Análises

Gradius Origins – Review

Jogos de shoot ‘em up, ou mais carinhosamente chamados de shmups, nunca foram muito a minha vibe. Apesar de ser algo constantemente presente na vida de qualquer jovem que tenha frequentado locadoras e fliperamas dos anos 90 ou começo dos anos 2000, não era exatamente algo que me pegava muito ou, francamente, na qual eu fosse muito bom nas poucas vezes que eu me aventurei a tentar aprender algo sobre eles.

Por isso, séries clássicas como Gradius, R-Type e Raiden, apesar de serem nomes familiares para mim como importantes para a história dos videogames como um todo, não eram algo que faziam parte do meu repertório de experiências. Isso começou a mudar quando veio a oportunidade de jogar Gradius Origins, a mais nova coletânea da Konami resgatando títulos clássicos da sua biblioteca de lançamentos.

O título traz para plataformas modernas os primeiros títulos da franquia Gradius e uma série de spin-offs importantes da história da IP, colocando em mãos modernas títulos que, apesar de serem advindos dos anos 80 e começo dos anos 90, envelheceram extremamente bem. Cada título traz diferentes versões, totalizando 18 entre todos os títulos, dando aos jogadores a possibilidade de ter contato tanto com os jogos exatamente como foram lançados nos arcades japoneses ou os ports que chegaram aos consoles americanos, por exemplo, e até mesmo versões protótipos dos títulos.

Gradius Origins

Em relação à Gradius, os três primeiros títulos, lançados 85, 88 e 89 estão presentes aqui e são títulos surpreendentemente bons de se jogar mesmo hoje em dia. Embora visualmente seja uma clara viagem de volta no tempo, o gameplay é exatamente aquilo que você imagina quando ouve o termo shmup na sua cabeça. Rápido, intenso e muito desafiador, com ondas e ondas de inimigos surgindo e tomando conta do espaço em tela e desafiando o jogador a fazer todo o possível e impossível para sobreviver um pouco mais.

O estilo de gameplay é bem consistente entre todos os títulos, então não há muito o que se falar sobre nesse sentido (e menos ainda sobre história, já que é algo basicamente inexistente aqui e, sinceramente, muito irrelevante para a experiência). Você basicamente andará pelas telas em constante progressão horizontal, pegando upgrades, matando inimigos e fugindo de tiros e projéteis e desviando de diferentes obstáculos presentes no cenário.

É imensamente funcional e algo que, mesmo que você precise passar por algumas jogadas bem humilhantes no começo até entender o seu funcionamento, entregam um looping de gameplay absurdamente viciante. Talvez o maior desafio no começo seja entender o funcionamento do sistema de upgrade do título, que traz um interessante elemento de risco e recompensa por poder optar entre usá-los de imediato ou conservá-los para conseguir ter acesso a melhorias ainda melhores. É difícil de entender logo de cara já que o instinto nas situações é realmente de só ir gastando a medida que as coisas vão aparecendo, mas, com o tempo, é essencial para progredir e é muito divertido de se perceber evoluindo nisso.

Gradius Origins

Além dos três primeiros Gradius, a coletânea traz outros três títulos lançados nesse período e ambientados no mesmo universo. São eles Salamander, Life Force e Salamander 2. Aqui cabe apontar que, embora o primeiro Salamander seja conhecido no Ocidente como Life Force, o jogo traz tanto essa versão quanto o verdadeiro Life Force, título lançado exclusivamente no Japão.

Esses títulos são spin-offs bem interessantes e, sinceramente, mais acessíveis em comparação aos Gradius originais. Grande parte disso vem do sistema de power-ups mais tradicional, que fazem com que o jogador não precise se planejar tanto, além da adição de co-op, o que ajuda a tornar a jornada um pouco menos punitiva. No geral, são jogos bem interessantes que brincam com cenários mais bizarros e surreais em fases que alternam entre progressão horizontal e vertical, sendo talvez até mais acessíveis para novos jogadores do que os Gradius.

Os títulos ainda são bastante desafiadores, não tenha qualquer dúvida disso. E talvez a melhor representação desse aspecto seja a inclusão de um título totalmente novo na coletânea. Chamado de Salamander III, é um jogo desenvolvido pela M2 e que mantém a estética e mecânicas da série e inclui algumas ideias bem legais. É um título que se encaixa muito bem aqui, capturando todos os elementos centrais do estilo de design que a série tinha em sua era de ouro.

Gradius Origins

Caso o jogador se sinta desafiado demais ou queira seguir uma curva de aprendizado mais acessível, Gradius Origins traz toda uma gama de melhorias de qualidade de vida que os jogadores aprenderam a esperar desse tipo de coletânea. Todos os jogos contam com opção de rewind, save state, a inclusão de níveis diferentes de dificuldade, continues ilimitados e tudo mais que o jogador pode precisar para conseguir vencer os assustadores níveis de dificuldade que o jogo tem à primeira vista (especialmente nas versões japonesas), tendo até mesmo um modo de invencibilidade caso você queira só conhecer mais as fases antes de encarar o desafio legit. Mas não se preocupe, todas as melhorias desativam troféus, então a platina exige que você realmente domine o jogo.

No geral, Gradius Origins é uma excepcional coletânea de jogos importantes não só para o seu próprio gênero, mas para a história dos videogames como um todo. Embora a coletânea não traga nenhum dos jogos pós-96 da série (que possivelmente virão em uma segunda coletânea), ela ainda é excelente e merece estar no radar dos jogadores por aquilo que ela traz de uma franquia tão emblemática e importante para a história da Konami.

Gradius Origins está disponível para PS5, Xbox Series, Switch e PC com legendas em português do Brasil nos menus. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Konami.

Veredito

Gradius Origins traz para o PS5 alguns dos mais importantes shmups horizontais da história, todos lançados entre os anos 80 e 90, com diferentes versões de cada título, além de uma série de novidades e extras que agradarão tanto aos novatos do gênero quanto, principalmente, aos fãs mais apaixonados por ele.

90

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