Ninja Gaiden: Master Collection – Review

Ninja Gaiden é uma série clássica de ação. Seja na época do NES ou com os jogos mais recentes da série na geração do PS3, é uma franquia que ficou marcada na história dos videogames. Dito isso, o último lançamento foi o decepcionante spin-off Yaiba: Ninja Gaiden Z em 2014. Se considerarmos a série principal, faz quase 10 anos que vimos a chegada de Ninja Gaiden 3. É um tempo bastante considerável para uma série que marcou época e pedidos por um Ninja Gaiden 4 existem há anos. Servindo como uma luz no túnel para os fãs que esperam por isso, a Koei Tecmo nos traz Ninja Gaiden: Master Collection.

Ninja Gaiden: Master Collection é uma coletânea que oferece os três últimos jogos principais da série: Ninja Gaiden Sigma, Ninja Gaiden Sigma 2 e Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge. Você verá que é, sem dúvida, uma coletânea muito boa devido à qualidade dos jogos originais, mas que sob a ótica do trabalho de remasterização, a equipe responsável fez basicamente o mínimo.

Primeiramente, vale esclarecer que Ninja Gaiden: Master Collection tecnicamente “não existe”. Ao comprar o pacote da PS Store, você recebe em sua biblioteca os três jogos de forma separada.

A vantagem disso é que você pode baixar e deixar instalado somente os jogos que está jogando ou tem interesse no momento, liberando espaço em seu HDD (apesar de não ser muita coisa – o total ocupado pelos três jogos é cerca de 12 GB). A desvantagem é que se você espera um menu que o leve aos jogos ou algo que unifique tudo – não há. No PS5 é um pouco mais confuso: os três jogos são considerados como “versões” de Ninja Gaiden: Master Collection. Ou seja, se tiver pelo menos dois deles instalados, é preciso trocar de versão como você troca entre as versões de PS4 e PS5 de um jogo (não são vistos como títulos separados na interface).

Esclarecido isso, podemos ir ao que interessa: os jogos em si.

O maior problema de Ninja Gaiden: Master Collection é que somente o mínimo foi feito pela Koei Tecmo e Team Ninja na coletânea. Indo apenas pela minha memória de anos atrás, acredito que os jogos estejam exatamente iguais aos que eram no PS3. E é justamente aqui que fica uma crítica: os gráficos, para um remaster, estão muito feios.

As texturas não parecem melhores e se analisarmos o primeiro Sigma, é basicamente um título da época do lançamento do PS3 – que era um remaster de um jogo de Xbox – sendo jogado em tempos em que o PS5 já existe. Ou seja, para os padrões atuais, é um jogo muito velho e isso acaba ficando muito evidente sem um devido capricho.

Entenda: Ninja Gaiden Sigma ainda é um ótimo jogo e desafiador. Na verdade, a qualidade dos três jogos é indiscutível. Mas a câmera, que mesmo na época já tinha defeitos, é quase imperdoável hoje em dia. Ao menos o primeiro Ninja Gaiden Sigma tinha que ter sofrido um remaster-quase-remake a nível que o primeiro Mass Effect sofreu em Mass Effect Legendary Edition.

Ao irmos para Ninja Gaiden Sigma 2 fica bastante clara a evolução no gameplay e já é algo muito mais aceitável para os padrões atuais. Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge é o mesmo caso, apesar de pessoalmente achar que Sigma 2 é o ápice da trilogia.

Vale notar que no período em que jogamos (pré-lançamento), a Koei Tecmo deixou claro que não havia sangue. Um patch no lançamento deve adicionar isso, portanto acreditamos que a censura que existe em Sigma 2, por exemplo, e que foi muito criticada na época, não deve existir com o patch. Mas não o testamos.

Ninja Gaiden: Master Collection oferece todos os DLCs lançados, mas tudo que envolve o multiplayer foi cortado. Isso nos leva às trials de Sigma 2, que basicamente são impossíveis de serem feitas com uma CPU (da mesma forma que no PS Vita também é basicamente impossível).

Por se tratar de uma remasterização e como já é de praxe, não espere por legendas em português do Brasil, considerando que os originais não tinham.

Mais uma vez: preciso deixar claro que a qualidade dos três jogos originais é ótima. Pelo tom do texto até o momento parece que os jogos em si são ruins – longe disso. Como esclarecido no início do review, o legado da série é notável em muitos jogos de ação. É uma franquia que recomendo demais conhecer e a Master Collection é uma boa forma de fazer isso.

Porém, é preciso deixar claro que o trabalho da remasterização em si deixou a desejar. Os gráficos não parecem ter sofrido nenhum tipo de polimento – sinceramente, parece que quando você joga em uma TV 4K com o PS4 Pro ou PS5, o game simplesmente faz um upscale simples (principalmente com as texturas do primeiro Sigma, enquanto que o ambiente de Sigma 2 parece tudo meio borrado). Não tenho conhecimento técnico para afirmar que é o caso, mas é a impressão que fica. Ao menos temos que reconhecer que tudo roda a 60 quadros por segundo e de forma estável, sem quedas.

Além disso, quem jogou os originais não vai encontrar nenhuma novidade. São os mesmos jogos (e sem os seus modos multiplayer). Não que isso seja ruim – é a proposta da coletânea afinal, mas é preciso mencionar esse ponto. Mas isso não significa que precisava ser assim – alguns extras poderiam ter sido incorporados. Por exemplo: o Ninja Gaiden 2 original, exclusivo de Xbox 360, poderia estar presente na coletânea para os fãs hardcore, principalmente aqueles que nunca tiveram acesso ao console da Microsoft, checarem as diferenças com Sigma 2.

No fim, Ninja Gaiden: Master Collection é uma ótima coletânea para aqueles que querem conhecer a série ou relembrá-la. Porém, infelizmente, não é o pacote perfeito que esperávamos.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.