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Plants vs. Zombies: Replanted – Review

Muita gente tem a lembrança mais vívida de Plants vs. Zombies, aquele original, raiz, em plataformas PC, mas no meu caso, as memórias remetem a uma das minhas experiências em dispositivos mobile, quando eu compreendi o potencial agregador e o princípio imersivo que a premissa inesperada do jogo poderia trazer.

Anos se passaram, o cenário de games em computadores, consoles e smartphones se transformou drasticamente, mas aquilo que é clássico de verdade permanece clássico. Plants vs. Zombies: Replanted é uma remasterização que busca resgatar a marca para aquilo que nasceu para ser, apresentá-la para um novo público e, de quebra, fazer abrir o sorriso nostálgico daqueles que o tem como parte do sentimento bom de tempos não tão antigos assim.

Para quem passou batido pelo game e até para quem só conhece a IP pelo passeio que ela fez mais recentemente por outros gêneros, um rápido lembrete: Plants vs. Zombies é um tower defense típico onde assumimos o papel de um jardineiro um tanto quanto excêntrico que precisa proteger o jardim de uma infestação zumbi utilizando de corajosas plantas cheias de personalidade na linha de frente.

Em termos mais objetivos de jogabilidade, cada unidade de combate dentre várias possibilidades tem suas vantagens e funções no campo de batalha, como o tiro direto, suporte em recursos, minas explosivas de contato, raios retardantes, defesa, adaptabilidade em terreno aquoso, e outras habilidades muito úteis quando utilizadas da forma correta.

Com inimigos e recursos alinhados em um tabuleiro, é essencial saber quais os recursos mais efetivos para repelir as hordas inimigas antes que eles devorem os pobres vegetais e cheguem até a calçada da residência protegida. É, assim, um jogo que consegue mesclar estratégia e rapidez de resposta como poucos, porque vai muito além de um sistema de preparação e consequências.

Investir em uma artilharia pesada antes de ter um exército produtor de sóis (o recurso central para aquisição de unidades) pode ser eficaz contra as investidas iniciais, mas logo se prova insuficiente para ataques mais volumosos e inimigos mais resistentes. Por outro lado, investir em defesa e produção sem poder de fogo significa só adiar o inevitável, porque em algum momento, os comedores de cérebro vão chegar onde desejam. Equilíbrio e agilidade são os conceitos-chave.

A explanação, como fica evidente, deve soar repetitiva e um tanto quanto óbvia para quem já experimentou o jogo, mesmo que por meia dúzia de rodadas, em algum momento da vida. Não é estranho dizer que, em Replanted, as melhores vantagens são também os principais defeitos da nova versão, que em essência é exatamente o mesmo de 15 anos atrás.

Isso significa revisitar os mesmos personagens, diálogos e desafios que já foram consagrados antes, só que em alta definição. E se é exatamente isso o que se pode esperar de uma remasterização, a EA e a PopCap entregam um trabalho de excelência aqui. Plants vs. Zombies: Replanted é o esplendor artístico da franquia.

É fácil dizer que os modelos de cada personagem ou os detalhes do cenário nunca foram tão bonitos, já que foram todos redesenhados para funcionar na plenitude dos 4K a 60 frames por segundo. O jogo roda liso, fluido e estável mesmo nos níveis avançados quando a profusão de coisas na tela aumenta de forma exponencial. Não percebi qualquer queda de qualidade ou desempenho durante toda a avaliação.

E se há uma qualidade muito bem desenvolvida desde suas origens é um design colorido e vibrante que não economiza na saturação e nas vivacidade, mesmo daquilo que já está morto, algo que também pode ser percebido no trabalho sonoro quase hipnótico que se mantém na altíssima qualidade que já conhecemos, mesmo dando a impressão de uma mixagem estranhamente mais simples do que a original.

Para uma geração mais acelerada que a minha, o jogo conta com opções que aceleram o andamento da partida em até duas vezes e meia o padrão. O que para mim é uma insanidade que eu não consigo acompanhar, pode ser uma boa forma de adicionar mais algumas camadas de desafio para quem não ficar satisfeito com a duração relativamente curta do modo aventura, a campanha principal do jogo.

A mesma excelência também pode ser sentida no sistema de gameplay, algo que me trazia algumas dúvidas por nunca tê-lo jogado com controles antes. Afinal, a rapidez do ponteiro, em pouco tempo, se torna o fiel da balança entre conseguir coletar sóis, selecionar o tipo de unidade desejada e posicioná-la no espaço correto. Felizmente, tudo é muito rápido e intuitivo, e ainda há um ajuste para a velocidade do cursor. Não senti falta de mouse ou do controle por toque em tela em momento algum.

A adição de novas intempéries climáticas no modo Dia Nublado é uma forma muito peculiar de mexer com a lógica de produção industrial de luz solar. As plantas não custam tanto quanto na versão padrão, mas ainda assim, cada investimento precisa ser certeiro porque gastos desnecessários cobram ainda mais caro.

Por outro lado, o Descanse em Paz é basicamente uma versão hardcore do modo aventura original, com uma limitação enorme no uso do cortador de grama e um temido permadeath. Ou seja, suas ações são bem mais escassas para se defender e, quando você fracassar (e acredite, você vai fracassar bastante neste modo), volta tudo ao início.

Por fim, o multiplayer (curiosamente só local) é uma forma bastante eficiente de aumentar o tempo da vida útil do jogo, inclusive na eventualidade de se estar buscando algo descompromissado para se dividir naquela tarde preguiçosa de um domingão pós almoço de família. Enquanto o colaborativo possa irritar mais do que as piores fases do Overcooked, o competitivo é bem mais divertido, e jogar do lado dos mortos-vivos permite um uma fanfarronice maior.

Como um movimento de resgate às origens, Plants vs. Zombies: Replanted é uma jogada certeira da EA, e os poucos incrementos à fórmula original acabam adicionando um certo valor de qualidade de vida que, no final, é bem mais modesto do que eu esperava. Novos níveis, possibilidade de maior customização do campo de batalha, novas unidades, adversários mais imprevisíveis… tudo isso fica para o nosso imaginário e, na eventualidade desta versão fazer sucesso, um novo jogo original, quem sabe.

Isso significa que, olhando para o copo meio cheio, o jogo é fiel à obra original e respeita o seu legado, com atualizações sutis que visam adaptá-lo aos dias mais modernos e aumentar sua vida útil. Pelo copo meio vazio, é difícil identificar o apelo que um jogo com esse histórico terá com uma nova geração, menos ainda o quanto que fãs de longa data vão realmente encontrar algo aqui realmente significativo para além da nostalgia ou do sentimento de “já ri desta piada boba antes”.

Plants vs. Zombies: Replanted está disponível para PlayStation 5, Xbox Series, Nintendo Switch 2, PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC (via Steam e Epic Games Store) com localização em legendas e menus para o português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Eletronic Arts.

Veredito

Lembra-se de quando colocou plantas e zumbis para se digladiarem pelo jardim pela primeira vez? Pois Plants vs. Zombies: Replanted é exatamente aquele mesmo jogo, com as esperadas e óbvias melhorias gráficas de uma remasterização, e algumas parcas atualizações de qualidade de vida que fazem pouco para tornar o jogo algo além de uma versão requentada de algo que sempre foi incrível.

70

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