Melhores e Piores da E3 2014

Durante as semanas que precederam a E3, diversas informações e novidades acabaram sendo antecipadas pela indústria. Apesar disso, o evento ainda conseguiu reservar diversas surpresas, tanto boas quanto ruins. Este artigo reúne a opinião de alguns redatores da equipe do PS3 Brasil sobre o que aconteceu de melhor e de pior na conferência da Sony na E3 desse ano.


Filipi Silveira

Os melhores da E3:

3º. Devolver Digital

A distribuidora de fantásticos títulos indie, Devolver Digital, lançará vários de seus jogos primeiro para as plataformas PlayStation, e todos parecem ótimos, especialmente Hotline Miami 2 (sequência de um dos melhores jogos indie de todos os tempos) e Titan Souls, excelente e curioso jogo em que se deve matar diversos chefes gigantes com apenas uma flecha. Isso, claro, sem contar o excelente Broforce, uma celebração sem igual do cinema de ação dos anos 80. É uma excelente notícia para quem admira a multiplicidade das plataformas PlayStation.

2º. Mortal Kombat X

Depois de reinventar a própria franquia e a qualidade dos enredos de jogos de luta com MK 9, a NetherRealm promete incorporar os acertos de Injustice e oferecer uma experiência grandiosa no universo de MK. Seguindo uma tradição de risco, o jogo renovará drasticamente os personagens jogáveis. Pode ser o prenúncio de um desastre, visto que MK 9 se apoiava muito na nostalgia dos personagens clássicos, mas, diante de dois grandes acertos seguidos em seus últimos jogos, a desenvolvedora merece o voto de confiança.

1º. Grim Fandango Remastered

É admirável o esforço da equipe da Sony em trazer de volta ao mercado um jogo consagrado. E mais: no caso de Grim Fandango, teremos acesso, nas plataformas PlayStation, a um clássico de PC, nunca antes jogado em consoles. Isso aponta para um possível futuro rico em jogos clássicos de alta qualidade, em que, além de termos acesso à biblioteca de jogos da Sony pelo PS3, Vita e PS Now, poderemos jogar grandes clássicos de PC. Se isso se confirmar, as plataformas da Sony poderão se diferenciar por sua riqueza e variedade, sem comprometimento de qualidade.

Os piores da E3:

3º. Excesso de confiança na Ubisoft

A distribuidora francesa é bastante conhecida por lançar títulos variados, diversos e bem avaliados, e merece todos os elogios cabíveis por isso. Entretanto, era de se esperar, depois de comprovado o downgrade de Watch Dogs em relação a seu trailer, que o público soubesse não levar tão a sério as promessas da gigante francesa. Infelizmente, não foi assim que aconteceu em certos casos, com alguns dizendo que os melhores títulos da feira vêm da Ubi. Torço para que todo o exibido se cumpra, mas só acredito depois de ver os jogos prontos, rodando no meu PS4.

2º. Nenhuma notícia de The Last Guardian

Não vou insistir nos problemas já muito repisados por quem espera pelo jogo da Sony. Só gostaria de pontuar que, dias antes da E3, houve um patético espetáculo em que se noticiou o cancelamento do jogo e o clima na comunidade gamer foi de pura resignação, pois muitos já antecipavam (e ainda antecipam) essa notícia. Desde então, a Sony negou terminantemente o cancelamento e era de se esperar que algum trecho de gameplay fosse mostrado na E3 para tentar curar a relação entre aqueles que esperam o jogo e a empresa que cuida de seu desenvolvimento. Mas não houve nada disso. O real problema é que esse não é o primeiro nem será o último caso em que isso acontecerá: enquanto as informações da indústria de jogos continuarem altamente controladas e vivermos de boatos e revelações excessivamente cautelosas, o jogador só pode ficar em desvantagem, à espera de um milagre.

1º. Vita é tratado como acessório

Eu não me importo nem um pouco com a falta de jogos AAA exclusivos para o Vita. Pelo contrário, é talvez graças a ela que alguns títulos que sempre quis jogar (jogos japoneses e indies) estão tendo o espaço que merecem na plataforma. Entretanto, a Sony pareceu se eximir de toda a responsabilidade em relação ao futuro do seu portátil ao falar pouquíssimo sobre ele em sua conferência e, em última instância, tratá-lo como um acessório do PS4 por conta do Remote Play. Se levarmos em consideração o PS Now, é como se a Sony dissesse que sua prioridade no momento é que o público jogue de tudo no Vita, menos jogos dedicados a ele e a suas capacidades. A única exceção a essa política é o extenso trabalho feito pelo Japan Studio. Em contrapartida, enquanto toda a força do estúdio é voltada para os jogos de Vita, menos gente sobra para trabalhar em The Last Guardian.


 


Francisco Maia Rodrigues

Os melhores da E3:

3º. No Man's Sky

Criado por uma desenvolvedora independente com apenas 10 pessoas no staff, No Man's Sky roubou os holofotes na conferência da Sony ao demonstrar um universo vasto e totalmente explorável, sem loadings ou qualquer interrupção na transição entre planetas. Parece um projeto demasiadamente pretensioso, mas o trailer rodando em tempo real nos permite sonhar com a concretização deste projeto fantástico.

2º. The Witcher 3: Wild Hunt

Com lançamento marcado para o início de 2015 (fevereiro), Witcher 3 será a pedida perfeita para quem busca por RPGs ocidentais de mundo aberto. A apresentação do jogo na E3 demonstra o capricho que a CD Projekt RED aplicou na versão PS4 – equivalente a versão "high" do PC, com inúmeros cuidados nos gráficos e sem aparentes downgrades. O foco em exploração e batalhas épicas permanece, enriquecido por um mundo ainda mais rico e "realista". Fãs do gênero e da saga de Geralt não poderiam pedir por mais.

1º. Bloodborne

Diversos grandes exclusivos foram anunciados para as plataformas da concorrência, mas talvez a Sony tenha triunfado nessa disputa, segurando o maior deles. Bloodborne é o sucessor espiritual da série Souls – que em apenas uma geração se consolidou como uma das séries de RPG's mais expressivas no mundo. Criador de devotos, a franquia é daquelas capazes de fazer com que os fãs comprem um console unicamente pelo jogo. É sem dúvidas um dos mais promissores "system seller" do PS4 no ano que vem. Do pouco mostrado, Bloodborne demonstra uma melhora visual absurda, com gráficos belíssimos e uma escolha artística fantástica, que certamente agradará aos fãs com seus cenários sombrios e figuras monstruosas. O gameplay traz inovações como o uso de armas e ausência de escudos, mas ainda parece manter a jogabilidade clássica da série. O melhor de tudo – o jogo já sai no primeiro trimestre de 2015.

Os piores da E3:

3º. PlayStation Plus e tempos de vacas magras

Como assinante e "cheap gamer", me frustrei com a fraca line-up da plus no mês da E3. Como é tradição desde a inauguração da Instant Game Collection (IGC), o mês de julho marca a chegada de um bônus de jogos ofertados, além dos usuais cinco ou seis jogos por mês. Não foi o que aconteceu este ano – a única novidade foi o acesso a série de TV "Powers" aos assinantes, algo não muito estimulante para quem assina um plano de jogos. Pelo menos foi assegurado que a partir de julho o PS4 receberá dois jogos por mês, tornando o plano ainda mais interessante para quem tem a plataforma.

2º. Preço do PlayStation 3

O PlayStation 3 está em seus últimos anos de vida, mas ainda deve receber uma boa leva de jogos em 2014. No entanto, nota-se que as vendas do console tem caído vertiginosamente em diversos territórios, como Japão e Estados Unidos. Já era tempo da Sony cortar o preço e popularizar o aparelho, que na sua versão "default" ainda custa US$250, preço elevado quando comparado as novas ofertas de plataformas no mercado. O PlayStation 2 se beneficiou do corte e da sua revisão slim, já está na hora da Sony fazer algo similar para o sucessor deste. Quem sabe não ficou para a Gamescom?

1º. Vita e uma Sony inerte

Após a conferência da Sony, ficou claro que o foco da empresa era o PlayStation 4. Mas mesmo nos dias da feira não houve nenhuma novidade expressiva para o portátil. Não fosse o suporte de desenvolvedoras indies, o Vita não teria praticamente nada no evento. A falta de notícias é desestimulante e não projeta boas perspectivas para potenciais compradores do aparelho. O jeito é esperar a Tokyo Game Show, visto que os japoneses tem oferecido maior suporte para o portátil. Ainda sim é triste que o Vita esteja se tornando um aparelho dedicado a jogos de nicho.


 


Juliana Dourado

Os melhores da E3:

3º. LittleBigPlanet 3

O anúncio de LittleBigPlanet 3 foi uma bela surpresa. Além de possuir um amplo modo de criação, o jogo trará algumas novidades interessantes que prometem acrescentar muito à jogabilidade. Com isso, a empresa Sumo Digital prova que, mesmo em sua terceira edição, a franquia ainda pode surpreender.

2º. Abzû

Dos mesmos criadores de Journey, Abzû será exclusivo do PS4 e se passará num mundo subaquático. O jogo se destacou pela proposta inovadora e pelos belos visuais que foram mostrados no vídeo de gameplay, e com tudo o que foi apresentado, fica difícil não criar a expectativa de que teremos mais um jogo marcante no console da Sony.

1º. Uncharted 4: a Thief's End

Todos esperavam por alguma novidade sobre o novo jogo da franquia Uncharted, e a Naughty Dog cumpriu o prometido. O trailer, apesar de não ter apresentado nenhum gameplay e nem maiores detalhes sobre a história, demonstrou uma melhoria gráfica impressionante e serviu para deixar os fãs ainda mais ansiosos pela continuação.

Os piores da E3:

3º. Falta de suporte da Sony à América Latina

Quem esperava por alguma novidade relevante para o mercado nacional se decepcionou. Durante a conferência da Sony para a América Latina, nada foi dito sobre o preço abusivo do Playstation 4 no Brasil e nem mesmo sobre os recursos do Playstation Now e Playstation TV, que continuarão ausentes no país. Resta saber por quanto tempo continuaremos atrasados em relação ao resto do mundo.

2º. Nenhuma novidade sobre The Last Guardian e Final Fantasy XV

Inicialmente planejados para serem lançados no Playstation 3, The Last Guardian e Final Fantasy XV sofreram enormes atrasos e acabaram sendo prometidos para esta geração. Aqueles que esperavam por mais informações sobre ambos os jogos na E3 receberam apenas um balde de água fria e terão que esperar pela Tokyo Game Show, na esperança de que os jogos dêem algum sinal de vida.

1º. Playstation 3 esquecido

Tudo bem, eu sei que é inevitável que todas as atenções se voltem para o Playstation 4. Porém, apesar do Playstation 3 ainda ter um tempo de vida, a impressão que a Sony deixou na E3 foi a de que esqueceram completamente do seu antigo console: os poucos jogos que ainda serão lançados para ambos os consoles, como LittleBigPlanet 3, foram mencionados apenas para a nova plataforma. Se depender da Sony, os donos de Playstation 3 terão que aposentá-lo mais cedo do que o esperado.

Adriano Benedito Pasquini

Os melhores da E3:

3°. Batman: Arkham Knight

O bom filho à casa torna. Ou a boa casa ao filho torna. Presenciar as primeiras cenas de jogabilidade de Batman: Arkham Knight nos faz crer que o melhor para o homem-morcego é exatamente estar com a Rocksteady. Em uma Gotham City cinco vezes maior que Arkham City, pudemos presenciar, na conferência da Sony na E3, a grandiosidade e a curiosidade por explorar cada canto deste local, com o batmóvel ou não, fazendo com que a ansiedade por este novo jogo do sombrio herói aumente até chegar 2015.

2° Uncharted 4: A Thief's End

Não que tenha sido o melhor jogo mostrado, afinal de contas, o aguardado trailer de encerramento da conferência da Sony na E3 2014 não nos mostrou muita coisa. Talvez tenha reafirmado uma abordagem mais séria. Ouvimos um diálogo entre Drake e Sully, aparentemente nas lembranças do rapaz, que estava lá, se levantando de um estado inconsciente, em um lugar misterioso e sombrio. Nada de piadinhas. Apenas o prenúncio do fim. Seria o último Uncharted? Por essas e outras, Uncharted 4, como já dito, praticamente fechou a conferência, fazendo um paralelo com o hipotético próprio fim da série e deixou os fãs e donos de PS4 mais ansiosos do que nunca.

1°. LittleBigPlanet 3

Creio que, das três grandes empresas no mercado de videogames, a Sony é a que melhor consegue manter um bom equilíbrio entre franquias em abordagens das mais variadas, seja um shooter ou um algo mais voltado para a manifestação artística em formato de jogos. LittleBigPlanet, série surgida no PlayStation 3, inovou ao estabelecer novos parâmetros para um jogo de plataforma side-scrolling, como um level-design apurado e um sistema de compartilhamento e criação de níveis sem igual. O anúncio surpreendente de LittleBigPlanet 3, nos oferecendo novos personagens, com características únicas, além de novidades no design dos níveis e, esperamos, uma melhor física, se destacou exatamente por ser mostrado em seu estado puro. Estado de jogabilidade, ao vivo, com quatro pessoas no controle das ações, tal qual um jogo, de fato, deve ser mostrado em um evento como este.

Os piores da E3:

3°. Momento “no games”

Parece óbvio, mas quando estamos assistindo a uma conferência na E3, o que mais queremos saber são coisas a respeito de jogos! Infelizmente, tivemos momentos em Los Angeles em que a Sony quis dar ênfase em sua central de multimídia. Não foram momentos tão longos, mas, ainda assim, incomodaram. Um blábláblá numérico exaltando as bilhões de horas que tal plataforma ficou ligada online. Alguém, de fato, estava lá com interesse em saber disto? O filme de Ratchet & Clank parece promissor, mas que mostrassem isto em outro evento. E o que dizer daquela série Powers, anunciada para a PSN e que fracassara na tentativa de ser exibida no canal de TV FX? Estava ali somente para testar nosso poder de paciência. Só faltou um musical para coroar o “momento no games” da Sony em sua conferência na E3 deste ano.

2°. Sem The Last Guardian

Parece obsessão. Talvez seja, mas até que a Sony não deixe uma posição clara acerca do desenvolvimento de The Last Guardian, sempre estaremos esperando o jogo dar as caras em algum evento de grande porte. Não veio nesta E3. Poderia ter vindo? Sim, poderia, afinal, a Sony deu espaço para assuntos não pertinentes em um evento sobre videogames. E tiveram duas horas de conferência praticamente. Após a conferência, Yoshida, o chefão da divisão de jogos da empresa, ainda veio afirmar que o jogo só será mostrado quando estiver pronto. Todavia, será que ainda estão prontos a aturar mais impasses quanto a um jogo que provavelmente nem dará mais as caras em sua plataforma originalmente proposta?

1°. Sem crenças para o PlayStation Vita

Alguns indies, alguns jogos japoneses de nicho, ports e mais ports (ou menos). Ah, claro, existirão também as possibilidades da PlayStation Now e a possibilidade de usá-lo como controle do PlayStation 4. Infelizmente, nesta E3, ficou claro que a Sony deixará o seu atual portátil na marginalidade dos grandes anúncios. Infelizmente o Vita não vendera bem, isto é um fato. Contudo, praticamente abandonar o barco não ajuda em nada a melhorar a situação do portátil. A estratégia traçada foi errada e a Sony não quer admitir. Entretanto, nós, como consumidores, também podemos fazer um “mea culpa”. Como um jogo da qualidade de Tearaway pode ter vendido bem menos de 100 mil unidades? Enfim, fruto de uma sucessão de erros, uma coisa é certa quanto ao PlayStation Vita: nada está certo.


 

A E3 é um momento em que a indústria toda volta sua atenção para um só ponto e acumula inúmeras expectativas. Ao final, algumas são atendidas, outras se tornam frustrações e esperanças para o futuro. Os pontos mencionados acima foram os que mais chamaram a atenção de nossos redatores, mas é claro que vários ficaram de fora. Use o espaço dos comentários para chamar nossa atenção para momentos não apontados por nós, faça a sua lista de melhores e piores e comente nossas escolhas. E até a próxima E3!