Sou um fanático por jogos de terror. Na verdade, tenho uma paixão sem precedentes por qualquer coisa do gênero, sejam eles filmes, séries, jogos ou livros. Tendo isso em vista, a minha empolgação para KARMA: The Dark World foi ao auge quando anunciado pela temática de terror psicológico.
A graça do terror psicológico, ao menos para mim, é que ele costuma ser um título focado totalmente na imersão do jogador, na resolução de puzzles e narrativa. O fato de não ter inimigos para combater acaba sendo um fator positivo na minha percepção, pois consigo focar completamente na experiência alucinante que o jogo se propõe.

KARMA: The Dark World se passa num mundo distópico, onde a empresa Leviathan tomou conta e exerce um regime opressor sobre as pessoas. Cargas de trabalho intermináveis 24/7, sem descanso e com um salário medíocre.
Neste mundo as pessoas são “classificadas” através de cartões, sendo o E a categoria mais baixa. Aqui também existem os Patrulheiros de Pensamentos, “pessoas” responsáveis por investigarem casos de crimes usando um aparelho que os permitem mergulharem nos pensamentos alheios em busca de provas, e é neste contexto que você assumirá o papel de Daniel McGovern, um desses agentes da Leviathan.
Daniel foi levado para a Leviathan ainda muito jovem após a suposta morte de seus pais, que eram cientistas na companhia. Separado de sua irmã, Daniel hoje é reconhecido por meio de uma numeração e perdeu parte de sua memória afetiva após a lavagem feita pela companhia. Hoje, embora confie plenamente na “mãe”, começa a se questionar após dar início a uma investigação que revela a existência de um monstro. A partir daí, tudo começa a desmoronar ao seu redor.

Como mencionei no início deste review, KARMA: The Dark World é um jogo de terror psicológico, tendo isso em vista, não espere encontrar inimigos por todos os lados para sair metendo chumbo em tudo que aparece. O foco aqui está justamente na forma em como os elementos vão aparecendo na sua frente e em como você deve lidar com eles.
Além dos fantasmas do passado, será preciso lidar também com os do presente. Alguns de seus companheiros de trabalho começam a duvidar que a Leviathan esteja mesmo lá para protegê-los, e Daniel passa a entrar num conflito interno sobre isso.
Durante a história, será preciso encarar diversos puzzles que, em sua maioria, envolvem a descoberta de senhas para abrir gavetas e coletar provas. Nada único, mas ao menos existem diferentes maneiras de obtê-las, e isso faz com que esses quebra-cabeças não sejam tão chatos.

O gameplay de KARMA: The Dark World é extremamente simples. Ele segue o padrão de jogos do gênero e não há muitos segredos. São basicamente dois botões: de ação (R2) e para correr (L1). A única coisa que senti de diferente foi a lentidão com que o personagem gira em alguns momentos, mas nada que estrague a experiência na totalidade.
KARMA: The Dark World foi feito na Unreal Engine 5 e aprimorado para o PlayStation 5 Pro. Devo dizer que essa combinação casou perfeitamente com tudo que o jogo busca entregar em sua experiência.
Os efeitos de luz e sombra são notavelmente um show à parte no console, trazendo ambientes assustadores, dignos de um filme de terror. Além disso, você fica abismado com os reflexos entregues, seja em poços de água, espelhos ou vidros comuns.
Embora o jogo esteja rodando lindamente no PS5 Pro, existem algumas quedas de frames em partes muito específicas, especialmente em ambientes muito fechados. O início do jogo, por exemplo, começa com um desempenho duvidoso, mas depois as coisas melhoram. Essa diferença será perceptível em alguns momentos, mas honestamente, não é algo grave o suficiente para acabar com a sua diversão.

KARMA: The Dark World é um jogo curto, sendo possível terminá-lo em até 10 horas, a depender do tempo que você levar para resolver os puzzles. Algumas pessoas podem torcer o nariz para isso, mas honestamente, num mundo onde a vida adulta consome tanto tempo do nosso dia, ter um jogo para se divertir (e ficar tenso) em menos de 24h é prazeroso demais, e só o proletariado consegue entender esse sentimento.
O jogo está totalmente legendado em PT-BR, mas existem alguns documentos que não foram completamente traduzidos, porém, nada que estrague o entendimento do jogador. Além disso, alguns bugs apareceram durante a jogatina e chegaram até a me assustar (como aparecer um rosto sem olhos e boca do nada enquanto estava parado num ambiente em que isso não deveria acontecer), mas confesso que no fim eu mais dei risada de nervoso e desespero do que de raiva pelo problema.
KARMA: The Dark World é uma experiência cinemática e deve ser apreciada com atenção. Este review passa uma visão mais técnica da coisa e, qualquer coisa além disso, pode ser spoiler. É difícil expressar como você se sente ao jogar e a tensão que o jogo passa, então para isso você precisa estar na frente da TV às 23h, com todas as luzes apagadas e completamente imerso nesse mundo.
Jogo analisado no PS5 Pro com código fornecido pela Wired Productions.