Análises

Prodeus – Review

Confesso que nunca fui muito fã de estilo retrô para jogos atuais, mesmo que haja uma proposta interessante ou um grande foco em usar isso na parte artística. Obviamente é uma questão de preferência e realmente nunca me apeteceu. Quando surgiu a oportunidade para analisar Prodeus, torci o nariz de imediato e o interesse foi pouco. Bom, melhor assumir logo que eu estava errado quanto à primeira impressão apenas pelo visual.

Prodeus, desenvolvido pela Bounding Box Software e publicado pela Humble Games, vai ser taxado quase imediatamente apenas como uma cópia/inspiração de Doom e Wolfenstein clássicos, com o visual sendo o grande motivo para isso. Entretanto, o que faz a grande referência é o gunplay responsivo e fluido, entregando momentos de desafio e diversão quase certeiros.

A história, se é que tem alguma importância aqui, coloca o jogador como um soldado de elite e seu arsenal, adentrando um universo agressivo e destrutivo, repleto de aberrações demoníacas prontas para atacar ao primeiro sinal. Na busca de uma partícula que dá nome ao jogo, entre em fases e missões lutando contra diversos inimigos a fim do objetivo final de derrotar essas ameaças.

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Não há muita evolução nesse aspecto fora textos indicativos no início de cada missão e uma ou outra nota que encontrará espalhada pelas fases. Talvez o maior aspecto nisso seja representado pela mudança dos inimigos ao longo da campanha, com a partícula prodeus mais evidente com o tempo e causando um certo incremento de dificuldade.

O foco realmente é na jogabilidade e dar o poder de ação total nas mãos do jogador, entregando comandos precisos e responsivos da melhor maneira possível. Qualquer ação no jogo tem efeito imediato e a sensação de fazer parte disso é excelente. Se é adepto dos comandos rápidos dos Doom’s mais recentes, vai se sentir em casa aqui.

O arsenal disponível realmente faz diferença aqui e fará o jogador utilizar o máximo de equipamentos diferentes. Desde os próprios punhos a armas de raio, passando pelas clássicas shotguns e metralhadoras, ou até mesmo lança-granadas e equipamentos de plasma. Há 3 variações de armas para cada tipo de munição. Além disso, a maioria das armas possui um sistema alternativo de disparo, que pode ser o uso de mira para maior precisão ou concentrar o poder num único tiro.

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A variação no uso dos equipamentos é praticamente obrigatória, quase sempre pela grande quantidade de inimigos disponíveis e munição limitada que se pode carregar. Mas mesmo isso não impede que você tenha uma arma preferida e tente usar ela quase sempre, como a primeira shotgun que é excelente para o combate a curta distância e ainda tem o disparo alternativo para acertar inimigos mais distantes.

Durante as quase 30 missões e desafios alternativos, Prodeus sempre vai instigar o jogador a rodar cada mapa eliminando todos os inimigos, recolhendo tudo o que é possível e procurando cada segredo. Até aqui, fica fácil perceber como o título é realizado com forte inspiração dos FPS originais de décadas atrás, sendo evidente em muitos aspectos se você aproveitou esses títulos em algum momento.

Entretanto, talvez essa inspiração também seja o fator responsável por alguns problemas que se encontram facilmente no jogo. Um deles é a variação baixa de inimigos e o excessivo uso de alguns. Com o tempo, ao invés de adicionar novidades, o jogo começa apenas a utilizar os mesmos com outra roupagem e com mais vida. Além disso, quase não se percebe progresso efetivo e o cansaço vindo pela falta de qualquer evolução é notável. É possível ficar boas horas no título sem muita mudança em armamentos ou funções diferentes, como um duplo pulo que o jogador sequer pode aproveitar na campanha se não juntar recursos suficientes para adquiri-lo.

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Um outro problema é a inteligência artificial dos inimigos. É comum perceber vários presos em paredes ou cantos do mapa, dando voltas pelas beiradas quando não conseguem acessar o mesmo piso do jogador e até mesmo ignorar o combate e sair de cena. Também há algo estranho com o direcionamento de projéteis, com vários quase prevendo as ações do jogador ou mudando de curso após o lançamento.

Alguns desses problemas podem ser corrigidos e, talvez, sequer atrapalhar o jogador, mas não deixam de existir. São pormenores que atrapalham a experiência no fim, mas não diminuem a qualidade do jogo como um todo e são mais perceptíveis na metade final da campanha.

Prodeus ainda permite aproveitar a história num modo cooperativo para até 4 jogadores e também possui um ambiente multijogador, com partidas para até 16 jogadores. Entretanto, com várias tentativas para testar algum dos dois modos, inclusive mudando frequentemente a região dos servidores, não foi possível encontrar nenhum outro jogador.

O estilo de retrô com modernidade de jogabilidade para um FPS fez esses jogos receberem o nome de “boomer shooter”. Prodeus atinge isso em excelência, mesclando o visual e arte retrô (ainda que exista algumas opções para modernizar um pouco o jogo) mas com a familiaridade e sensação da jogabilidade mais atual e com ótima percepção nisso pelo jogador. Pequenos percalços são percebidos aqui e ali e com alguns mais notáveis ainda. De toda forma, se curte o estilo de jogos e também FPS, pode cair de cabeça em Prodeus.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Humble Games.

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