A Illfonic parece ter um certo apreço por pegar franquias conhecidas do cinema e conseguir adaptar de alguma forma para os jogos. Os mais recentes, Predator: Hunting Grounds e agora Ghostbusters: Spirits Unleashed, usam o poder das marcas e franquias criadas nas telonas e funcionam como títulos multiplayer que conseguem carregar a essência de sua origem.
Assim como 4 soldados numa selva tentando lutar contra um predador alienígena adapta bem o que é o material fonte, 4 caça-fantasmas contra um fantasma em um local assombrado também tem o mesmo efeito. Ghostbusters: Spirits Unleashed é entregue quase no mesmo estado que o último projeto do estúdio e, de forma muito similar, carrega os mesmos pontos positivos e negativos.
A fórmula é a mesma e já conhecida por todos que puderam aproveitar algo multijogador assimétrico. 4 jogadores, com mais limitação de jogabilidade, vão enfrentar um outro jogador que, normalmente, controla o que seria o vilão da partida, possuindo mais vantagens, porém refém da inferioridade numéricas.
Aqui a estrutura é a mesma, mas adianto que isso é feito com mais respeito ao material de origem do que foi observado em outros jogos que precisaram se adaptar para funcionar nos videogames. Crie seu personagem e customize como achar melhor com uma gama de opções de respeito. Em posse de seu equipamento, entre nas partidas com outros 3 jogadores para caçar o fantasma que assombra um dos 5 mapas do jogo.
O sucesso para os caça-fantasmas na missão consiste em eliminar todos os portais do mapa para impedirem que o fantasma possa renascer. Após isso, capturar no fim o fantasma antes que este assombre o local completamente. Para isso, jogadores vão usar utensílios clássicos dos filmes, como a mochila de próton e o canhão de raios, medidor PKE e a clássica armadilha de fantasma. O uso é tão básico quanto no filme, com o jogador precisando usar o medidor para encontrar o fantasma ou as fendas ocultas, o canhão de prótons para destruir a fenda ou acorrentar o fantasma e, por fim, a armadilha para capturar o fantasma aprisionado.
O outro lado da partida, jogando como o fantasma, o jogador precisa usar habilidades para assombrar o local e as pessoas ali. Dê vida a objetos inanimados ou assombre diretamente as pessoas para criar medo e essas fujam, fazendo com que uma barra de assombração seja preenchida e garantindo a vitória caso resista por um período sem ser capturado no fim.
Como disse, a mecânica é simples e não vai variar além disso. As partidas só são decididas pelo único resultado possível de cada lado e limitando assim possíveis táticas nos locais. A maior é o uso de equipamentos secundários para facilitar a captura ou encontrar alterações pelo mapa e customização do seu arsenal para pequenas mudanças, como uma armadilha que pode durar mais tempo quando aberta ou canhão de prótons que resiste mais ao aquecimento.
Infelizmente, essa customização é um tanto quanto limitada, principalmente para o fantasma. De toda forma, ambos os lados carecem de opções para mais dinâmica na jogabilidade e as variações são mínimas a ponto de realmente interferir em cada partida. Seja no nível máximo ou com os primeiros equipamentos e habilidades fantasmagóricas, as mecânicas de caçar e assombrar serão similares.
Se a franquia Ghostbusters também foi reconhecida pelo seu lado no humor, isso não falha aqui. É fácil afirmar que isso acontece menos do lado dos caça-fantasmas, mas jogar com o próprio fantasma é mais nítido nisso. Dar vida a objetos ou possuir alguns e ficar perambulando pelo mapa é algo que sempre vai acarretar em algumas risadas, mostrando que é mesmo divertido apoiar o lado do vilão aqui.
Essa parte também é reforçada pelo visual estilizado aqui. Seja nos mapas, personagens, NPC’s e nos fantasmas, o visual é representado por diversos efeitos e aparência despretensiosa, reforçando até mesmo o lado desinteressado da franquia em levar fantasmas e assombrações para uma visão mais sombria e aterrorizante.
Apesar disso, essa diversão assim acontece mais nas primeiras impressões e descobertas das mecânicas do jogo enquanto tudo é novidade, com o tempo, nem mesmo a campanha que está presente no título mantém isso. Essa, aliás, é apenas uma sucessão de cutscenes que vai acontecendo entre partidas na hub central do jogo. O foco realmente parece ser integrar os novos jogadores aos os 2 heróis clássicos presentes no título, Ray e Winston, e também apresentar um pouco do universo da franquia para novatos. No fim, a trama é tão rasa quanto uma poça e nada que impacte no desenvolvimento do jogo.
O progresso e evolução é ditado mais pelo nível do jogo e os desbloqueios que vão acontecendo nesse caminho, seja por equipamentos ou cosméticos. Como já dito, não há muita interferência na jogabilidade e, no fim, a sensação de evolução é baixa. Some a isso o conteúdo mais escasso e realmente ficamos com poucas opções para variar as partidas após as primeiras 3 ou 4 horas. Temos então 5 mapas, apenas um modo de jogo, progresso limitado e história sem impacto, criando assim uma versão de um título que tenta, mas não apresenta evolução.
O que é possível observar de positivo é o progresso da própria Illfonic com seu trabalho. Problemas de conexão e matchmaking presentes em Predator: Hunting Grounds já quase não existem aqui, assim como o crossplay que funciona bem. Ainda temos, como já mencionado algumas vezes, o respeito ao material original mantendo bem sua essência, mesmo que isso não se traduza para a jogabilidade no fim. É um produto que poderia ser mais e que entrega alguma diversão nas primeiras horas, mas demonstra também que a falta de profundidade é crucial para ser esquecido após isso.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Illfonic Inc.