os últimos quatro anos o Brasil passou de 375 estúdios de desenvolvimento de games para 1.009, um aumento de 169% que reflete o excelente momento do setor no país. Os dados fazem parte da 1ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games, realizada pela Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), e foram divulgados na manhã desta quarta-feira, em painel promovido pela Abragames no BIG Festival, maior festival de games, criação, networking, e negócios da América Latina, que acontece esta semana no São Paulo Expo, em São Paulo.
Outro dado da 1ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games que chama a atenção é a distribuição geográfica dos estúdios por todo o Brasil. Apesar do ambiente de produção cada vez mais digitalizado e da presença de estúdios em todos as regiões do país, o Sudeste ainda concentra mais da metade dos desenvolvedores (57%), seguido do Sul (21%), Nordeste (14%), Centro-Oeste (6%) e Norte (3%).
Em relação à diversidade dentro dos estúdios brasileiros, o levantamento mostra que há cerca de 12.441 pessoas trabalhando com desenvolvimento de games no país, sendo 29,8% mulheres. Nas pesquisas de 2018 e 2014, essa mesma fatia representava apenas 20% e 15%, respectivamente. Além disso, mais da metade das empresas brasileiras (57%) afirmam ter uma força de trabalho diversa, com transexuais, idosos, estrangeiros, refugiados, portadores de deficiência, pessoas pretas, pardas ou indígenas.
Para qualificar a indústria, atualmente, o Brasil conta com mais de quatro mil cursos de graduação de Jogos Digitais ou de Design de Games cadastrados no Ministério da Educação Apenas 0,27% dos cursos são oferecidos pelo setor público. Em termos geográficos, mais de 40% desses cursos estão na região Sudeste e a estimativa é de que a cada ano se formem um total de 3.965 estudantes.
Com cada vez mais profissionais qualificados e conquistas expressivas no mercado internacional, já se esperava que muitos estúdios brasileiros revelassem negócios com empresas do exterior, mas o resultado foi acima do esperado, com 57% das desenvolvedoras tendo vendido seus serviços e jogos a empresas de outros países somente em 2021.
Os principais mercados consumidores das produções brasileiras são Estados Unidos e América Latina, que, respectivamente, fizeram negócios com 55% e 53% dos estúdios brasileiros. Em seguida estão Europa Ocidental (49%), Canadá (49%), países de língua portuguesa (41%), Japão (37%) e China (24%).
Atualmente, entre os estúdios nacionais, 83% da amostragem utiliza o motor gráfico Unity em seus projetos. Em segundo lugar, aparece a utilização da Unreal Engine, da Epic Games, com 23%, seguida de Blender Engine (13%), Construct (11%) e Game Market (7%).
Por fim, a pesquisa levantou as fontes de receita dos estúdios por tipos de jogos. Embora seja comum que uma desenvolvedora atue em mais de uma área, para efeito de levantamento foi levada em conta apenas a indicação da maior receita. Entre os respondentes, destacaram-se: jogos de entretenimento (76%), jogos educacionais (12%), advergames (6%), treinamento corporativo (4%) e simuladores com uso de hardware específico (1%).
Os dispositivos mobile (38%) são a principal plataforma tecnológica utilizada, seguida dos PCs (20%), consoles (17%), web (13%), realidade virtual/ realidade aumentada (9%) e redes sociais (0,4%).