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Mado Monogatari: Fia and the Wondrous Academy – Review

Mado Monogatari é um daqueles jogos que pouquíssima gente conhece, mas que tem um impacto surpreendente na história da indústria dos games. Uma série que teve seu início há 35 anos, com uma série de títulos lançados para todo tipo de plataforma possível e imaginável, quase sempre relacionados às suas origens enquanto RPGs Dungeon Crawlers, ao estilo do mais conhecido (e ainda assim bastante de nicho) Shiren the Wanderer, e que abriu importantes caminhos que seriam explorados por outras séries depois.

O que você talvez conheça sobre o jogo é o pequeno (e fofo) mascote que ele deu origem, a bolinha conhecida como puyo que acabaria se tornando a parte central da famosa série de jogos puzzle Puyo Puyo. Com sua popularidade cada vez maior, era só uma questão de tempo para que Mado Monogatari, ou Sorcery Saga, que é como a série era conhecida no Ocidente, voltasse buscando captar pelo menos um pouco da popularidade da série adenda para si.

Embora o jogo mantenha a estética fofa e colorida que certamente irá atrair alguns jogadores, não espere moleza aqui. O que você encontrará é um RPG que certamente irá te entreter tanto quanto irá te desafiar, com uma ambientação bem interessante de se ver. Fia and the Wondrous Academy é o primeiro jogo da franquia em 10 anos, totalmente reimaginado em 3D para apelar para um público moderno pela Sting Entertainment, pequena desenvolvedora japonesa famosa por trabalhar em uma vasta gama de RPGs ao longo das últimas duas décadas, incluindo séries como Utawarerumono e Dungeon Travelers, e publicado pela Idea Factory International.

Mado Monogatari Fia and the Wondrous Academy

Os jogadores assumem o papel de uma jovem trainee de maga chamada Fia que, junto com seu pequeno amigo feito de curry Carbunkle, a medida em que ela inicia sua jornada na mais prestigiada academia de magia da região. Fia pode explorar diferentes áreas bem coloridas e charmosas, com um ponto chamando muita atenção: ela tem uma sorte impecável. Ela logo é colocada junto com uma série de outros colegas (cuja história vai sendo explorada ao longo da campanha principal), cada qual com sua própria personalidade distinta e facilmente se encaixando em algum arquétipo tradicional.

Em relação à história, não espere nada muito complexo aqui. A narrativa avança em formato de visual novel, com todo o desenvolvimento da história e dos personagens acontecendo nessas cenas de diálogo. Nem todo diálogo é necessário, especialmente em missões secundárias, que tendem a cair na boa e velha estrutura de fetch quests (aquelas missões de buscar itens), então se prepare para bastante leitura ou fazer um uso moderado do botão de skip.

Fora isso, grande parte da estrutura do jogo gira em torno de completar missões específicas para ganhar novas magias no seu grimório e, com isso, avançar pela história. Esse grimório é o livro de magias da Fia e é, basicamente, o menu principal, onde o jogo indica o seu progresso, te permite customizar os equipamentos da Fia e da sua party, equipar suas magias e tudo mais que for necessário. Um ponto positivo é que o jogo te mostra quais missões você precisa completar para desbloquear cada magia, então há a possibilidade de priorizar cada atividade a depender do que você esteja planejando uma certa “build” da Fia ou só não queira fazer tudo que o jogo tem a oferecer mas precisa de uma magia específica para avançar.

Mado Monogatari Fia and the Wondrous Academy

Estruturalmente, o jogo é bem simples (e até repetitivo). O jogador começa cada dungeon no térreo e precisa ir lutando e abrindo caminho pelos andares até encontrar um item-chave espalhado pela dungeon ou derrotar um chefe. É claro, você não poderá andar a esmo o tempo todo, já que o jogo, além dos tradicionais medidores de energia e magia traz uma barra de vitalidade que vai se esvaindo à medida em que você vai explorando a masmorra. Para garantir o seu sucesso (e sobrevivência) cada passo precisará ser devidamente pensado (ou abusar do sistema de saves manuais do jogo) já que você não poderá retornar para andares anteriores caso perca algum item e cair em alguma armadilha tira uma boa dentada da sua barra de vitalidade.

Mesmo com esse desafio, Mado Monogatari é um jogo relativamente fácil e acessível, sendo talvez melhor recomendado para apresentar para jovens jogadores começando a ter experiências com RPGs do que para fãs mais experientes em busca de desafios. Dito isso, ele funciona bem para só desligar o cérebro e descansar sem precisar se esforçar (ou se frustrar) demais. O combate também é bem tranquilo e gira em torno de explorar as fraquezas dos seus inimigos, já que cada um é vulnerável contra algum elemento e a quantidade de dano causada ao explorá-las é bem considerável.

Ao longo do jogo você irá coletar Elemental Orbs, um item especial que surge ao usar magia e vão sendo armazenados no seu inventário. Combinar diferentes Elemental Orbs permitem o uso de ataques especiais chamados de Great Magic Arts que causam uma quantidade ainda maior de dano e, contra chefes mais difíceis, são essenciais para conseguir derrotá-los. Cada Great Magic Art possui uma combinação de Orbs distintas para ser ativada, então é sempre interessante tentar manter o arsenal mais variado possível para não ser pego de surpresa.

Mado Monogatari Fia and the Wondrous Academy

O combate em si é bem tranquilo e você logo se verá acostumado com o ritmo dele. Inimigos podem causar diferentes efeitos de status e até mesmo afetar o seu estoque de Elemental Orbs, mas você logo se verá executando sequências de ataques bem legais e experimentando com os diferentes sistemas que as Orbs permitem tanto para Fia quanto para seus aliados. Fia, aliás, tem acesso a um sistema de classes bem limitado, com 4 classes diferentes que mudam um pouco suas estatísticas e quais armas ela consegue usar, mas sem muito efeito no gameplay.

No geral, é um sistema divertido e funcional que, novamente, se não inova ou desafia, pelo menos faz o suficiente durante toda a sua duração, pouco mais de 30h em uma jogatina normal ou bem mais se você quiser terminar todas as missões, para manter o jogador entretido e satisfeito. É uma boa forma de conhecer uma franquia quase sempre esquecida e com um surpreendente impacto na história dos videogames, mesmo que os puyos sejam mais uma curiosa adição do que algo central, já que, ao contrário da tensão dos puzzles deles, aqui o foco é em relaxar vendo a jornada da jovem Fia.

Mado Monogatari: Fia and the Wondrous Academy está disponível para PS4, PS5 e Switch. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Idea Factory International.

Veredito

Mado Monogatari: Fia and the Wondrous Academy é um bom revival de uma franquia com um legado bem interessante e que entrega uma divertida, ainda que pouco desafiadora, experiência de um Dungeon RPG clássico.

80

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