Após os gatos se esconderem por muitas cidades europeias e até no Japão, finalmente vieram ao Brasil. Digo finalmente porque a Nukearts, desenvolvedora da série Hidden Cats, é brasileira e já estava na hora de trazerem seus jogos de procurar gatos à terrinha. Mais especificamente, ao Rio de Janeiro.
Mesmo sendo pernambucano, vejo que Hidden Cats in Rio de Janeiro almeja, de certa forma, formar uma representação mais ampla e reconhecível para seus conterrâneos. Enquanto os jogadores de fora vão se divertir na busca pelos cenários detalhados e cheio de vida, nós brasileiros teremos as camadas a mais pelas numerosas referências para identificar.

Esse aspecto vai desde arquétipos gerais, como mercearia de interior, boteco de bairro, comunidade de morro e estádio de futebol, até personalidades específicas que dão as caras nas ilustrações, como Machado de Assis, Ziraldo, Raul Seixas, Sílvio Santos e… ehr… Sérgio Malandro. Tem até a Carreta Furacão no meio dessa zona bem humorada.
A própria cidade do Rio de Janeiro, é claro, é bem retratada em seus espaços, com a obrigatória topografia do Pão de Açúcar e o Corcovado com o Cristo Redentor, o famoso calçadão de mosaico ondulante de Copacabana, a centralidade da Assembleia Legislativa/ Palácio Tiradentes, o Teatro Municipal, o Maracanã, a verticalidade dos morros periféricos e uma pontinha do Museu do Amanhã. O bondinho, Jardim Botânico e a Sapucaí recebem cenas dedicadas.
São, portanto, oito cenários para buscar um total de mais de 800 gatos e, como de praxe na série, também pessoas. É menos conteúdo bruto do que o título anterior, Hidden Cats in Tokyo, que eu também analisei, mas este último teve um preço compatível com o aumento de cenários e gatos. A versão do Rio volta ao preço comum e mantém a qualidade, demonstrando que a Nukearts encontrou seu ponto de consistência e o mantém a contento, com apenas pequenos acréscimos criativos de um jogo para outro.
Aqui, chama a atenção que há mais animações para movimentar as cenas, concentradas no maior cenário, onde vemos uma roda de samba e uma partida de futevôlei se mexendo. Ficaram devendo o mesmo tratamento à roda de capoeira.
São animações simples, mas esses detalhes realmente fazem a diferença na apresentação visual e nos pequenos deleites da atividade de focar a atenção no escrutínio de grandes desenhos calorosos, à procura de felinos.

Outro detalhe agradável está na trilha sonora específica para cada cena, indo de bossa nova a batidas, sem perder a suavidade que combina com a gameplay relaxante. Para os caçadores de troféus, o de platina é bem direto ao ponto, bastando completar 100%, o que deve levar em torno de duas a três horas para acontecer.
O único porém que notei é que, desta vez, me deparei com alguns gatos tão pequenos que mal parecem gatos, dificultando a visualização. Jogar no PS5 em uma TV nos padrões de tamanhos atuais é tranquilo, mas imagino que eu teria problemas em detectar certos bichanos se jogasse em monitor ou em algum portátil (PS Portal, Steam Deck, Switch, etc.). Esses casos são minoria, mas podem frustrar principalmente a quem tem problemas de visão.

Hidden Cats in Rio de Janeiro representa vários aspectos positivos daquela cidade e, por tabela, também de diversos lugares do Brasil. É uma visita idílica, que, apesar de precisar expurgar os tão conhecidos males da violência, seu romantismo é legítimo e esperançoso ao apontar para o melhor lado da realidade. Às vezes, precisamos de ajuda para lembrar que ele existe.
Hidden Cats in Rio de Janeiro está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Silesia Games.




