Análises

Mortal Kombat 1 – Review

Já é de certa forma uma tradição: a cada quatro anos, um novo Mortal Kombat é lançado pela NetherRealm Studios. E a cada jogo, a série aprimora de alguma forma. Mortal Kombat X inovou, por exemplo, nas três variações por personagens, oferecendo na prática um leque considerável de lutadores. Já Mortal Kombat 11 evoluiu a série de uma forma gráfica consideravelmente e na customização. Com Mortal Kombat 1, lembraremos do sistema de Kameo daqui a quatro anos. Mas apenas isso?

Mortal Kombat 1 é basicamente o que você espera de um jogo ‘Mortal Kombat’. Vamos explicar cada modo e o que há de bom ou ruim neles, mas em sua essência, MK1 oferece o que os fãs desejam.

Mortal Kombat 1 Sindel

Os jogos da NetherRealm Studios são conhecidos pelos seus modos história cinematográficos. Mortal Kombat 1 continua essa tradição, oferecendo um modo extamente igual aos anteriores (cutscenes separadas por capítulos dedicados a personagens e dentro deles algumas lutas). Há alguns trechos com o Test Your Might (pressione botões e depois R2 no momento certo), mas tirando isso, é o modo história “clássico”.

O problema dessa vez é que a história de Mortal Kombat, ao longo dos anos, só foi ficando mais “grandiosa” a cada capítulo – isso desde os anos 90. Um torneio que definiria o destino do Plano Terreno já passou por uma invasão da Exoterra, “Armagedom” e, mais recentemente, com Kronica e seu poder de comandar a história. Com Liu Kang no lugar de Kronica, era esperado que a história desse uma “minimizada”, ou seja, voltasse a ser focada na linha do tempo que ele criou. Isso é verdade até cerca de 75% da história. Depois disso, Mortal Kombat 1 chuta o balde mais uma vez e, pessoalmente, não gostei do desenrolar.

Apesar de não ter gostado desse arco final, é difícil não elogiar o modo história. Os gráficos estão muito bonitos, as animações dos personagens também e a dublagem impecável. Além disso, se não levarmos em conta o modo história de Mortal Kombat 11 com Aftermath, é o maior modo que a NetherRealm Studios entregou no lançamento: cerca de 5 horas para finalizá-lo, quando a média anterior era de 3 horas.

Mortal Kombat 1

O outro modo single-player em Mortal Kombat 1 é o Invasões. Na teoria, o modo soa divertido, mas na prática acaba se tornando extremamente repetido.

Invasões coloca você escolhendo qualquer personagem e andando por um mapa ao estilo tabuleiro. Cada ponto do tabuleiro é um desafio, em sua maioria de combate. Você deve vencer um oponente em uma determinada situação, completar um Test Your Might ou o “Sobreviva”, que é basicamente desviar de projéteis da tela.

Invasões funciona como uma espécie de RPG. Você aumenta de nível, o que também aumenta coisas como sua força e pontos de vida. Há itens, como relíquias (que fornecem alguns aprimoramentos) e talismã. Os talismãs, que existem em diferentes tipos, fazem coisas no combate como lançar projétil, chamar um tornado ou ativar uma armadura.

O maior do problema do Invasões é que são inúmeras lutas que, em 99% das vezes, você nem precisa se preocupar muito com qual talismã ou relíquia está usando. São lutas muito fáceis e basicamente todas quase iguais.

Mortal Kombat 1

O modo Invasões funciona por temporadas. A atual, que é focada em Scorpion, coloca diferentes mesas e conforme você avança, vai destravando skins para os personagens nas cores vermelha e amarela. Essas skins também podem ser destravadas em um menu de loja usando uma moeda da temporada, a qual pode ser obtida jogando o Online (Liga de Kombate), além do próprio Invasões.

Não sabemos exatamente o que acontece quando a temporada mudar. Se apenas a última mesa com o chefe final é que muda ou se todas as mesas reaparecem e devemos começar do zero. Se for o segundo caso, esperamos que na próxima os duelos sejam mais difíceis.

Vale ressaltar que há um conteúdo ‘endgame’ no Invasões que são as Torres de Portal. É um desafio maior que o restante do modo, mas até chegar nele serão umas 5 horas de jogo, no mínimo (possivelmente mais, dependendo do seu ganho de XP – o jogo recomenda o nível 30 para isso). E como o restante do modo é entediante, muitos desistirão e nem chegarão a ver isso, sinceramente.

Mortal Kombat 1

Um ponto que Mortal Kombat 1 merece elogios é a escolha do elenco de personagens. Pessoalmente, é um elenco que me agradou bastante. É claro, a ausência de clássicos como Sonya, Jax, Jade e outros como jogáveis é estranha, mas muitos favoritos dos fãs estão aqui.

Por outro lado, a customização dos personagens deixa a desejar. Os Kameos basicamente só possuem “recolor” e talvez tenham outra skin (no meu caso só vi a Sonya de MK3, então deve existir uma segunda skin para todos). Enquanto isso, os personagens jogáveis também possuem várias cores para a skin padrão e uma secundária. Os outros itens de customização são as provocações, vitórias de rounds (você escolhe quais deseja que aconteçam na luta) e um acessório por personagem. Por exemplo, os ninjas são as suas máscaras, enquanto que Kitana e Mileena são seu leque e sais, respectivamente. Considerando que MK11 e Injustice 2 elevaram o patamar nas customizações, é um pouco triste o que temos em MK1.

Mortal Kombat 1 não possui um sistema de variações, como seus dois antecessores. Os personagens têm acesso a todos os movimentos a qualquer momento da luta – e isso é interessante, pois é notável que a lista de movimentos está gigantesca. Não apenas para golpes especiais, mas também para as sequências de golpes. Chega a assustar a quantidade de opções que temos (e o Training Mode não permitir pinar os movimentos/golpes para estudarmos é algo que faz falta).

Mortal Kombat 1

A maior novidade no gameplay de Mortal Kombat 1 é o sistema de Kameo (Lutadores de Parceria). Você basicamente chama com o R1 e, dependendo da direção selecionada, o movimento varia também. O Kameo pode ser útil para lançar projétil, estender combos e causar alguns efeitos no adversário. Selecionar um Kameo para o seu estilo de jogo é ideal, principalmente para “cobrir” defeitos do seu personagem.

É nesse momento em que temos o melhor e o pior do gameplay de Mortal Kombat 1. Ao estudar os movimentos (com ou sem Kameo), você notará que uma sequência causa mais dano que a outra, ou que outra sequência é mais fácil de fazer, mas tira menos vida do oponente. No fim do processo, você chegará a cerca de três ou quatro sequências que causam mais dano e seu gameplay se resumirá a isso, pois são as situações otimizadas.

É cedo dizer, porque o jogo ainda é novo, mas o que eu senti nessa primeira semana jogando online é que todo tipo de jogador – casual ou profissional – ficava “preso” a um mesmo tipo de sequência, que só começava diferente (por um overhead ou low). É difícil explicar e não quero julgar algo que está muito cedo para tirar conclusões, mas explico melhor o meu caso a seguir.

Mortal Kombat 1

Smoke possui um Overhead (acerta o oponente agachado) com trás+triângulo. No meu gameplay, uso isso e em seguida chamo Sareena (Kameo) para estender o combo. Se você usar o Low (acerta o oponente defendendo em cima) ao invés do Overhead e acertar, também chamo Sareena. Em outras palavras, o início é diferente, mas o resto do combo é a mesma coisa.

Da mesma forma que digo isso, o jogo ainda vai evoluir muito e posso estar completamente enganado (mesmo após 30 horas de jogo). Além disso, a cada partida online que jogava tinha novas ideias de combos a serem realizados, mas chega um ponto que em questão de dano é a mesma coisa.

Mortal Kombat 1

O Online de Mortal Kombat 1 funciona muito bem, com nenhuma partida lagada. Houve erros de conexão, mas foram poucos. A Liga de Kombate, algo que começou depois do lançamento em MK11, já está disponível e segue a mesma lógica (jogue partidas rankeadas para evoluir de rank e destravar skins e acessórios).

Você pode jogar partidas casuais e o “Rei do Pedaço” com aleatórios ou amigos, mas não existem mais as salas. Algo que a NetherRealm Studios usou desde MK9 está ausente aqui. Dito isso, jogar casualmente, quando não é convidando amigos, é basicamente esperar e entrar na sala de algum aleatório.

Mortal Kombat 1

Finalmente, Mortal Kombat 1 não possui a Krypta. O sistema para destravar cosméticos, como artes conceituais e mais skins, é feito em um simples Santuário do menu principal. Você gasta 1.000 moedas obtidas in-game por cada “drop” e é isso. É um retrocesso gigantesco para um modo que ficou muito bacana em MK11.

E, como era de esperar, Mortal Kombat 1 possui microtransações. Os itens da temporada são adquiridos sem gastar dinheiro, mas há alguns itens pagos com moedas que são mais escassas e também podem ser adquiridas comprando na PS Store. Nestes primeiros dias de lançamento, só temos um pacote de skin de Sindel, a Tanya funkeira (que os brasileiros recebem sem custo adicional via pré-venda) e de Sub-Zero “Dia dos Mortos” (mesmo caso da Tanya Funkeira, mas para os outros países da América Latina). Exceto os futuros personagens DLC, são apenas itens cosméticos à venda.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela WB Games.

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