De forma inédita, atualizações de consoles em meio a uma geração vieram há um tempo atrás com o PS4 Pro e o Xbox One X. Aproveitando o boom e consolidação das TV’s 4K e com o mercado se aproveitando disso, as fabricantes tiveram como objetivos entregar consoles que usariam uma maior resolução e melhores visuais para seus jogos.
No que aparentemente virou uma tendência, ao menos para a Sony, o PS5 Pro chega como uma já esperada atualização de meio de geração, 4 anos após o lançamento do PS5. Com a promessa de ser o console mais potente no mercado, muito mais pelas circunstâncias atuais e a falta de concorrência dessa vez, o console oferece um processador gráfico melhor, atualização de tecnologias de tendência, mais armazenamento, um redesenho para sua produção, além de colocar no mercado outra opção específica para um público de nicho.
Importante notar que a principal premissa é entregar uma experiência ainda mais completa, indo além das melhorias significativas que a geração atual já trouxe. Se pensarmos que o PS5 já trouxe em 2020 soluções para problemas que eram frequentes, como loadings excessivos e mais opções visuais para os jogadores, ficamos com a percepção que o PS5 Pro não tem tanto a oferecer assim em termos de novidades. Analisando ainda mais o mercado, não temos hoje uma mudança significativa de TV’s em direção à resolução 8K, mas sim uma consolidação forte do 4K e busca de melhores painéis e tecnologias para entregar melhores visuais no padrão atual.
Com tudo isso, jogadores se encontram na oportunidade de uma opção aprimorada para o que já possuíam com o PS5, mas com requisitos consideráveis para o upgrade dessa vez. Com o alto custo, seria o PS5 Pro uma opção interessante para qualquer tipo de jogador que queira necessariamente uma alternativa melhor ou vai ser uma oportunidade exclusiva para um público seleto e entretido em tendências tecnológicas?
Tentaremos entender o que o console oferece aqui além das nossas primeiras impressões, seu custo x benefício, prós e contras, público alvo e mais. Abaixo segue as configurações iniciais do console e seu comparativo com a versão base, além da TV usada nos testes, para que possamos iniciar essa discussão.
PS5 Pro – Especificações
- CPU – x86-64-AMD Ryzen Zen 2 8-core/16-thread
- GPU – RDNA GPU não especificado a 16.7 TFLOPS
- RAM – GDDR6 16 GB (para gráficos) + DDR5 2 GB (para operações)
- Potência máxima nominal – 390W
- Armazenamento – SSD personalizado de 2TB
- Preço no mercado norte americano – $699.99
- Preço no mercado brasileiro – R$ 6.999,00
PS5 Pro vs PS5
- 16.7 TFLOPS vs 10 TFLOPS
- 2TB SSD vs 825GB SSD
- Adicionados 2GB DDR5 de memória
- Adicionado suporte a WiFi 7
- Extra USB-C substitui uma USB-A
- 390W vs 350W
- Leitor de discos vendido separado e não há uma versão com leitor integrado de fábrica
- Base para suporte na vertical vendida separada
Telas usadas para teste
- TV LG OLED C1 48″ 4K 120hz com VRR e HDR
- Monitor Dell S2240T FullHD
Design
Algo que era necessário ser resolvido, talvez até já tendo sido bem executado na versão slim, era a eliminação da percepção de “trambolho” para o PS5. Convenhamos, o modelo base pode ser até estiloso, mas é algo totalmente longe de uma estética mais agradável. Para mim, usar o console da horizontal sempre foi uma visão horrenda e, já adiantando, não muda muito com o Pro. Essa geração foi feita para deixar o console na vertical caso queira algo mais atraente ao visual, mas mesmo assim não vai se enquadrar como um dos consoles mais vistosos da Sony.
O PS5 Pro é próximo ao modelo slim em tamanho e design. Mais leve e menor que a versão base, o que é algo diferente quando comparamos o PS4 com o PS4 Pro, o console apresenta linhas mais atraentes e uma impressão de um produto premium de cara. Apesar disso, assim como qualquer outra versão do PS5, a inclusão do leitor de discos é algo que consegue deixar o console mais feio e não haverá nada nessa geração que muda isso.
Em termos gerais, a mudança das tampas, as 3 linhas dividindo o console, reorganização das portas USB, menores medidas e a nova base, quando adicionada ao console, traz um visual atraente no pacote como um todo. Mesmo assim, podemos apontar algumas inconsistências no visual, como um vão das grades entre as tampas na parte superior, que deixa um buraco desnecessário ali, e também a disposição dos leds mais focados na parte inferior quando na vertical e que não se estende pela linha de curva superior, o que era um certo charme do console base.
Se você já tem ou viu o PS5 Slim, o Pro segue a mesma linha visual com suas devidas diferenças. Confesso que esperava algo mais único e até fora do convencional do que essa geração apresentou, isso para qualquer modelo de qualquer fabricante, mas a Sony aposta no seguro e, imagino eu, muito pela praticidade de suas linhas de produção e montagens, sem precisar de uma reengenharia e desenvolvimento muito agressivo para um novo layout.
Algo que gostaria de deixar em evidência é como o produto vendido como PREMIUM entrega seus demais componentes do pacote de forma bastante trivial. O Dual Sense que acompanha é o branco padrão e não tem nenhuma alteração única para essa versão. Todos os demais cabos são da mesma forma e, aqui de forma negativa principalmente para colecionadores, a caixa do próprio console é algo comum demais para a etiqueta vendida. Ainda assim, o preço é de uma versão que nunca vai chegar próximo a isso em toda sua capacidade estética e visual e que entrega calços de plástico para sustentar um console na horizontal de forma quase ridícula.
Funcionalidade
Esse realmente é o ponto chave para a existência do PS5 Pro. Quando Mark Cerny fez sua apresentação para introduzir o console, a informação que mais me chamou a atenção era a preferência da maioria dos jogadores pelo modo desempenho ou de alta taxa de quadros em seus jogos. Isso me fez pensar que, de certa forma, o próprio PS5 já entrega algo assim como opção e tem agradado seus usuários até então
Sim, aqui podemos entrar numa discussão quase infinita de como jogos entregam isso e começar a contar pixels e frames a torto e a direita sem achar uma solução. Mesmo assim, a solução da Sony para que isso seja ainda mais perfeito e eficaz, aprimorando a preferência dos usuários, é entregar um console ainda mais poderoso, mas consideravelmente mais caro. Não seria uma opção viável dar mais tempo e melhores condições para que desenvolvedores pudessem entregar jogos já em seus lançamentos com condições quase perfeitas? Aparentemente não, já que a solução com maiores teraflops e de maior investimento daqueles que movem a indústria foi a escolhida.
É necessário dizer de imediato que o PS5 Pro é sim uma solução de poder excelente para o mercado atual e vai aprimorar todo e qualquer jogo da biblioteca do PS5 de alguma forma. Títulos que sofriam com resoluções dinâmicas quase sempre mais baixas ou bastante oscilantes e também com taxas de quadros flutuantes serão impactados de imediato, muito a partir de força bruta e o poder do modo boost. Os demais, e aqui engloba um sub catálogo, são aqueles que receberam atualizações que vão valorizar de forma ainda impactante sua execução no novo console.
O grande foco da melhoria técnica do console é sua GPU, sendo mais potente e com um Ray Tracing via hardware aprimorado, e uma solução caseira da Sony para trabalhar o upscale de jogos com inteligência artificial, o PSSR (PlayStation Spectral Super Resolution – Super-resolução espectral do PlayStation). Esses 2 pontos ditam as várias melhorias que os jogos atualizados podem entregar e, aqui numa vasta maioria, se resume há uma mistura dos modos mais comuns usados nos títulos até hoje, sendo a junção dos modos Qualidade e a vantagem visual com o Performance e a taxa de quadros mais elevada.
Durante meu tempo com o PS5 Pro, testei diversos jogos que fizeram uso disso e é notável uma qualidade de imagem melhor com o dobro da taxa de quadros. Isso foi praticamente um padrão encontrado em todos, fazendo uso do PSSR para ajustar a resolução enquanto usa mais poder de GPU para aprimorar os fps e ainda fazendo uso do Ray Tracing sem que tudo isso seja uma escolha do jogador onde uma opção pode anular a outra. O resumo básico é que todos os jogos que receberam suporte para o PS5 Pro terão suas melhores versões nesse console e será perceptível ao jogador.
Que fique em evidência aqui os jogos que recebem atualização e suporte, pois esses vão entregar modos visuais e desempenho acima do que o PS5 base oferece de forma notável que mesmo em um teste às cegas é possível evidenciar. Na maioria dos que testei, continuamos tendo opção para o jogador preferir ainda uma resolução nativa a 4K ou aprimorada via PSSR, com a maior nitidez e detalhes possíveis de imagem, ou um foco maior na performance, com opções para 60fps, às vezes até com Ray Tracing, e até 120fps. Entretanto, alguns jogos entregam uma versão mais similar ao que era no PS4 Pro, com um modo único para o console que oferece mais opções, mas sim executar o jogo na melhor qualidade e performance possível de imediato.
Uma inclusão interessante é que teremos títulos que entregaram uma exótica opção para jogos em até 8K, caso você tenha uma tela compatível. No Man’s Sky, Gran Turismo 7, [REDACTED] e The Callisto Protocol são apenas alguns que conseguem alcançar essa resolução via PSSR, com 30fps de base e alguns até com 60fps. Claramente não vai ser tendência de imediato, mas devemos ver isso surgir vez ou outra como algo excêntrico em alguns títulos.
Falando sobre os jogos que testei, a preferência vai ser sempre pelo modo desempenho com taxa de quadros praticamente estável em todos. As resoluções receberam melhorias consideráveis e, sim, entregam a prometida imagem quase sem borrões e mais nítidas. Jogos como Final Fantasy VII Rebirth e seu modo desempenho opaco e sem nitidez são transformados de forma clara e o jogador tem muito mais detalhes ao seu dispor, mantendo ainda uma suave taxa de quadros. Um outro exemplo que entrega uma imagem melhor, mas muito por fazer um uso do Ray Tracing para iluminação e reflexos é Hogwarts Legacy, deixando a região interna do castelo do jogo mais bela, ainda que resultados da área externa parece ser favorecida apenas por um campo e distância de visão maiores.
O que precisamos deixar claro é que o console não é uma falácia ou apenas objeto de perfumaria vendido a um preço mais alto com promessas não cumpridas. O desempenho do PS5 Pro nos jogos selecionados é notável e válido, mesmo que a questão de custo para isso possa não ser a ideal, algo que vamos discutir mais adiante assim como a necessidade desses aprimoramentos. Ainda assim, é preciso reconhecer que jogos como Horizon Forbidden West, por exemplo, que já eram tratados como marcas de benchmark no PS5, consegue se apresentar aqui no melhor aspecto técnico e visual possível.
The Crew Motorfest, Lords of The Fallen e jogos futuros
Quando as primeiras comparações e análises de jogos no PS5 Pro começaram a surgir, alguns títulos tiveram uma atenção imensa de imediato. Seja pelas limitações das suas versões de lançamento ou enormes melhorias propostas agora, acabaram sendo o centro das atenções, como foi com Final Fantasy VII Rebirth e seu uso até como marketing do novo console.
Decidi então testar por longas horas aqueles jogos que tiveram melhorias consideráveis de suas desenvolvedoras e que acabaram não tendo tanto mídia por isso. Dois acabaram sendo meus principais, sendo The Crew Motorfest e Lords of The Fallen, que tiveram abordagens distintas entre si e até mesmo de outros títulos para melhor uso dos novos recursos. Um exemplo disso é que alguns jogos, como o próprio Horizon Forbidden West, mantém seus modos de lançamento e adiciona outros modos apenas para o Pro, deixando o jogo com 5 ou 6 opções para o jogador poder experimentar, o que é diferente dos dois jogos citados antes.
Motorfest radicaliza e elimina qualquer opção visual quando executado no Pro, entrando na lista dos que entregam o que podem no novo console. O jogo alcança o 4K via PSSR e 60fps consistentes, mas também aprimora diversos detalhes do seu mundo como sombras, mais objetos e folhagens, distância de visão, texturas, iluminação, reflexos e mais. Tudo isso acaba caracterizando a melhor imagem e desempenho possível ao jogo, sendo um atrativo fantástico e extremamente bem feito pela Ivory Tower.
Após bem mais de uma dezena de horas no jogo, viajando pelo chão, terra ou mar, com desempenho perfeito e podendo aproveitar o Hawaii numa entrega visual excelente, confesso que se tornou de imediato um dos melhores jogos de corrida arcade que joguei nos últimos anos. O trabalho em si com o jogo já era excelente e toda a pincelada técnica entrega acaba sendo notável e consegue mesmo fazer uma diferença de percepção em uma boa tela compatível.
Lords of The Fallen é um jogo que sofreu imensamente da parte técnica desde seu lançamento. Rivalizando com jogos como serviço e com multijogador na quantidade de atualizações entregue em períodos curtos, o jogo da CI Games e da Hexworks precisou de um extensivo suporte pós lançamento para se ajustar, principalmente na parte técnica. Agora, com suporte ao PS5 Por, a intenção é de que toda força extra do console possa ajudar num salto de imagem maior para seus fãs.
Aqui temos um caso em que o estúdio não criou opções de execução exclusivas para o Pro ou agiu como em Motorfest, mas manteve seus mesmos modos de qualidade e desempenho da versão de lançamento, mas com aumento na contagem de pixels e consolidação de uma taxa de quadros estável. A atualização 1.6 do jogo mudou os modos de execução no Pro para 4K nativo a 30fps e 4K via PSSR a 60fps, esse último tendo por base uma resolução nativa de 1440p.
Tendo aproveitado o jogo em seu lançamento, com diversos problemas de performance, depois ao longo de algumas atualizações e agora no Pro, afirmo que a experiência visual se manteve agradável enquanto a performance foi vastamente aprimorada. A opção 4K a 60fps vai ser a única viável aqui e até questiona a necessidade até de uma opção para 30fps, já que a intenção com jogos de ação rápida é uma resposta cada vez mais direta.
Ambos os jogos se tornaram experiências melhores de forma definitiva, ainda que seja mais de um ano após seus lançamentos e com aprimoramentos certeiros. Entretanto, também realizei um teste reverso para saber se o impacto de voltar com esses mesmos jogos no PS5 base teria uma notável diferença ao jogar. O resultado? continuei achando uma experiência excelente de toda forma, mesmo sem a perfumaria extra aplicada recentemente.
O que quero dizer é que, com tanto tempo após lançados e um suporte contínuo, diversos dos problemas técnicos desses jogos foram mitigados e hoje são uma experiência melhor sem que você precise trocar de console para isso. Um melhor processo de desenvolvimento, tempo hábil e experiência no próprio projeto criaram versões melhores dos mesmos produtos sem que o jogador precise gastar mais.
O único contraponto a isso é a questão do tempo e como isso influenciará em jogos futuros. Por exemplo, Monster Hunter Wilds talvez seja o primeiro grande lançamento de 2025 que possa expor um certo envelhecimento técnico do PS5, muito pelo desempenho abaixo do esperado na beta. Talvez seja lançado bastante polido e não veremos esses problemas, ou talvez seja necessário o uso de um console melhor para aproveitar o jogo na sua melhor forma, como quase sempre é o caso de jogadores do PC para alguns lançamentos. Podemos ir além e começar a imaginar o lançamento de GTA VI e suas necessidade mediante as ambições da Rockstar Games para seu maior lançamento. Entretanto, voltar ao passado e observar a qualidade de Red Dead Redemption 2 pode indicar que tempo extra para o desenvolvimento pode ser a melhor opção.
Conclusão
Sim, o PS5 Pro vai entregar a melhor qualidade técnica para qualquer jogo que receber suporte para isso e será notável se você tiver uma boa TV com capacidade para usar todos os recursos possíveis. Entretanto, tendo essa mesma TV no PS5 base, ao fazer o uso de VRR, ALLM e HDR, também vai te entregar uma experiência de jogo excelente para aqueles com um lançamento mais redondo ou que foram polidos com o tempo. Não tente ter resultados mirabolantes naquele monitor 1080p, eu testei e não existe diferença notável.
Ainda que eu tenha afirmado logo antes que o PS5 Pro entrega o que é de melhor, note que há variáveis suficientes para impedir isso. Uma tela de qualidade e a necessidade do jogo receber suporte são as principais. Quer um exemplo? Cyberpunk 2077 não recebeu e não receberá suporte ao PS5 Pro, ao menos pelo que a CDPR deixou a entender. Portanto, todo aquele visual absurdo nos PCs não existirá nada próximo no PS5 Pro por causa da falta de suporte da desenvolvedora. Além disso, a maioria do catálogo de jogos com suporte ao Pro são títulos lançados há mais de um ano. Ou você aproveitou esses jogos antes e quer fazer isso de novo com algumas melhorias ou não vai tocar neles e prefere seguir para opções que ainda não jogou. A segunda opção vai limitar ainda mais essa biblioteca e deixar o jogador com menos jogos aprimorados para justificar o console.
O preço é um outro impeditivo aqui e, a menos que você tenha recursos suficientes para poder comprar sem pensar, o console vai acabar não sendo uma opção. Pensando apenas em investimento, se você hoje pode comprar um PS5 Pro, mas não tem uma TV adequada, vai ser melhor usar esses mesmos recursos para um nova TV. Além disso, há uma questão importante e pouco abordada por aí.
O PS5 Pro não é um console para todos e, desde o PS4 Pro, a estigma do console premium da Sony é de que foi feito para um seleto nicho de usuários. Se sua intenção é se preocupar mais com frames e pixels antes do que uma boa história ou jogabilidade podem te entregar, então é um produto perfeito. Os aprimoramentos técnicos vão ser só isso, mas nunca vão mudar se um título é bom ou não. Não existe milagre de performance que vai transformar um jogo de ruim para bom.
Tendo isso em mente e entendendo o produto oferecido, cabe ao jogador, seu bolso, seu setup e sua biblioteca, além das opções futuras para ela, saber o quão necessário é o console em si. Ainda assim, repito que o PS5 Pro é um excelente console e um aprimoramento técnico notável, ainda que as grandes mudanças da geração vieram já em 2020, mas que depende de algumas condicionantes para se justificar como um todo.
Console analisado com uma unidade enviada pela Sony Interactive Entertainment.
Agradecemos a Ubisoft Brasil por uma chave de The Crew Motorfest para esta análise.