Análises

Islets – Review

Fazia tempo que eu queria jogar Islets. Era, até recentemente, a única obra que faltava para completar o trio de metroidvanias de Kyle Thompson no PS5 e PS4. Esse, na verdade, foi o segundo jogo dele: o primeiro, Sheepo, de 2020, e o terceiro, Crypt Custodian, de 2024, já haviam chegado às plataformas da Sony. Islets, lançado pela primeira vez em 2022 para PC, Switch e Xbox, ficou de fora da PS Store.

Um acordo entre a publicadora original, a Armor Games Studios, e a atual parceira de Kyle, a Top Hat Studios, trouxe a doce aventura de Iko até nós. Esse rato protagonista é um dos muitos aventureiros que percorrem as nuvens à procura de uma forma de reunir as cinco ilhotas (“islets”, em inglês) que flutuam pelos céus.

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Os três jogos não são sequência um do outro, contudo, formam um conjunto coeso no sentido de que compartilham o mesmo DNA do seu criador. Histórias leves, diálogos bem-humorados e irônicos, personagens animais simpáticos e temas de afeto, união e amizade permeiam esses títulos por meio de uma escrita agradável e lúdica. O mesmo clima está presente aqui.

É interessante ver em Islets o elo de evolução da produção de Kyle. Enquanto Sheepo não tinha combate direto, Islets resolve introduzi-lo, obtendo um resultado misto: os inimigos normais não são grande coisa, enquanto os chefões rendem boas lutas com elementos de bullet-hell. São encontros bem executados, disponibilizados mais tarde em uma boss-rush para repetir a dose sempre que quiser.

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A parte fraca das lutas mesmo está nas arenas fechadas que surgem aqui e ali e não representam qualquer desafio. Esse é um ponto felizmente melhorado em Crypt Custodian. O progresso do desenvolvedor estabelece boas expectativas para que o próximo jogo, Well Dweller, previsto para 2026, seja o melhor dele até agora.

Mesmo assim, é bom ressaltar que para quem quiser mais ou menos desafio, Islets tem três níveis de dificuldade para selecionar a qualquer momento.

O mesmo aperfeiçoamento é percebido no campo visual, e Islets, embora não torne suas áreas particularmente muito distintas entre si, entrega cenários aprazíveis, combinando com a atmosfera geral, ao mesmo tempo despretensiosa e encantadora. É tudo muito bonitinho.

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O design de níveis é tem pontos criativos e apresenta um bom ritmo para a exploração. A ideia de reunificar as cinco ilhotas é muito boa para um metroidvania porque faz com que cada áreas tenha trechos que só podem ser acessados após juntar ao menos duas delas. Isso cria caminhos que antes estavam indisponíveis, implementando com naturalidade o retorno posterior (backtracking) para aprofundar os locais da jornada.

A ideia também é uma mão na roda para fazer com que o número de áreas, cinco, não pareça muito pouco. Para viajar entre as diferentes ilhotas, há um hub no qual Iko pode vagar em uma aeronave de madeira (e até melhorá-la para abrir caminho até as demais ilhotas), gastar seus recursos para adquirir melhorias de atributos e enfrentar chefes com gameplay diferentes, aproveitando a liberdade de movimento da “navinha”.

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Há um método alternativo para fortalecer o herói, encontrando um tipo único de colecionável que acumula em si diversas possibilidades. Cada vez que encontramos um deles, podemos escolher imediatamente uma de três melhorias propostas. Não sei se são aleatórias, mas a impressão que fica é essa, pois o cardápio varia a cada encontro, podendo oferecer aumento de pontos de vida, quantidade de flechas carregadas ou fazer inimigos explodirem, por exemplo.

São 60 colecionáveis desse tipo para encontrar, empregados em um sistema de progressão linear, sem equipamentos ou customização flexível. De certa forma, é eficaz em fazer sentir que Iko fica cada vez mais forte, mas retira a possibilidade de buscar variar as abordagens de combate.

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As ilhas são reunificadas aos poucos, abrindo novos caminhos em suas conexões. Na imagem, há duas delas inteiras e uma parcial.

Mesmo sem tentar impressionar, Islets é marcante pela forte identidade autoral que nos deixa um sorrisinho no canto da boca. É bem-feito em tudo o que se propõe, entregando um nível de competência que, apesar de jogar seguro, é respeitoso e convidativo para embarcar nessa aventura encantadora.

Islets está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Armor Games Studios.

Veredito

Provavelmente, a palavra que melhor descreve Islets é “agradável”, o que vale para tudo o que o jogo faz. Mesmo sendo um metroidvania sem grandes inovações ou riscos, a experiência é sempre leve e prazerosa, com escrita bem-humorada, uma exploração competente e de bom ritmo, e boas lutas contra chefões dotados de elementos de bullet hell.

80

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