Anunciado em um dos últimos State of Play realizados pela Sony, Hirogami foi um dos games que me mais me chamaram atenção e, em um primeiro momento, me lembrando até mesmo Tearaway Unfolded. Sua apresentação do mundo, conceito de gameplay e o fato de se tratar de um plataforma foram os fatores que facilmente me cativaram e admito que minhas expectativas estavam elevadas para conferir o mais novo título da Bandai Namco.
Em Hirogami conhecemos Hiro, um mestre da arte da dobradura da vila de Shishiki que, armado com um leque, tem a missão de proteger seu lar da invasão do Flagelo, uma estranha força digital que ameaça corromper tudo. Sim, a história é apresentada de uma maneira bem direta e imaginei que com o desenrolar do jogo alguns pontos fossem explicados, porém não é o que acontece. Não sei dizer se a ideia era trazer alguma mensagem sutil, mas de modo geral a trama de Hirogami deixa bastante a desejar. A impressão é de que já possuíam o conceito da gameplay, porém não sabiam muito bem o que queriam contar e como conduzir essa história. A sensação é de que falta um começo, meio e fim que realmente façam sentido e consigam conversar entre si.
O jogo, por se tratar de um plataforma, é divido por várias fases que por sua vez estão bem espalhas por quatro áreas que compõe o mapa do game. Ao explorar um pouco é possível notar que esse mapa, na verdade, é uma espécie de livro o que imediatamente me remeteu a O Escudeiro Valente, mas as comparações param por aí. Cada nível conta com seis missões que variam entre purificar animais e santuários, encontrar todos os baús, terminar a fase em um determinado tempo, não tomar dano, entre outros. Entretanto, dificilmente o jogador conseguirá cumprir todos esses objetivos numa primeira tentativa, uma vez que as fases contam com áreas que dependem de certas habilidades para serem acessadas.
Durante a exploração, encontramos habitantes que foram corrompidos pelo flagelo e após serem purificados permitem que Hiro recupere suas formas de origami. É aqui que temos a principal mecânica do game. Ao pressionar o botão L2, nosso herói volta a ser uma folha de papel que pode planar através de correntes de vento ou passar por baixo de áreas apertadas, porém combinado com outros botões – quadrado, triângulo e bola – pode se transformar em diferentes animais. A forma de Tatu-bola permite que você role e quebre barreiras. Já a forma de Sapo permite saltos mais altos, sendo primordial para alcançar algumas áreas. Enquanto a forma de Macaco possibilita escalar e desferir ataques poderosos. Com o desenrolar da história, podemos desbloquear melhorias para essas formas, o que contribui para o fator replay, nos incentivando a revisitar fases em busca de áreas até então inacessíveis e seus baús. Estes por sua vez podem conter materiais para fabricação e purificação, pergaminhos de relíquias e diagramas. Com os pergaminhos liberamos itens da galeria como artes conceituais e músicas. Já com os diagramas é possível fabricar ornamentos que permitem aumentar a vida de Hiro, diminuir o dano recebido, aumentar a área de um golpe, entre outros.
As fases de Hirogami combinam elementos de plataforma e combate. As sequências de plataforma contam com uma pequena pitada de puzzle, os quais exigem o uso da forma de origami certa para progredir e, com certeza, são o ponto alto do game. Embora alternar entre as formas de Hiro seja algo fluído, o mesmo não pode ser dito do combate. Infelizmente ele se mostra truncado e pouco responsivo, podendo ser frustrante especialmente ao tentar completar missões que exigem não levar dano. Em duas lutas de chefes específicas, ainda que não estivesse focando em objetivos secundários, o combate mais atrapalhou do que ajudou devido a sua falta de fluidez.
Como já dito, as sequências de plataforma são o grande destaque de Hirogami e conseguir novas formas e habilidades deixam esses trechos ainda mais divertidos. Apesar de contar com uma câmera fixa que acompanha o jogador a todo instante, e que funciona muito bem na maior parte do tempo, em alguns momentos ela acaba deixando a desejar seja por um mal posicionamento ou porque simplesmente, ao morrer, a câmera não voltou para o checkpoint em que seu personagem nasceu, obrigando-o a reiniciar a fase.
Apesar dos problemas mencionados, o jogo brilha em outros aspectos. A direção de arte é espetacular, com o visual de origami sendo o grande destaque pela sua riqueza detalhes. Um outro ponto interessante é a redução de framerate dos personagens quando comparado com o restante do cenário. A trilha sonora também faz jus a essa arte milenar, trazendo acordes e instrumentos da música tradicional japonesa. Entretanto sinto que a variedade de composições poderia ser maior, com algumas faixas tornando-se um pouco repetitivas.
Por fim, Hirogami acaba sendo um game mediano. Sua história é fraca, porém a mecânica das transformações é interessante e funciona muito bem, principalmente durante as sequências de plataforma. Mesmo contando com um bom fator replay, o mesmo acaba sendo prejudicado devido a falta de um combate fluído. É um jogo com uma ótima ideia, mas que falha em entregar a experiência fluida e polida que o gênero exige.
Hirogami está disponível para PS5 e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Kakehashi Games.