PlayStation Xbox

Diferentes membros do congresso americano, de ambos os lados do espectro, estão tentando pressionar o governo Biden a tomar medidas sobre a competição de venda de consoles entre PlayStation e Xbox no Japão.

Os políticos começaram a apontar “preocupações” para oficiais do governo Biden na semana passada, alegando que as práticas de negócio da Sony no seu país de origem estão bloqueando que companhias americanas possam competir no mercado de games do Japão e isso estaria indo contra tratados comerciais entre os dois países.

Além das já reveladas pressões feitas pela senadora Maria Cantwell sobre a Representante de Comércio Americano, Katherine Tai, durante uma audiência pública, outros dez membros do congresso enviaram duas cartas na quinta-feira para Tai e Gina Raimondo, a Secretária de Comércio, exigindo que medidas sejam tomadas.

Segundo uma das cartas, assinada por quatro Republicanos, incluindo Carol Miller de West Virginia e Mike Carey de Ohio, eles “escrevem para trazer atenção ao desbalanço do mercado japonês de videogames, o qual nós estamos preocupados que podem ser o resultado de práticas discriminatórias que podem estar violando o espírito do “Acordo de Comércio Digital Japão-Estados Unidos”.

Os Republicanos alegam que o PlayStation possui uma fatia de 98% do “mercado de consoles de alto nível no Japão” e estaria assinando acordos desenhados para manter jogos japoneses de sucesso fora do Xbox e diz que tais ações “podem violar as leis antimonopólio do Japão”.

“A política concreta do governo japonês de não-investigação no que se refere a Sony parece ser uma séria barreira as exportações americanas, com reais impactos para a Microsoft e vários desenvolvedores americanos e publishers que vendem seus jogos globalmente mas veem seus lucros no Japão reduzidos por essas práticas”, a carta continua. Uma carta enviada para Tai e Raimondo de seis políticos Democratas do estado de Washington – onde, curiosamente, a Microsoft está instalada – cobre assuntos similares.

No que diz respeito as leis, o artigo 8° do Acordo Comercial Digital entre Japão e Estados Unidos diz que os países devem garantir “o tratamento não-discriminatório de produtos digitais”, o que inclui jogos. No entanto, não há clareza se isso incluiria consoles.

É importante apontar que a Sony vem tendo uma gigantesca vantagem sobre o Xbox no Japão por décadas, em uma escala ainda maior do que a já acentuada vantagem que a empresa japonesa mantém ao longo das últimas gerações sobre o console da Microsoft. De toda forma, a relativa obscuridade de contratos de exclusividade não permite determinar o quanto essa vantagem no Japão é afetada pelos acordos de exclusividade.

A Sony eventualmente tem fechado contratos de exclusividade de plataforma, algo que a Microsoft também costumava fazer até algum tempo atrás, o que inclui jogos feitos no Japão cuja expectativa é que sejam grandes sucessos lá e internacionalmente, como é o caso do vindouro Final Fantasy XVI que não chegará ao Xbox.

No entanto, cabe dizer que o mercado japonês não é exatamente uma competição injusta entre duas plataformas, visto que a Nintendo, excluída do rol de “consoles de alto nível” citada pelos políticos, tem números de venda vastamente superiores a Sony e Microsoft no Japão.

Dito isso, é inegável que a pressão que políticos americanos estão tentando criar sobre a Sony é uma resposta a decisão da empresa de brigar judicialmente contra a compra da Activision Blizzard pela Microsoft pelo valor de 69 bilhões de dólares. A própria Microsoft não tem feito muito esforço para esconder que é isso que vem acontecendo.

“As táticas anti-competitivas da Sony merecem ser discutidas e nós somos favoráveis que elas sejam investigadas para garantir um sério competitivo justo na indústria de videogames”, o porta-voz da Microsoft, David Cuddy, disse ao site americano Axios.

Embora a Microsoft não tenha entrado em detalhes sobre o quão envolvida ela está nesse repentino interesse de políticos americanos sobre a indústria, a equipe de “relações governamentais” da empresa discutiu essas questões com vários membros do Congresso, pelo que fontes disseram ao site Axios. A Sony preferiu não se manifestar.

Em suas cartas, os membros do Congresso pediram que as questões envolvendo a Sony sejam levantadas com o governo japonês e sejam identificadas as “barreiras adicionais” que estão sendo enfrentadas pelas empresas americanas em acessar o mercado japonês. Durante a audiência de quinta-feira, a representante Tai prometeu a Senadora Cantwell que iria investigar a situação.