O nome do troféu – Edição 02

Olá a todos!

Ao iniciar esta segunda edição de "O nome do troféu", me veio à mente um argumento que, confesso, até mesmo eu usava quando não ligava muito para a questão de troféus: abandonar o jogo após a conquista da platina. Realmente, muitos jogos nos quais conquistamos tudo nele, após o feito, fica um clima diferente ao iniciá-lo. Pego, por exemplo, Assassin's Creed, que já adianto, que será um dos temas desta segunda edição. Creio que o último troféu de todos aqui (ou da maioria) foi o "Show me your Colors", no qual Ezio, após a colheita maldita de 100 penas, ganha a capa Auditore e tem que exibi-la em todas as cidades do jogo e em algumas cercanias também. Após isto, ainda há algumas coisas a fazer, como side-missions que darã um bom dinheiro. Porém, com tantos jogos na fila, fica difícil continuar, não?

Entretanto, percebi também que isto varia de jogo para jogo e de jogador para jogador. Um exemplo contrário a isto é o FIFA 13. Platinei o jogo (e nesta semana teremos um Trophy Guide dele) e mesmo assim ainda continuo a jogá-lo (principalmente o Ultimate Team que premia jogadores dedicados). Ou seja, podemos concluir que também deve partir das desenvolvedoras não deixar os jogadores tão refém dos troféus assim.

E vocês? O que pensam a respeito? Citem nos comentários, se possível, exemplos de jogos que, mesmo após a platina, vocês ainda jogam.

Boa leitura a todos!


Assassin's Creed: Brotherhood com certeza contém uma platina mais difícil que o seu predecessor. Apesar de não existir a tarefa de encontrar um número absurdo de penas, existem outros colecionáveis que, de certa, preenchem um tédio com o outro, como por exemplo, coletar as bandeiras presentes no jogo. Além disto, diante da imponente ambientação de Roma, há um modo multiplayer com sua dezena de troféus e o desafio de paciência ao chegar no nível 50.

Claro que tudo isto deve ser premiado com uma platina bem contextual. Ao conquistar todos os troféus, o jogador recebe a máxima premiação e, provando ter um verdadeiro domínio em Brotherhood, eis que a platina Julius Caesar pipoca na tela.

Além de o título estar com o nome do cônsul em latim, temos, na arte do mesmo, uma referência ao brasão do Vaticano, cidade-Estado religiosa, dotada de soberania e localizada dentro praticamente dentro da cidade de Roma, capital da Itália.

Ainda com o imperador romano, Júlio César ficou conhecido por frases emblemáticas durante suas conquistas em diversos territórios a favor de Roma. Uma das mais famosas certamente é a de apelo curto e rápido "Vim, vi e venci". Tal frase teria sido dita pelo homem mais poderoso na época da Roma antiga, direcionada ao Senado Romano, após a vitória do general na Batalha de Zela, enaltecendo o seu poderio militar e sua influência.

Tal frase se popularizou nos mais diversos contextos culturais, como nos cenários musical e televisivo. Nos videogames, temos um exemplo recente em Lollipop Chainsaw, entretanto, aqui há a referência da referência. Como assim? Explico. O troféu I came, I saw, and I kicked its ass é conseguido após derrotar Killabilly, último chefe do jogo. O tamanho incomum e a aparência similar a de Elvis Presley chama atenção quanto a este chefe. Várias vertentes do rock and roll e de estilos esquecidos são representados por chefes zumbis, representando a morte desses. Provavelmente o visual do rei do rock represente a morte total, o chefe final deste.

Legal, mas e o lance da referência da referência? A frase em si que dá título ao troféu vem como referência à série de filme Ghostbusters (Caça-Fantasmas). Tal frase fora dita pelo personagem de Bill Murray ao mostrar a forma como a equipe lida com os fantasmas, porém, na primeira pessoa do plural. Veja um vídeo abaixo com a citada frase, dita em 1:17, aproximadamente:

Suda51, em seus jogos, transborda influências dos anos 1970 e 1980, portanto, além de se maravilhar com as bizarrices do japonês doidão, ainda exercitamos nossa mente ao captar as referências. Usemos o exemplo de Killabilly. A semelhança da fase em que enfrentamos o chefão e com as cenas do confronto com Stay Puft Man, do primeiro filme da série Ghostbusters são visíveis. O gigante aparecendo entre os prédios, carros amontoados, assim como nas cenas do jogo protagonizado pela caçadora de zumbis Juliet.

Legal não? Ambos tão imponentes quanto um certo personagem de Roma que vinha, via e vencia e, porque não, chutava bundas.


Uma das franquias surgidas nessa geração (e exclusivas dos consoles Sony) que eu mais ambicionava jogar é LittleBigPlanet. A engenhosidade da Media Molecule em proporcionar uma interatividade online sem precedentes em um jogo de plataforma, com ferramentas de criação robustas certamente ditou muito acerca de um estilo bem representado nestes últimos anos. A oportunidade surgiu com LittleBigPlanet 2, de graça na Plus e valeu muito a pena. Além de constatar o que fora dito, pude ver que Sackboy é um personagem especial e, apesar de seu design simples, também customizável, transborda personalidade. Aliás, poder moldá-la por meio de modificações das expressões faciais é um barato. Acredite: completar uma fase com sua expressão triste e sua expressão feliz nos mostra um diferencial.

Quanto aos troféus, foi relativamente fácil platinar LBP 2. Um dos troféus que, em tese, seria difícil de se conseguir é o Aces in Spades. Para conseguí-lo, bastaria completar dez níveis diferentes e seguidos sem morrer. Buscando nos elementos do tarot, a alusão à carta "às de espadas" nos traz uma ideia de mudança ou, até mesmo, de morte. Ou seja, o desafio implícito aqui poderia ser interpretado como uma mudança dessa situação, buscando a sobrevivência em tais níveis.

Buscando uma referência musical, existe uma banda britânica muito boa do cenário de heavy-metal chamada Motorhead. O quarto disco desta banda chama-se "Ace of Spades", o qual contém uma canção com o mesmo nome e que mostra um "eu" que expressa uma adoração da vida como um verdadeiro jogo.

Simbologia das cartas à parte, o interessante é quando reunimos amigos e jogamos algo baseado nelas. Jogatinas de poker, por exemplo, são das mais celebradas. Nos videogames, quando reunimos amigos para jogar de forma rotineira, isto significa que o apelo multiplayer do jogo foi cumprido. Um exemplo disto é a novidade vista em Call of Duty: Modern Warfare 2, que são as spec-ops. Um conjunto de missões é apresentado, como se fossem extensões da campanha principal e ao cumpri-la ganhamos estrelas, dependendo da dificuldade da mesma, variando de 1 estrela, até 3 delas na mesma, isto na dificuldade Veteran.

Claro que os troféus não ficariam de fora. E um destes nos traz as cartas como tema de uma forma bem criativa. Ao conseguir exatas 21 estrelas, pipoca na tela o troféu Blackjack. Para os que não sabem, Blackjack é o popular vinte-e-um, jogo que consiste em ter mais pontos que o adversário, não ultrapassando a numeração citada. Passou, perdeu. Mas no caso de Modern Warfare 2, temos que ir muito além do 21 para ganharmos as Spec Ops por completo.


Uma das grandes diversões prováveis de quem cria os nomes para os troféus é fazer uma espécie de jogo de palavras para a tornar o processo mais criativo. Não basta nomear o troféu por si só, tem que ter um significado incutido nele. E, de preferência, que remete à conquista alardeada ou faça alusão à uma frase famosa. Ou as duas coisas.

Peguemos alguns exemplos aqui. Um dos jogos mais controversos dessa geração certamente foi Catherine. A trama envolvendo o triângulo amoroso Vincent, Katherine e Catherine nos trasmite, por meio de pesadelos do protagonista, algumas temáticas, sendo a principal delas o adultério, sem contar o jogo de sedução visto, porém nada de forma explícita, como pensam algumas pessoas e que, logo de cara, tiveram preconceito com o jogo, achando que havia promiscuidade hentaiana.

Quanto aos troféus, Catherine é uma platina dificílima. A subida em Babel não é fácil e a aleatoriedade de suas fases pode fazer com que qualquer um arranque os cabelos e fique calvo precocemente. Mas podemos colecionar alguns troféus com certeza. Além de os relacionados à história, temos os de requerimentos nas fases e que fazem alusões aos diferentes tipos de blocos existentes. Um destes troféus é o Have an Ice Day, que consiste em empurrar um bloco de gelo e fazê-lo deslizar por cinco ou mais blocos.

O nome do troféu, como muitos já devem imaginar, remete ao termo "Have a Nice Day", aquela saudação diária mais formal utilizada por falantes de língua inglesa.

Agora nos adentremos a outra surpresa ótima desta geração. Jogos baseados em super-heróis já existentes em outras mídias (HQs, por exemplo) nem sempre saem ótimos resultados. Com Batman foi uma exceção. Os dois jogos da "série" Arkham, lançados nessa geração, são referências de jogos com ótimo conteúdo, aliando jogabilidade, história e level design competentes. 

Quanto aos troféus, Arkham Asylum, por exemplo, é uma platina de dificuldade moderada. O desafio "Shock and Awe" no Extreme, requerimento para um dos troféus, certamente deve ter deixado muitos de cabelos em pé. Bom, mas alguns troféus têm uns nomes muito criativos. Um deles é um dos primeiros que vai pipocar na tela de quem jogar e que consiste em se sair bem na primeira batalha contra um Henchman enviado pelo Joker.

Malpratice needs more pratice nos mostra um jogo de palavras entre a expressão que significa delito e a necessidade de mais prática por quem o executa, digamos assim. Por ser o primeiro henchman titã do jogo, já era de se esperar que não fosse grande coisa e que os próximos precisariam "treinar" mais para fazer frente ao homem morcego. Interessante também é o desenho da conquista, que praticamente nos mostra a forma como atordoá-los (ou quase), sendo que, quando o mesmo vem para cima de Batman, temos que usar a batarang para que sua visão seja prejudicada e o mesmo bata contra alguma parede, dando a oportunidade do herói da DC Comics desferir alguns golpes no grandalhão.

E para encerrar esta parte, recrutaremos o espartano mais famoso dos games novamente (não devem existir muitos, mas tudo bem, haha). Alguns troféus da série God of War contêm um jogo de palavras interessante. Um deles, presente em God of War III nos traz um desafio e tanto, apesar de a platina, em sua plenitude, ser bem fácil.

Percorrer o labirinto com Pandora nos mostra vários fatores que tornam esse jogo tão grandioso. Os combates viscerais estão aqui, junto com um level design robusto, nos forçando a chegar até o topo do labirinto com a dita figura mitológica. Perceber a riqueza da arquitetura do labirinto nos faz ficar boquiabertos, maravilhados. E percorrê-lo sem morrer então? E sem falhar também? Esse é o desafio de Kratos quando a descrição "The Labyrinth" aparece na tela. É uma parte relativamente longa e a parte da onda de inimigos junto a espinhos no chão pode ser um grande problema.

Entretanto, passado este percurso, é grande parte do caminho andado para a conquista do troféu de ouro aMAZEd. Perceba o jogo de palavras dentro da palavra. Maze significa exatamente "labirinto" e dentro da palavra "amazed" e destacada por seu escrito em caixa alta. Amazed, como já adiantamos, significa estar maravilhado, boquiaberto diante de uma situação. E com certeza God of War III é daqueles jogos que provocam esse tipo de reação devido à sua grandeza.


Como dois universos tão distintos podem nutrir semelhanças. A série Assassin's Creed se fundamenta na ação, exploração em um mundo aberto, história profunda e, porque não, reflexiva, combates sangrentos, visual realista e por aí vai. Já Mario é o rei de jogos de plataforma, geralmente ambientados em cenários coloridos como em Mushroom Kingdom. Há combates, mas eles são mais simples, mais caricaturescos e a história não importa tanto, afinal, já sabemos quem será sequestrada e quem a sequestrará e, claro, como isto terminará. Entretanto, há semelhanças aqui. Ezio e seu contexto italiano nos mostra que a terra natal é idêntica a do bigodudo trajado com macacão vermelho. E, inclusive, há uma referência pontual em Assassin's Creed II, a qual você pode ver no vídeo abaixo:

E nos troféus, claro, não poderiam faltar referências. Dois deles estão presentes em Assassin's Creed: Brotherhood. O primeiro, relacionado à história, faz uma referência ao primeiro Super Mario Bros., lançado para NES. Na missão "Femme Fatale" da sequência 4 de DNA, Ezio, após resgatar Lucrezia de Borgia, é indagado pela mesma em relação à salvação de princesas aprisionadas em castelo. Além disto, a conquista em si, chamada Principessa in Another Castello nos mostra uma frase bem famosa proferida no já citado jogo do Nintendinho.

Outra curta referência temos na arte e no nome do troféu também. Para se adentrar em lugares secretos, Mario usa os encanamentos como entrada, afinal, um encanador conhece os caminhos, não? Ezio também. Através de lugares já conhecidos na superfície, o assassino pode ter acesso a áreas secretas, no intuito de encontrar os tesouros de Rômulo. Um deles, situado em Cloaca Maxima, após ser angariado, nos dará o troféu Plumber. Além do nome em si, o desenho do troféu nos mostra um encanamento similar usado nos jogos de Mario. Miyamoto não contava com essa! Ou talvez contava. Vai saber!


Encerrando essa segunda edição de "O nome do troféu".

Gostaria de agradecer a todos pela boa receptividade da primeira edição.

Boa semana a todos e até a próxima!