A temática futurística no mundo dos games é quase sempre vista em jogos de tiro. Saindo um pouco desse campo com inúmeros títulos a serem escolhidos, jogos que trabalhem o terror psicológico quase não são encontrados tão facilmente. Para quem tem interesse em cyberpunk combinado com terror, a Blooper Team, responsável por Layers of Fear, traz Observer, um jogo que coloca o jogador em futuro não tão distante e com um terror psicológico bem interessante.
A história de Observer se passa em 2084 e gira em torno de Daniel Lazarski, detetive de uma unidade especial chamada Observers que conseguem entrar na mente das pessoas para então interrogá-los. O filho de Daniel encontra-se desaparecido há anos e, logo no inicio do jogo, ele acaba entrando em contato com o seu pai por meio de uma mensagem criptografada. O detetive então consegue rastrear a origem da mensagem e parte em busca do filho desaparecido.
Observer faz com que o jogador se sinta dentro do filme Blade Runner em função do seu universo cyberpunk. Para quem não é familiarizado com o nome, cyberpunk é um gênero de ficção cientifica onde, em um futuro (próximo ou não), as pessoas passam a viver ao lado de uma tecnologia muito superior à de hoje e que ao mesmo tempo traz uma demonstração de pobreza ainda maior.
Graficamente, a empresa Blooper Team fez um grande trabalho em Observer. A Unreal engine é mais uma vez usada aqui e surpreende com os efeitos de luz misturados com a tecnologia do ano em que o jogo se passa. Os detalhes dos cenários também merecem atenção. Ao entrar em um dos apartamentos do jogo e se deparar com a cozinha ou a sala, por exemplo, podemos ver o nível de atenção dado a cada mínimo detalhe do ambiente.
Entretanto, nem tudo é perfeito graficamente em Observer. Existem alguns momentos do jogo em que a queda do framerate faz com que toda essa maravilha seja esquecida. Essa baixa nos quadros ocorre geralmente quando o personagem está correndo por corredores com muitos detalhes ou enquanto aparece o símbolo de save automático.
A jogabilidade em Observer é excelente. Embora em um primeiro momento possa ser intitulado como mais um “walking simulator”, o jogo traz uma complexidade bem legal. Por estar controlando um detetive, o jogador deve, obviamente, investigar cada canto dos cenários em busca de pistas que o levem ao encontro de seu filho.
Além disso, o jogador deve interrogar as pessoas para que missões paralelas possam ser completadas também. Nesse momento, uma caixa de diálogos se abre e então pode-se escolher a melhor maneira de questionar os suspeitos e/ou vitimas.
O jogo traz um sistema de menu bem simples. Ao apertar o botão triângulo, Daniel acessa um dispositivo em seu braço que traz os objetivos e o nível de stress em que ele se encontra. Se o nível de stress estiver alto, basta apertar o círculo para que ele utilize o sincronizador, que pode ser encontrando vasculhando os locais do jogo.
Daniel ainda recebe ajuda de um dispositivo de visão noturna (R3), térmico (L1) e eletromagnético (R1) que podem ser usados nas investigações. Num primeiro momento parece um pouco complicado de usar essa aparelhagem em busca de informações, mas quando o jogador entende a maneira correta de usá-los, o jogo fica ainda mais interessante.
Ainda falando sobre a aparelhagem à disposição de Daniel em suas investigações, a melhor delas é, sem dúvida, a que permite a ele se conectar à memória das vítimas. O detetive liga seu equipamento a um implante que se encontra dentro da cabeça das vítimas, fazendo com que ele possa reviver todas as memórias ali presentes, e é aqui que o terror realmente toma conta do jogo.
As memórias estão um pouco corrompidas e até difíceis de serem plenamente interpretadas. Além das lembranças sobre o crime em questão, o detetive se depara com os medos das vítimas, fazendo com que a leitura das memórias se torne tensa e muito assustadora.
Aqui Daniel também se depara com os seus próprios medos. Tendo contato com o íntimo das vítimas faz com que a incerteza sobre o filho desaparecido tome conta do seu psicológico, fazendo com que alucinações, imagens corrompidas, gritos e tensão tomem conta do personagem, causando um sentimento interessante no jogador. Ao final da busca pelas informações, o detetive acaba ficando muito tenso e estressado, fazendo com que o jogador aplique um sincronizador para que só assim possa seguir em frente.
Veredito
Observer apresenta ótimos gráficos, jogabilidade interessante e um terror que trabalha com o psicológico e o medo do jogador por meio de memórias encontradas ao longo do jogo. Embora haja problemas com o framerate em alguns momentos, isso não faz com que Observer deixe de ser um jogo a ser aproveitado pelos amantes de jogos de terror e do universo cyberpunk.
Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.