentando apenas a premissa geral do jogo sem muita explicação de como exatamente ele funcionaria.
É preciso então admitir que, parte disso, foi a minha falta de experiência com o jogo anterior da Ubisoft Annency, Steep. Apesar de muita curiosidade com a premissa dele (e sua distribuição pela PS Plus), a falta de tempo me fez apenas completar as primeiras missões do jogo sem realmente mergulhar a fundo nele. E, se Steep for tão bom quanto a beta de Riders Republic fez o vindouro título parecer, foi um erro meu.
No seu centro, RR é uma sequência/sucessor espiritual de Steep, um MMO de esportes radicais, com um hub central e diversas atividades nas quais os jogadores podem participar juntos e competir entre si. Ao contrário do título de 2016, no entanto, o foco não é só em esportes de inverno, mas nas modalidades praticadas ao ar livre no geral.
A beta fechada realizada nesta semana começa com uma ótima apresentação das principais modalidades do jogo, te fazendo passar por breves amostras de mountain bike, ski e wingsuits à motor. É uma forma bem intensa de te apresentar ao jogo e seus controles (que não são dos mais intuitivos de cara), mas que funciona em te passar a sensação de adrenalina que o título busca.
Completada essa missão introdutória, é hora de uma breve volta pelo hub do jogo, a Riders Ridge, e uma introdução geral do “plot” por trás do modo carreira do jogo. A partir daí, você passa a ter acesso a mais atividades, primeiro se familiarizando com os esportes disponíveis e depois podendo escolher quais competições você quer disputar e podendo explorar um pouco mais do vasto mundo à sua disposição.
Aqui cabe apontar que, mesmo com as limitações visuais de uma beta e as claras informações de que ainda se trata de um jogo em desenvolvimento, o mundo de RR impressiona. Juntando sete diferentes parques nacionais americanos, os ambientes vão de regiões montanhosas e geladas a belas florestas à beira do rio, tudo isso enquanto é possível ver vários outros jogadores também explorando todo o mundo, sem que qualquer problema técnico surja por isso.
É difícil saber exatamente quantos jogadores estavam presentes em cada sessão jogada da beta, mas a promessa da Ubisoft é de que, no PS5 e no Xbox Series, até 50 jogadores poderão participar de uma mesma sessão simultaneamente, enquanto no PS4 e Xbox One o limite será de 20 jogadores. O quanto o jogo tira vantagem do hardware do PS5 é impressionante, com o loading mesmo em viagens rápidas sendo de fração de segundos.
Chama a atenção também o quão rápido é o matchmaking do jogo, ao menos na beta. Em nenhum momento o jogo precisou de mais do que pouquíssimos segundos para iniciar uma sessão ou começar um evento e, mesmo que em determinados pontos fosse necessário completar com bots (o que era de se esperar por ser uma beta fechada), tudo funciona da forma mais rápida possível.
A sensação que se tem é que o mundo de Riders Republic foi desenhado para te manter sempre ativo e pulando de eventos pro mundo e para novos eventos o tempo todo, algo que também é refletido pelo hub ser relativamente pequeno. O mundo, aliás, segue o novo padrão estético da Ubisoft, com cores vibrantes e um mundo leve e descontraído em que nada é levado a sério demais. Pode parecer estranho à primeira vista, mas considerando o público-alvo e os esportes presentes no jogo, tudo funciona muito bem.
Nada disso importaria tanto se o gameplay não for sólido e entregar o que é esperado de um jogo de esportes e aqui talvez seja onde Riders Republic parece mais promissor. Eu tive algumas dificuldades em compreender a dinâmica de comandos no começo, mas após alguns eventos a sensação de familiaridade se instala e já é possível começar a brincar com as opções do título.
Existem basicamente três opções distintas de configurações que são baseadas nos botões usados para manobras: Velocista, que usa os botões de face para iniciar os flips, Mestre das Manobras, que usa o analógico direito, e Steep, que, como o nome indica, usa a configuração de botões vista no título anterior da Ubisoft Annency. Há também a possibilidade de controlar (ou deixar como automático) coisas como grinds, aterrisagem e controle aéreo, então há bastante liberdade nos controles do jogo.
Usar o analógico para as manobras é, de longe, o modo mais intuitivo e prático para realizar as manobras, mas te faz sacrificar o controle da câmera com ele, o que, especialmente em eventos de corrida, pode atrapalhar bastante. É uma configuração que demanda prática para se acostumar, mas vai se tornando mais natural à medida que se joga. A presença de um local para aprender e praticar as manobras no hub também é bem-vindo e ajusta bastante nesta prática.
Falando sobre os esportes, fica bem claro que a cereja do bolo são as corridas de Mountain Bike e os eventos de manobras de Snowboard/Ski. Controlar a Wingsuit é especialmente frustrante e não me deixou tão interessado quanto às carreiras de Bike Races e Snow Tricks. No entanto, é mais por falta de interesse no esporte em si, já que a estrutura dos eventos é basicamente o mesmo que nos demais.
Todos os eventos giram em torno de corridas nas quais é necessário passar por determinados checkpoints o mais rápido possível, com o ganhador sendo, obviamente, aquele que chegar ao ponto final primeiro. A exceção fica por conta dos eventos de manobra, nos quais é preciso fazer o máximo possível de pontos antes de chegar ao final.
É uma fórmula simples, porém bastante divertida e eficiente. Até mesmo os eventos exclusivamente multiplayer como as Mass Races (corridas para até 50 jogadores), Free For All (uma lista de reprodução com várias corridas para 12 jogadores) e Tricks Battle (competições de manobras em equipes de 6v6 em que ganha o time que fizer mais pontos) são iterações desse modelo, mas funcionam excepcionalmente bem.
No geral, a beta de Riders Republic é um belo aperitivo do jogo completo e me deixou bastante empolgado para o resultado final. A possibilidade de explorar o mundo, o gameplay, a diversão ao participar dos eventos, a ótima sensação de velocidade e adrenalina dos esportes a e exploração ao ar livre são todos bastante promissores e são também elevados pela ótima trilha sonora do jogo.
Existem claramente alguns elementos a serem ajustados, como o controle automático da câmera quando não se pode usar o analógico direito pra isso e a parte visual precisa ser melhorada, mas o aperitivo que tivemos até aqui é mais do que suficiente para tornar Riders Republic um dos meus jogos mais aguardados de 2021 e me fazer reinstalar Steep em preparação para o seu lançamento.
Preview baseado na beta fechada de PS5 com acesso disponibilizado pela Ubisoft. A beta encontra-se aberta até 28 de agosto.