Em meio a tantas coletâneas de remasterizações que temos recebido nos últimos anos, a de Patapon publicada pela Bandai Namco foi, com certeza, uma das mais inesperadas. Patapon 1+2 Replay, assim como o próprio nome já indica, reúne dois dos títulos mais criativos do PSP com pequenas melhorias que tornam a experiência muito mais acessível para novos jogadores, mas sem deixar de lado o charme e desafio que conquistaram tantos fãs no passado.
Patapon conta a história de um tribo de criaturinhas de um olho só que, após serem banidos para terras desoladas pela tribo Zigoton, aguardam o retorno do “Todo Poderoso”, aquele que os irá guiar na jornada para alcançar Earthend e, assim, contemplarem o enigmático IT. Dessa maneira, assumimos o papel da tão esperada divindade e através dos tambores sagrados iremos guiar a tribo rumo ao seu objetivo.
A gameplay de Patapon traz uma mistura equilibrada de ritmo e estratégia em tempo real. Como o Todo Poderoso, iremos comandar nosso pequenos guerreiros através de quatro botões mapeados representando os tambores: PATA (quadrado), PON (bolinha), DON (xis) e CHAKA (triângulo). Ações como avançar as tropas, atacar, defender, fazer chover, entre outras são executadas em sequências rítmicas de quatro batidas. Portanto aprender o timing dessas batidas acaba sendo crucial para comandar nosso exército e progredir pelas mais variadas fases. A cada acerto, o combo aumenta até atingir o Modo Fever, no qual os Patapons ganham força extra e habilidades aprimoradas. E esta é, com certeza, uma das partes mais divertidas. A trilha sonora que, diga-se de passagem, é excelente vai escalando conforme passamos mais tempo no modo Fever e toda essa sincronia te fazer se sentir como se estivesse regendo uma pequena orquestra tribal num campo de batalha.
Mas como já mencionado, Patapon 1+2 Replay não é apenas um jogo de ritmo. Ele tem um lado estratégico um tanto interessante, cabendo ao jogador montar seu exército com diferentes classes de guerreiros: Tatepons com seus escudos, Yumipons com arcos, Kibapons com lanças montadas, entre outros. A adição do Herói Patapon no segundo jogo adiciona uma camada a mais, oferecendo uma unidade personalizável com habilidades únicas. A coleta de materiais em missões é essencial para forjar armas, criar armaduras e evoluir os Patapons e é aí que mora um dos problemas do game. O grind necessário muitas vezes acaba se tornando cansativo, pois exigirá que o jogador repita algumas missões diversas vezes, o que pode tornar longas sessões de gameplay maçantes. Por um lado esse ponto negativo acaba sendo um pouco injusto visto que ambos os jogos foram pensados para um console portátil. Ou seja, algo focado em pequenas sessões de jogatina, o que funciona muito bem para o conceito do PSP e até mesmo do Nintendo Switch. Porém, quando analisamos sob o olhar dos consoles de mesa, fica ainda mais notável como ele é um game para pequenos momentos em que queremos relaxar ou matar o tempo.
Visualmente, a coletânea acerta ao manter o estilo artístico original, mas com resoluções mais altas dando a impressão de que o universo de Patapon está mais vibrante do que nunca. As músicas são um show à parte e são responsáveis por uma grande parcela da alma da franquia. A coletânea conta também com algumas melhorias de qualidade de vida: opção de calibrar a latência de áudio e vídeo, níveis de dificuldade ajustáveis e até a possibilidade de manter os comandos visíveis na tela, algo que ajuda especialmente quem está começando na franquia.
No entanto, nem tudo é perfeito. Logo ao iniciar o jogo devemos aceitar os termos de uso e política de privacidade e ali há a opção da troca de idioma para o português brasileiro, o que me fez imaginar que os games estariam localizados. Infelizmente não é o que acontece e, apesar da história não contar com tantos diálogos, senti falta da localização para nossa língua. Outro ponto que me causou certa estranheza é a ausência de Patapon 3 nesta coletânea. Seria uma ótima maneira de condensar a franquia por completo em uma única coleção possibilitando aproveitar os três jogos ao máximo. Não sei quais são as razões ou empecilhos para essa decisão, mas acredito que seja algo muito mais complexo do que apenas decidir não incluir um dos títulos. Ainda assim, seria uma oportunidade de termos a coletânea definitiva da franquia.
Como uma boa fã de jogos de ritmo, é impossível não recomendar Patapon 1+2 Replay. Mesmo tantos anos após seu lançamento original, a jornada dos pequenos guerreiros de um olho só segue sendo divertida e desafiadora. A mistura única de ritmo e estratégia continua envolvente, agora ainda mais acessível graças às melhorias de qualidade de vida. Seja pela nostalgia ou pela curiosidade em experimentar algo diferente vale muito a pena dar uma chance para esses corajosos guerreiros. Mas fica o aviso: prepara-se para cantarolar muito PATA-PATA-PATA-PON!
Patapon 1+2 Replay está disponível para PS5, Switch e PC via Steam sem legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Bandai Namco.