Existem muitos jogos de tiro em primeira pessoa atualmente, mas são poucos que tentam inovar e trazer uma experiência realmente diferente. E quando conseguem fazer isso, se destacam. Ready or Not é um desses casos.
Lançado para PC já há algum tempo, Ready or Not é um FPS tático de cinco jogadores PvE (ou seja, cooperativo; não existe um modo competitivo). Não tem absolutamente nada a ver com Rainbow Six Siege ou qualquer outro jogo que você possa pensar. É realmente algo único e incrivelmente imersivo – mas não sem alguns problemas.
A história de Ready or Not é bastante simples: você é um comandante de elite da SWAT da cidade fictícia de Los Sueños (claramente uma Los Angeles, mas vamos fingir que é fictícia). Sua equipe é chamada para solucionar diferentes tipos de crimes quando não há mais nenhuma esperança: sequestros, tráfico de drogas, tráfico humano, assaltos, roubos e até pedofilia. Os crimes são variados e bem realistas.
Ready or Not não tem uma história de verdade. Você começa na base de operações (delegacia), que é mais ou menos um lobby. Nela, é possível escolher as missões disponíveis, configurar o seu arsenal, treinar e fazer mais algumas ações simples, como tomar um simples café.
Depois de ter definido o seu arsenal (que possui inúmeras opções, é algo bastante profundo), basta selecionar a missão e partir para salvar o dia.
As missões são compostas de diferentes ambientes, que variam bastante. Há hospitais, mansões, apartamentos, bairros, correios e assim por diante. Nas missões, a estrutura do local é sempre a mesma, mas os inimigos mudam de lugar sempre que ela é iniciada. Portanto, mesmo que você saiba como é o layout e o que precisa ser feito, a posição dos inimigos pode variar bastante e, consequentemente, a sua abordagem.
Ready or Not é extremamente realista. Não há uma HUD (a tela de jogo é “limpa”) – basicamente não há nada que o torne um “videogame”. Você não tem um contador de munição, não é possível marcar com ícones as coisas para os seus colegas e para saber o andamento da missão, há um tablet no seu peito que pode ser acessado a qualquer instante pressionando o Touch Pad. Por conta disso, o gameplay parece ser bastante lerdo no início, mas você se acostuma quando começa a entender a proposta.
Não vou mentir: no começo, Ready or Not parecia horrível. Há um tutorial, mas como estávamos jogando o multiplayer logo de cara, fomos direto para a missão. E apanhamos para o seu gameplay. Era estranho e “pesado”. Mas mesmo sem o tutorial, como dito, nos acostumamos e sinceramente a nossa opinião de “que coisa horrível” foi para “muito bom”.
Ready or Not possui diversas missões no jogo base, sendo que DLCs oferecem mais algumas. Mas há uma quantidade bastante variada no jogo base. Todas as missões possuem sempre duas ordens: “trazer ordem ao caos” e encontrar todos os inocentes. Ou seja, para concluir o mapa, é necessário eliminar ou incapacitar todos os criminosos (basicamente os que sacarem armas) e prender todos os civis que estão na área – mesmo que eles sejam inocentes, a ideia é prendê-los para que fiquem em segurança. A partir desse ponto, há outros objetivos que variam conforme a missão escolhida, como prender algum alvo, encontrar alguma prova, etc.
Algo que Ready or Not faz muito bem é a sua imersão. Você realmente fica tenso tentando completar a missão dada. Mesmo na dificuldade Padrão, qualquer tiro recebido é quase morte na certa. E a inteligência artificial dos criminosos é muito boa – eles não ficam parados esperando você aparecer. Além de se moverem pelo mapa, ao descobrirem que você está perto, eles fogem, se escondem e até se fingem de mortos para pegá-lo de surpresa.
E mesmo que não haja uma história, você consegue captar o que está acontecendo vendo as dicas do ambiente. Um mapa, por exemplo, mostra uma sala cheia de brinquedos e coisas infantis, com uma câmera e uma cadeira. E você está caçando um criminoso… Logo, já faz ideia o que ele fazia, certo? É muito comum isso nas variadas missões, como caçar traficantes e sequestradores. Há até mesmo alguns cultos extremamente macabros.
É possível jogar Ready or Not sozinho ou com até outros quatro amigos. É notável que o jogo foi criado para ser aproveitado em cinco jogadores. Muitas missões, principalmente as mais avançadas, se tornam desafiadoras quando se está com menos jogadores. Não só isso, mas como é preciso eliminar/prender todos os criminosos e prender todos os civis da área, muitas vezes você já completou quase tudo e ainda ficou faltando somente um criminoso ou civil. E os mapas são grandes e a sua locomoção é lenta – logo, é comum ficar procurando onde que ficou alguém para poder encerrar a missão. E isso se torna muito mais rápido se estiver em cinco.
Ready or Not possui um arsenal bastante variado, agradando o gosto de qualquer tipo de jogador. O único tipo que não existe (e faz sentido) é algo mais para um Sniper, mas é possível adaptar algumas armas com scopes para um fim similar. Há também granadas que atordoam os inimigos, gás de pimenta, um espelho que possibilita ver o que está atrás da porta antes de entrar nela, visão noturna e muito mais.
Quanto ao realismo, há uma única imagem na HUD do jogador que mostra onde ele está machucado, caso tenha levado algum tiro ou facada. Se sua perna estiver muito machucada, não conseguirá chutar as portas para abri-las, por exemplo.
No multiplayer, Ready or Not funciona muito bem, principalmente com amigos, pois a comunicação é fundamental. Há um single-player, mas honestamente é algo bem decepcionante e não recomendo o jogo dessa forma.
No single-player, você precisa ordenar os bots. Há uma roda de comandos para isso. Você olha para o bot que deseja dar a ordem, abre a roda de comandos e escolhe o que você quer que ele faça. A roda é cheia de sub-menus e pense fazer isso com quatro bots no meio da ação. É algo bastante entediante e complicado.
Vale elogiar a desenvolvedora pelo esforço em oferecer a opção para quem quer jogar sozinho, mas recomendo fortemente que aproveite o título com amigos e não dessa forma.
No fim, Ready or Not é um jogo bastante sólido, oferecendo uma novidade significativa num mercado saturado de FPS. É divertido, desafiador e imersivo.
Há problemas, sem dúvida. Como dito, temos o fato de que se não jogar em cinco pessoas, não é uma experiência ideal (não só a dificuldade, mas a exploração de mapas maiores se torna muito monótona para achar aqueles criminosos ou civis que estão faltando). Também temos alguns bugs pequenos (personagens ficam sem cabelo, alguns objetos não respeitam a física, etc) Além do single-player não ser exatamente funcional.
Há também o fato de já ter dois DLCs no lançamento. Entendo que seria injusto para os jogadores de PC oferecer o conteúdo adicional com o jogo base, mas não deixa de ser estranho ter missões (no caso, duas expansões) inacessíveis com a edição padrão. Por outro lado, o jogo base tem bastante conteúdo e ainda há duas missões extras que foram lançadas via atualização no PC.
Ready or Not está disponível para PS5, Xbox Series e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela VOID Interactive.