Não é surpresa que o PlayStation celebra seu 30º aniversário, afinal tivemos um número considerável de celebrações da Sony (mesmo que nenhuma delas tenha sido grande o suficiente). Mas uma coisa que precisamos levar em conta é que, se você já caminhava na Terra em 3 de dezembro de 1994, era bastante provável que o PlayStation não tenha sido seu primeiro console.
A Sony entrou numa disputa em que a SEGA e a Nintendo estavam em seus auges. No Brasil, quando a era 32 bits ainda estava chegando, o SNES e o Mega Drive reinavam absolutos. Então, sob essa ótica, perguntamos:
O que você estava fazendo em dezembro de 1994 e quando ocorreu seu primeiro contato com o PlayStation? Qual foi o seu primeiro console da marca?
Ivan Nikolai Barkow Castilho
Em dezembro de 1994 eu tinha apenas 7 anos. A foto acima resume o que eu estava fazendo naquela época: jogando meu Mega Drive (que a minha prima me deu), mais precisamente Sonic the Hedgehog 3 (como a maioria dos brasileiros, com uma versão pirata que não salvava).
A principal fonte de informação daquela época eram as revistas de videogame. Honestamente, o PlayStation não me chamava a atenção em seu lançamento. Lembro que um dos jogos que até me fazia se interessar pelo console era Mortal Kombat 3 (que só chegou em 95 para o PS1), mas, fora isso, nada muito empolgante (para mim! Uma criança de 7-8 anos).
Uma coisa que me intrigava muito com o PlayStation era o seu sucesso de vendas. A Ação Games de número 100, publicada em fevereiro de 1996, mostrava um gráfico que o PS1 atingiu 120 mil unidades vendidas em apenas 1 mês, enquanto que o Saturn precisou de 5 meses. Achava isso incrível com um console que eu não entendia o seu sucesso.
No entanto, em 1996 eu estava cada vez mais viciado em jogos de luta (aproveitando-os nos Arcades na Playland do Shopping Morumbi e no Multilet que ficava ao seu lado, quando ainda morava em São Paulo). E ter um Street Fighter Zero 2 em casa era um sonho – distante. Sabia que o PS1 tinha ele (e o Saturn) justamente pelas revistas, mas o console era caro para nossas condições financeiras da época. O que eu acabei fazendo? Comprei um SNES para jogar o título em questão. A partir desse momento, comecei a me interessar mais pela Nintendo e meu console seguinte foi um Nintendo 64 em 1997, depois o GameCube e o Wii (o Dreamcast também entrou nesse rolo). Meu primeiro PlayStation acabou sendo somente o PS3 em 2008 (o bundle com MGS4; o qual só tenho a caixa hoje devido ao famoso YLOD).
É claro, isso não significa que eu nunca tinha encostado num PS antes. Mais uma vez, como todo brasileiro, existiam locadoras e colegas da escola. Joguei muita coisa dessa forma, mas nada que me fizesse querer investir no console (até o PS3 me conquistar).
O PS1 tinha muita coisa que me fazia cogitar, além dos jogos de luta. Eu basicamente “zerei” Resident Evil 2 lendo o detonado da Gamers (penso que seria o equivalente a ver um vídeo de YouTube da época?). E, ainda sobre as revistas (que caramba, comprava todas que podia; cheguei a ter uma baita coleção – atualmente só tenho algumas selecionadas a dedo e todas – sim todas – Nintendo World), tinha muito jogo que eu olhava e só podia imaginar como seria jogar.
É uma época que não volta mais e que a geração atual nunca saberá a sensação devido às outras tecnologias que temos. Não que isso seja algum ruim, mas sou muito feliz por ter nascido num momento em que pude acompanhar a evolução gráfica dos videogames e principalmente muitas das revoluções que o PS1 trouxe à indústria.
Victor Vitório
Na época, eu nem tinha meu primeiro console, mas já tinha jogado Atari (da vizinha), NES e SNES (de primos), Master e Mega (de outros primos) e tava fissurado em Sonic 2. Foi apenas aps 10 anos, em 1995, que uma tia me deu meu primeiro videogame, um MD. Em 98 eu juntei com o SNES de outro primo (família grande) e trocamos por um N64 usado. Foi depois disso que Chrono Trigger (adivinha? Primos) me fez apaixonar por JRPG e comecei a considerar buscar um PS1 para jogar o gênero. Então, na revista Ação Games de abril de 2000, prestes a fazer 15 anos, eu vi uma minúscula “review” de Grandia e foi amor à primeira vista. Isso me fez decidir trocar o “meia quatro” por um PS1 usado e fui feliz com joguinhos japoneses de 40h de duração que me fizeram aprender inglês na marra. Perdi as contas de quantos controles de 10 reais tive que comprar e quantas vezes levei para alinhar o canhão. Ainda tenho o console, mas só de lembrança, pois ele não funciona há quase 20 anos.
Bruno Henrique Vinhadel
O nascimento do PlayStation pode ter sido algo icônico em sua época, mas para o jovem aqui de apenas 5 anos em dezembro de 94 significava quase nada. Das minhas memórias nada vem sobre o console e jogos, mas isso mudou alguns anos depois. Em 99 tive um SNES e daí começou um contato maior com os jogos. Na mesma época, aproveitava os finais de semana na casa de um primo para jogar o PS1 que tinha comprado um tempo atrás. As várias horas aproveitando Vigilante 8: Second Offense logo em seu lançamento foi algo que me marcou imensamente e garantiu que eu nunca mais deixasse de fazer parte da família PlayStation.
Thiago de Alencar Moura
Embora eu mal estivesse vivo quando o PlayStation original foi lançado no alto dos meus 2 anos de idade, é difícil lembrar de um momento da minha vida depois disso em que ela não fosse acompanhada por um console da Sony. Meu PlayStation (sim, o original, antes do PS1 slim), viria em 99 porque meu pai queria jogar o tal Resident Evil 3, substituindo meu recém-queimado Mega Drive. Os primeiros anos foram guiados por muito Crash e Spyro, mas logo Final Fantasy Tactics e Breath of Fire IV mudariam o rumo da minha vida e, de lá pra cá, minha relação com a marca PlayStation foi de imensa fidelidade.
Paulo Roberto Montanaro
As férias estavam chegando e eu finalmente tinha conseguido juntar meus valiosos R$ 2 (novinhos, porque afinal a nossa nova moeda tinha sido lançada havia poucos meses) para andar até a locadora de games mais próxima e enfim alugar o incrível (ao menos, era o que as revistas davam a entender) Robocop vs Terminator para o meu novíssimo Master System III. Eu já tinha zerado o Sonic algumas vezes e precisava dar um passo adiante. Afinal, com meus 11 anos de idade muito bem vividos naquela altura, já era um jovem maduro, consciente das dificuldades da vida e da violência das ruas muito bem representada naquele embate histórico entre dois ícones da Sessão da Tarde.
A chegada do tal PlayStation ainda era algo de uma outra dimensão para quem crescia no interior, sem tanto acesso assim à tecnologias mais modernas, e os consoles da SEGA eram o que de mais próximo se tinha depois do Atari 2600 usado que já estava dando pipoco nos dois controles. As notícias de games eram raras, quando muito surgiam nas revistas mensais da banca e mesmo assim elas se dividiam quase que completamente entre os poderosos SNES e Mega Drive. Não à toa, a capa da Ação Games, que já era a maior revista especializada por aqui, de dezembro de 1994 tinha Donkey Kong Country em destaque.
A história tratou de mostrar que deveríamos ter dado mais atenção aquela caixa esquisita da Sony, mas como os anos 1990 ainda tinham um certo atraso no mercado de novas gerações, foi só nos anos seguintes que começamos a dar mais atenção àqueles gráficos realistas poligonais. Eu ainda passaria pelo SNES antes de chegar nesta geração, em 1998, apostando que o SEGA Saturn teria um futuro mais brilhante… como eu disse, um jovem maduro e bem vivido.
E você, leitor?
E você leitor, o que estava fazendo em 1994/1995? Qual foi seu primeiro contato com o PlayStation e o seu primeiro console da marca?