Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2

Você já deve ter visto, em nossa análise publicada em setembro de 2020, que Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2, no Playstation 4, não só trouxe de volta os dois primeiros – e talvez os mais icônicos – jogos desta franquia em todo o seu esplendor, como também conseguiu renovar todo o interesse em um gênero que parecia esquecido, ou no máximo relegado a um nicho muito específico. Confesso que desde então, o jogo se manteve instalado no console e ora ou outra, entre sessões mais longas em outros jogos que vieram depois, estava eu lá dando uma volta a mais para buscar resolver alguma pendência mais difícil ou só tentando um combo mais impressionante.

A liberação da versão do Playstation 5 – gratuita para quem tinha adquirido a versão Deluxe Cross-Gen – se mostrou uma ótima desculpa para basicamente recomeçar as duas campanhas do zero, se assim podemos chamá-las, mais uma vez. Não porque não fosse possível continuar de onde eu tinha parado, mas porque seria uma ótima chance para dar o pontapé inicial já com algumas aprendizagens acumuladas. Contudo, se você pretende seguir de onde parou, a coisa não é tão simples ou automática como em outras atualizações semelhantes, já que necessário, manualmente, exportar o save do PS4 para a nuvem e importá-lo na versão de PS5. Pessoalmente, preferi não fazer desta forma.

Isso significa não só ter que seguir desde a primeira fase, como também customizar seu personagem da base, conseguir todos os itens cosméticos novamente e abrir fase a fase conforme pré-requisitos, mas também reconquistar todos os troféus e redescobrir itens e áreas secretas que eu já tinha até me esquecido de como fazer. Se é verdade que nenhuma das campanhas é especialmente longa, retomar do começo não é algo tão problemático assim, se você desejar. Fica a seu critério, já que sendo uma ação que não é automática, como foi por exemplo com Mortal Kombat 11, dá pra escolher retomar ou não.

Para além do progresso, a versão atualizada para a nova geração traz consigo algumas melhorias já esperadas, quase que obrigatórias: a primeira delas está dividida em duas possibilidades: o já consagrado 4K a 60 FPS ou o 1080p a impressionantes 120 FPS. Minha TV suporta ambos os formatos, mas pessoalmente sempre vi o game com uma fluidez muito confortável já na versão padrão do PS4 e não senti uma diferença tão significativa assim rodando em 60 ou em 120 FPS. Talvez isso possa um pouco mais evidente em tela dividida, algo que continua sendo uma forma muito divertida de se aproveitar o jogo, mas cada vez mais complicado por conta da necessidade de um segundo DualSense. Não pude testar, já que só tenho um controle e o jogo, como já se espera, não aceita o DualShock 4.

Já a resolução, essa sim me pareceu mais evidente. O 1080p, para quem está afim de procurar muito, apresenta alguns serrilhados bem sutis em algumas bordas, e texturas um pouco mais borradas em paredes mais coloridas, principalmente nos cenários mais escuros, enquanto no 4K tudo é ainda mais nítido e com uma atenção incrível aos pequenos detalhes de vestuário, do grafite nos cenários e principalmente em locações externas, com uma iluminação dinâmica roubando a cena e deixando tudo ainda mais deslumbrante.

O modo online continua sendo bastante proveitoso e mesmo quando o caos reina, o jogo continua fluido e, nesse período de avaliação, não mostrou qualquer engasgo, ou sequer um feeling diferente de quando se joga offline, tanto no modo performance quanto no modo desempenho. É impressionante que tudo continue com a mesma responsividade que mostrou desde que foi lançado para a geração anterior. Brilha ainda o modo de criação de pistas, e posso dizer que continuo me divertindo muito mais jogando em algumas áreas criadas pela comunidade do que fazendo eu mesmo as minhas. Agora que já conheço bem as pistas tradicionais, descobrir novos cenários em runs descompromissadas se tornou um hobby onde gastei mais horas do que gostaria de admitir.

A adição mais aguardada por mim e, creio, por boa parte da comunidade Playstation 5 estava, porém, na forma como o feedback háptico seria aproveitado no jogo, e nesse aspecto, o saldo é também bastante positivo. A sensação em cada salto é muito boa, passando realmente uma impressão mais precisa da altura da manobra ou até da textura de alguns materiais. A resistência dos gatilhos em reverts está lá e é uma adição mais pontual, mas que também funciona a contento sem exagerar e, portanto, parece mais significativa quando acontece. Eu ainda esperava algo mais virtuoso na sensação de diferentes terrenos, mas como Tony Hawk’s não foi feito para que você ande sobre grama, areia ou na água, não é um investimento que valha tanto a pena assim.

Já no aspecto sonoro, não senti alterações tão significativas quanto nas outras áreas, mesmo jogando com headset. A trilha musical continua sendo a mesma – e é impecável – e os efeitos do ambiente são bons o suficiente como já o eram na versão anterior, mas não senti um grande impacto na tridimensionalidade, inclusive porque este não é o tipo de jogo que investe em diferentes fontes de diversas direções. Talvez ouvir o helicóptero levantando vôo seja o momento onde isso possa ser mais sentido, mas definitivamente é uma perfumaria que não faz tanta diferença assim nesse game.

Por fim, as telas de carregamento sofreram uma redução significativa, como já era de se imaginar, mas não são tão imediatas como se poderia vislumbrar. O carregamento de texturas na tela de customização continua lá, mas no geral, esse desempenho também funciona como o esperado e é otimizado para fazer com que esperemos menos para iniciar nossas peripécias. Mas vale ressaltar que isso já era uma virtude antes e ela só está ainda melhor aqui. Tal como os demais aspectos, você vai notar um aprimoramento refinado, mas nada que transforme a experiência como um todo. Claro, tudo o que é melhor ajuda, mas provavelmente você só vai sentir o impacto disso quando fizer o caminho inverso: ao voltar a jogar no PS4, vai ter uma percepção mais instantânea do que melhorou no PS5.

Como um conjunto, temos em Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2, no PS5, o combo já esperado para versões de atualização: carregamento mais rápido, melhorias gráficas para a altíssima definição e para a fluidez de quadros, feedback háptico que mostra que o DualSense acrescenta muito na percepção tátil de bons games, e um som mais imersivo. Todas essas melhorias, neste game, são bem sutis, até pela pouca diferença temporal entre as duas versões, mas que tornam um dos melhores jogos de 2020 algo próximo da perfeição em 2021 e, certamente, como foi para mim, cada novidade será um motivo perfeito para retomar as aventuras de Toninho Falcão nesta nova geração.

A versão do jogo foi analisada no PS5 com código fornecido pela Activision.

Winz.io