Você por acaso já ouviu falar de Iris.Fall? Ele faz parte de um grupo de jogos do gênero puzzle/adventure que foi lançado originalmente em 2018, para Steam. No entanto, não satisfeita, a NExT Studios resolveu ver o desempenho de seu projeto nos consoles e decidiu lançar Iris.Fall também no PlayStation 4.
Com diversas referências a Alice no País das Maravilhas, Coraline e o Mundo Secreto, Lost in Shadow (Nintendo Wii) e até mesmo Pinóquio, Iris.Fall surge com a missão de agradar os fãs do gênero puzzle e também os fanáticos por todas essas séries mencionadas. Mas será que ele consegue?
Após acordar de um de seus sonhos, Iris avista um gato em sua janela. Curiosa (principalmente pelo fato do gato ter aparecido em seu sonho), ela segue o bichano até um antigo teatro.
Ao chegar no local, Iris se vê presa num ambiente que a confunde, fazendo com que ela não consiga distinguir o que é real ou não. Agora, para sair deste teatro, ela precisará da ajuda da luz, das sombras e de um pouco de magia.
Como você pode perceber, o enredo de Iris.Fall é simples, mas não muito bem direcionado. Conforme você avança nos puzzles, as coisas começam a ficar mais complexas. Para piorar, não existe um diálogo ou documento para explicar tudo que está acontecendo no teatro, o que pode deixar o jogador ainda mais perdido.
Ao mesmo tempo em que não ter um roteiro claro possa ser frustrante, deixar a mente livre para entender da forma que lhe convir, também pode ser divertido. Além disso, as diversas referências existentes podem abrir ainda mais esse leque de possibilidades.
Uma das inspirações para o jogo da NExT Studios não vem de um filme ou livro, mas sim de outro jogo: Lost in Shadow. O título foi lançado em 2010 para Nintendo Wii e trazia uma narrativa inteiramente focada na sombra de um garoto. Em Iris.Fall a coisa não funciona exatamente assim.
Embora possa parecer um sistema divertido no começo, você começa a notar que Iris.Fall trabalhou um pouco mal esta mecânica. Além de não ser explicado o motivo da personagem conseguir entrar no mundo das sombras, as atividades com ela são limitadas a ligar mecanismos e pegar itens. Parece que aquilo só existe com o intuito de mostrar que existe um gameplay diferenciado, nada mais.
Jogos de puzzle costumam trabalhar com uma dificuldade crescente: quanto mais longe você estiver, mais difícil fica; e em Iris.Fall as coisas não poderiam ser diferentes.
Os primeiros puzzles do jogo são bem fáceis. Embora você leve um tempo para entender o que de fato precisa ser feito, é possível passar sem muitas dificuldades. Já os enigmas que aparecem do meio para o fim, podem causar diversas reações no jogador, e uma delas é a frustração.
Jogar com a sombra de Iris é interessante, e até traz uma diversidade no gameplay, no entanto, aquilo com o tempo desgasta e acaba transformando os momentos de diversão em tédio e repetição.
E se você acha que esses enigmas dificultam a platina, então achou errado. Para conquistar o almejado troféu, é preciso resolver a maioria dos puzzles na primeira tentativa – o que é impossível sem um walktrough -, porém, é possível selecionar capítulos, recurso que facilita e muito a vida do jogador ao finalizar o jogo pela primeira vez.
O gameplay no geral é simples, porém, existe uma troca de perspectiva automática que mais atrapalha do que ajuda. Em diversos momentos Iris ficava presa em coisas supostamente invisíveis. São objetos do cenário muito específicos que travam a personagem, mas que você não pode ver por causa da câmera que, embora tente trazer imersão ao jogo, acaba sendo ruim.
Alguns outros problemas técnicos leves chamaram a atenção, como textura da sombra em alguns locais, travadas suaves e bugs específicos. Nada disso atrapalha o andamento da história ou os puzzles, mas é provável que o estúdio lance algum patch para corrigir esses defeitos bobos.
Iris.Fall é um dos jogos monocromáticos mais lindos que eu já vi. A jogada com as luzes e sombras deixa tudo ainda mais imersivo, principalmente em cenas específicas da história. No entanto, o jogo sofre de um mal que é impossível deixar de lado: duração e fator replay.
Caso você saiba o que está fazendo, é possível terminar e platinar Iris.Fall em até 2hrs. Após esse tempo, o jogo simplesmente morre. Não há lugares a serem descobertos, mudança nos puzzles ou novas coisas para se fazer. Ele simplesmente acaba.
Embora Iris.Fall tenha me proporcionado momentos de alegria, ele também me deixou frustrado e decepcionado por não trazer nenhum extra que pudesse prolongar seu tempo de vida.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela NExT Studios.
Veredito
Visualmente falando, Iris.Fall agrada e muito. Porém, a magia acaba quando você percebe que tem nas mãos um título com puzzles frustrantes, mecânicas mal aproveitadas e um fator replay decepcionante.
Veredict
Visually speaking, Iris.Fall is very pleasing. However, the magic ends when you realize you have a title with frustrating puzzles, poorly used mechanics and a disappointing replay factor.