Não dá pra negar que a trajetória do modo história ou PvE de Overwatch 2 foi conturbada e cheia de decepções. A visão original prometia um alto grau de customização e um sistema robusto de progressão de heróis, aspectos estes que foram totalmente cortados no conteúdo descarregável “Invasão”.
Apesar do cancelamento do projeto original, o novo DLC de Overwatch 2 traz resquícios do modo apresentado anteriormente, possibilitando que os fãs da franquia possam reunir um grupo de amigos e imergir no universo da série. Não é o ideal, mas antes um lançamento de uma visão limitada do jogo, do que nada.
O pacote invasão consiste de três missões PvE, cada uma com cerca de meia hora de duração. Estes novos episódios são bastante similares aos dos “Arquivos” de Overwatch 1. Entretanto, há dois aspectos que merecem destaque aqui – o nível das cutscenes, que foi bastante aprimorado, e o capricho empregado nas construções dos ambientes.
No início e desfecho de cada missão do pacote Invasão há uma cutscene que ilustra bem os acontecimentos no mundo de Overwatch. Cabe destacar que as três missões seguem uma ordem cronológica. É interessante que mesmo as fases que são baseadas em cenários do PvP, como Rio de Janeiro e Toronto, possuem designs muito distintos no PvE.
Por se tratar de missões da equipe Overwatch, o número de heróis é seleto – englobando somente os membros deste grupo. Cada episódio comporta 4 jogadores, composta por um tanque, dois de dano e um suporte.
Há uma variedade aceitável de inimigos (mas que poderia ser maior) e alguns especiais lembram criaturas como os de Left 4 Dead ou jogos cooperativos similares. Em determinadas fases, o jogador terá de enfrentar chefes ou precisará defender objetivos para triunfar na missão.
Nas dificuldades iniciais, o jogo desaponta e a IA dos inimigos deve muito. O PvE de Invasão começa a ficar um pouco mais interessante nas dificuldades elevadas, especialmente no dificílimo modo lendário, que exige um grupo experiente e muito bem coordenado para completar o capítulo.
Nos episódios que demandam cooperação e organização, a experiência se torna muito mais satisfatória. Mas um problema que assola o PvP do jogo também compromete e muito a diversão do modo PvE – a comunidade. É bastante usual os jogadores saírem no meio da partida e o jogo automaticamente preenche a lacuna com bots, que não são propícios para vencer as missões no modo lendário.
Por 15 dólares ou R$ 69,00, o esperado é que o novo DLC incluísse um maior conteúdo e mais incentivos. Vale ressaltar que, junto desta atualização, foi introduzida uma missão PvE gratuita chamada de “Subterrâneo”. Tal episódio aproveita o mapa de King’s Row do PvP e não traz o mesmo capricho no quesito originalidade, em relação às presentes no pacote Invasão.
O fator que mais desaponta no primeiro pacote de missões de Overwatch 2 é sem dúvidas o replay. Como se não bastasse a brevidade das missões, os capítulos são muito repetitivos. Jogar pela segunda vez já perde boa parte da graça. Alguns podem considerar as diferentes interações entre as personagens como um bônus, contudo o gameplay fica devendo.
As recompensas chegam a ser ofensivas também (exceto pela skin de vigilante da personagem Soujorn). Ao completar os diversos requisitos das missões, a maior parte dos prêmios são vozes, sprays e pontos de experiência para o Passe de Batalha.
Em suma, as primeiras missões do modo história pecam em diversos departamentos. Minha experiência não foi prazerosa e a expectativa pelos próximos episódios não é das maiores. Todavia, junto da atualização que inaugurou o modo PvE, chegaram algumas adições interessantes para o modo PvP.
A sexta temporada do jogo introduziu a nova personagem de suporte Illari, o novo modo Ponto de Tumulto, duas novas fases, o modo de treinamento para masterização dos heróis e um novo sistema de rank ou progressão de heróis.
Começando pela principal novidade, a personagem Illari foi uma adição bem-vinda, tendo em vista que o número de suportes no jogo ainda é menor do que as demais classes. A jogabilidade e as habilidades da heroína são bem satisfatórias, especialmente pela introdução de um turret que cura, possibilitando que a personagem consiga atacar e curar simultaneamente. Embora um pouco poderosa no patch inicial, a personagem deve ser nerfada já no próximo patch.
Já o modo Ponto de Tumulto é bastante similar a um “King of The Hill” de outros shooters, mas sem interrupções entre rounds, como acontece no modo Controle. A introdução do modo de progressão agregou valor ao PvP também. Por mais bobo que pareça, ter uma barra de progressão, associada a uma pequena recompensa (usualmente em forma de XP) no final das partidas, acaba incentivando o jogador a testar novos personagens para conquistar mais progressões de níveis e medalhas – o que contribui para a variedade dos times.
Apesar do cancelamento dos ambiciosos planos originais para o PvE, a Blizzard conseguiu entregar um pequeno demonstrativo do modo história. E é apenas isso, um aperitivo, pois dá pra constatar que Invasão faz parte de um projeto maior. Contudo, os três primeiros capítulos não empolgam e cansam rapidamente.
No quesito PvE, a Blizzard precisa melhorar. Pelo menos o conteúdo PvP introduzido foi satisfatório e ainda justifica o retorno constante para os servidores do jogo, apesar de que o processo de monetização poderia ser menos agressivo.
