Um dos produtos licenciados melhor aproveitado para mim em jogos é LEGO. Das inúmeras variações ao estilo que vimos já lançados, com combinações em diversas outras propriedades intelectuais e das mais diferentes abordagens, quase sempre é possível esperar algo que faça bom uso da marca e entregue uma diversão descontraída e interessante.
LEGO Voyagers talvez já foge bastante a esse padrão e é a proposta intrigante da Light Brick Studios para a marca, principalmente com um foco mais emotivo, mas ainda tendo como pilar o visual característico, sistema de construção e também o cooperativo. Mantendo a essência prática daquele prazer em “brincar” de LEGO em companhia, temos uma abordagem não muito usada antes e que se apresenta de início algo muito acertado.
Seguindo a história de duas peças minúsculas, quase que das menores possíveis em todo o universo LEGO, Voyagers é uma jornada de amizade e construção de pontes até o objetivo mais simples possível: Alcançar um sonho de forma conjunta. Com as duas peças amigas se auxiliando pelo caminho e com o sonho de ir ao espaço, a cooperação e junção de ideias em execução fará desta uma jornada leve e contagiante.
Num molde do que a Hazelight faz em seus jogos, como Split Fiction e It Takes Two, o cooperativo é obrigatório, seja online ou local, e parte intrínseca à jogabilidade como um todo. Isso inclusive se aplica tendo um passe de amigo, onde um segundo jogador pode aproveitar o jogo sem ter que pagar pelo mesmo.
O cooperativo é tão importante aqui como em outros jogos do jeito e não faltam exemplos para isso. Controlar 2 ou mais equipamentos em conjunto para atravessar um local, manipular um veículo com 2 ou 3 comandos diferentes em dupla ou até mesmo montar peças de LEGO para criar uma ponte ou rampa. Tudo isso é reforçado por como o tipo da brincadeira com pecinhas funciona, juntando ou dividindo, combinações diversas ou mais para criar o apetrecho necessários e, com isso, conseguir seu objetivo.
De comandos simples e interface atrativa, o jogo encanta ao olhar pelas cores exuberantes como peças recém saídas de uma caixa. O mundo criado de cada nova peça, representando um local interativo ou não, é sempre um deslumbre e só não é superado pela facilidade em jogar. Com 3 botões de uso e um analógico direcional, em poucos minutos é fácil o entendimento do jogo e de como tudo funciona, mesmo que as vezes falta uma certa precisão ao colocar cada bloco num lugar compatível.
Composto por mais de 30 capítulos pequenos numa jornada de dois amigos buscando alcançar e se lançar ao espaço em um foguete, a duração como um todo é relativamente curta. Não espere nada além de 5 horas ao todo para terminar, mas visando que há 2 personagens e até mesmo caminhos separados, vale uma segunda jogada com o personagem trocado e ver outra experiência. Ainda assim é um jogo que não passa de 8 horas com 2 jogadas completas e que isso pode ser a única queixa aqui.
Se a duração é um problema o mesmo não pode se falar do ambiente do jogo. Combine peças em locais distintos, em meio a ambientes que envolvem outras peças maiores e estruturas diferentes que forçará os jogadores a pensarem em alguns quebra-cabeças. Mesmo a galera com idade mais alta pode ter alguma dificuldade solucionar momentaneamente alguns desafios, mas que no fim se mostram em sua maioria interessantes e divertidos. Alguns até mesmo força mais de um caminho para a solução e não apenas o básico de única rota de conclusão que seria o esperado em alguns casos.
O que falta é, talvez, maior variedade de quebra-cabeças ao longo da campanha. Todos fazem bom uso do fator LEGO e da combinação de peças, mas perto do final o jogo substitui isso por outros minigames e usa isso como diferenciação. Pouco antes já começa a ficar batido a sensação de sempre ter que abrir uma porta, colocar uma bateria, dobrar uma ponte e mais. De certa forma não chega a ser um problema ou algo exaustivo devido a duração total do jogo, mas precisaria de mais variedade caso durasse algumas horas a mais.
De toda forma é um jogo leve e que, como já disse e diferente de diversas propostas da marca, apela mais para o lado emotivo dessa jornada curta. Ao invés de usar de diversas piadas, faz isso sem diálogos qualquer. Transfere emoção à base de realização e antecipação, sem qualquer tipo de cena dramática. Além do mais, continua sendo uma essência de LEGO sem perder nada disso, de forma divertida e sempre com muitos blocos para montar.
LEGO Voyagers está disponível para PS5, PS4, Xbox Series, Switch e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 (no PS5 Pro) e foi realizada com um código fornecido pela Annapurna Interactive.
